10 jul, 2015
Cerca de 10% dos alunos do secundário nunca leram um livro até ao fim, revela um estudo realizado em 15 escolas secundárias do programa "Ler+Jovem", apresentado esta sexta-feira em Lisboa.
"No ensino secundário, num nível de ensino em que muitos pretendem aceder ao ensino superior, 10% dos alunos nunca leu um livro até ao fim. É um dado que nos deve pôr a pensar", diz à Lusa Leopoldina Viana, da Universidade do Minho e responsável pelo estudo.
O estudo decorre desde 2013 no âmbito da iniciativa "Ler+Jovem" e será apresentado esta sexta-feira à tarde, em Lisboa, no primeiro encontro nacional de escolas participantes neste programa.
A ideia é, segundo a responsável, perceber o que é que os alunos lêem, onde lêem e quais as suas preferências.
Globalmente, adiantou Leopoldina Viana, os alunos lêem e, desde que é feito o estudo, não se têm registado grandes variações em termos de leitura.
14% das famílias sem livros
O estudo revela ainda que 14% das famílias dos alunos participantes no inquérito não têm livros em casa e que um quarto dos alunos afirma que não gostava de ler em criança porque tinham dificuldade de compreender o que liam.
"É um dado importante para investir mais na compreensão da leitura nos anos iniciais", afirma Leopoldina Viana.
Leopoldina Viana manifesta ainda preocupação pelo facto de o professor como motivador de leitura aparecer em último lugar entre as motivações dos alunos para lerem. "Dá-nos a entender que há trabalho a fazer e que o professor tem que ter um papel mais activo nesta área."
A procura do conhecimento e de actualização são as principais motivações apontadas pelos alunos para ler, bem como a influência do grupo de amigos.
Os alunos do secundário lêem literatura sobretudo nos tempos livres e nas férias, conclui ainda o estudo, que revela, contudo, um "uso intensivo das bibliotecas escolares".
O livro continua a ser o suporte preferencial de leitura e, entre 2013 e 2014, registou-se uma diminuição do número de alunos que acede à internet e que tem computador.
"Provavelmente tem que ver com a crise e as dificuldades económicas", refere Leopoldina Viana.
Leopoldina Viana sublinha ainda que os alunos escolhem por vezes um tipo de literatura que não é aconselhada pela escola, o que leva os professores a pensarem que os alunos não são leitores.
"Há muitos jovens que lêem bastante, lêem um tipo de literatura que não é muito consagrada do ponto de vista académico e relativamente à qual os professores fazem tábua rasa. Se calhar é preciso que a escola pense nesta leitura e possa integrar este tipo de leitura para seduzir o leitor", disse.