12 mar, 2015 • Teresa Almeida
Portugal poderá ficar, a curto prazo, sem profissionais de engenharia suficientes para tornar possíveis as infraestruturas previstas no próximo quadro comunitário de apoio. O problema é particularmente agudo no caso da engenharia civil.
O alerta parte do presidente da secção Norte da Ordem dos Engenheiros, Fernando Almeida Santo, que, em declarações à Renascença, sustenta que, se nada for feito em contrário, a profissão de engenheiro será, em Portugal, uma profissão de imigrantes.
"É fácil perceber que no pacote de investimentos 2014-2020 há investimentos em ferrovias e portos, o que leva a perceber que vamos ter necessidade de engenheiros que não estamos a produzir”, avisa, completando: "Se isto assim continuar, vamos ter de ir buscar mão-de-obra qualificada ao estrangeiro”.
Fernando Almeida Santo diz que Portugal está a produzir um terço dos engenheiros civis de que vai precisar, pelo que é necessário que as faculdades portuguesas "produzissem entre 350 a 400 engenheiros", quando, nesta altura, "não estão a sair mais de 150 a cada dois anos”.
O desemprego e a necessária imigração para países com maior volume de obras neste tempo de crise, explicam, em parte, a pouca procura, mas o desinteresse prende-se também, para este responsável, com uma questão de "modas".
"O curso de engenharia não está na moda”, diz, avançando uma tese para o fenómeno: “Quando um aluno do secundário pensa 'eu quero ser um grande médico, ou arquitecto, ou músico', centra-se em si próprio. No caso da engenharia, essa individualidade dissipa-se".
Assim, o presidente da sessão Norte da Ordem dos Engenheiros defende a necessidade de "explicar aos mais novos que esta profissão é feita em equipa e que, dificilmente, serão reconhecidos individualmente".