07 jan, 2015 • Ricardo Vieira e Carla Caixinha
Os autores do atentado contra o jornal satírico francês “Charlie Hebdo” gritaram a frase “vingámos o profeta”, de acordo com testemunhas citadas pelo jornal “Le Parisien”.
Dois homens armados com uma metralhadora kalashnikov e um lança-rockets proferiram a mensagem durante o tiroteio que deixou a França em estado de choque. Estariam a referir-se ao profeta Maomé.
O “Charlie Hebdo” publicou em 2011 caricaturas de Maomé, que tinham saído originalmente nas páginas de um jornal dinamarquês. Um episódio originou uma grande polémica e ameaças por parte de fundamentalistas islâmicos.
Num comunicado, o Conselho do Culto Muçulmano em França condena o ataque, que descreve como “acto bárbaro contra a democracia”.
O atentado desta quarta-feira em Paris provocou, pelo menos 12 mortos, entre os quais dois agentes da polícia. Há oito feridos, quatro deles em estado grave.
O director e cartoonista de Charlie Hebdo, Stéphane Charbonnier, está entre os mortos, assim como outros famosos caricaturistas Cabu (Jean Cabut), autor das caricaturas de Maomé, Georges Wolinski e Tignous (Bernard Verlhac).
O ataque ainda não foi reivindicado. Os suspeitos conseguiram fugir e foi montada uma operação de caça ao homem.
As autoridades colocaram a cidade de Paris em alerta máximo face à possibilidade de novos atentados. Também segundo o jornal “Le Figaro”, todas as redacções de órgãos de comunicação na capital francesa vão ter protecção extra.
O carro utilizado pelos terroristas já foi encontrado e está a ser analisado por elementos da polícia científica de Paris.
As famílias das vítimas estão a receber apoio psicológico num edifício perto da sede do jornal “Charlie Hebdo” enquanto a polícia prossegue as investigações.
Europa e América solidárias
A chanceler alemã considera que o tiroteio em França não é somente um ataque contra os cidadãos franceses, mas também à liberdade de imprensa e de expressão. “Este acto abominável não é só um ataque contra a vida de cidadãos franceses e à sua segurança. Também é um ataque à liberdade de imprensa e de expressão, pilares da nossa cultura democrática”, declarou Angela Merkel garantindo que, “neste momento difícil”, a Alemanha está solidária com a França.
O primeiro-ministro britânico também já condenou o "revoltante ataque terrorista" contra jornal satírico francês. David Cameron manifestou a sua solidariedade com a França na luta contra o terrorismo. "Os assassínios cometidos em Paris são revoltantes. Estaremos ao lado do povo francês no combate contra o terrorismo e pela defesa da liberdade de imprensa", declarou.
Através da rede social Twitter, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, mostrou-se “profundamente chocado” com o atentado desta quarta-feira em França.
Também o Presidente norte-americano já anunciou que os Estados Unidos estão disponíveis para ajudar a França no que for preciso para encontrar os autores do ataque: “Estamos em contacto com os oficiais franceses e já orientei a minha administração para dar qualquer assistência que seja necessária para trazer estes terroristas à justiça”, disse Barack Obama em comunicado.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, condenou o atentado contra a sede do jornal satírico francês, considerando-o um “acto bárbaro” e um “intolerável ataque à liberdade de imprensa”.