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Cavaco e Barroso preferiam cautelar

04 mai, 2014

Cavaco comparou programa cautelar a uma "rede de segurança", mas o Governo dispensou-a.

Cavaco e Barroso preferiam cautelar

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, anunciou esta noite que Portugal vai sair do programa de ajustamento sem programa cautelar. A saída limpa tornou-se, nas últimas semanas, o cenário mais referido para a forma como Portugal entraria no período pós-troika. Mas muitos, incluindo o Presidente da República, tinham defendido as vantagens de um programa cautelar.

O "Financial Times" noticiou, a 1 de Maio, que o país teria uma saída sem apoio. A Renascença avançou, sábado, que a chanceler alemã, Angela Merkel, defendeu que não poderia haver programa cautelar.

O cautelar foi, contudo, defendido por várias personalidades, incluindo o Presidente da República, que viu vantagens nesta "rede de segurança", e o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso.

"O programa cautelar com certeza que garante mais confiança, mais segurança. À partida, será a melhor opção", disse Barroso em Janeiro.

Também em Janeiro, Cavaco Silva fez questão de dizer que um programa cautelar não equivaleria a um segundo resgate. "Um programa cautelar é qualquer coisa muito diferente e qualquer país que esteja sujeito a um programa de ajustamento, se o concluir com sucesso, pode beneficiar de uma linha de crédito que é como uma rede de segurança".

Em Março, no prefácio do livro "Roteiros VIII", o chefe de Estado reforçaria a sua convicção: "Ficando inteiramente à mercê da volatilidade dos mercados o país pode incorrer em custos de regressão elevados."

O ex-presidente da Câmara do Porto, o social-democrata, Rui Rio, também defendeu um programa cautelar – é uma questão de "prudência". Uma "saída limpa" seria como largar "um barquinho pequenino a remos no meio do oceano".

Também o ex-ministro das Finanças Fernando Teixeira dos Santos defendeu a opção pelo programa cautelar. "Falar-se em saída limpa é uma ilusão", disse em Março o antigo ministro de José Sócrates.

O presidente da Associação Portuguesa de Bancos, Faria de Oliveira, e a presidente do Conselho de Finanças Públicas, Teodora Cardoso, também se manifestaram a favor do programa cautelar.

Em Novembro do ano passado, o PS, pela voz do dirigente Eurico Brilhantes Dias, disse que, optando pelo programa cautelar, "o Governo deve assumir as suas responsabilidades". "Se o Governo tiver de negociar um novo pacote, não me parece que tenha reunidas as condições para o fazer em nome do país", declarou.

[Actualizada às 20h29. O primeiro-ministro anunciou a "saída limpa"]