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Maior plataforma de troca de soluções ajuda doentes de todo o mundo

07 fev, 2014 • Marta Grosso

O projecto chama-se “Patient Innovation” e é português. Tem entre os seus apoiantes e entusiastas dois prémios Nobel da Medicina. O objectivo é partilhar soluções para melhorar a vida dos doentes. O lançamento decorre esta tarde na Universidade Católica.

Maior plataforma de troca de soluções ajuda doentes de todo o mundo
Foi lançada esta sexta-feira, em Lisboa, a plataforma “Patient Innovation”, um espaço para doentes de todo o mundo partilharem soluções inovadoras para a sua doença.

“A ideia é juntar no mesmo espaço pacientes ou outras pessoas – por exemplo, cuidadores – que possam partilhar soluções que tenham desenvolvido e que funcionam para elas”, explica à Renascença o criador da plataforma, Pedro Oliveira.

Uns partilham, outros comentam e avaliam. O conhecimento distribui-se e espalha-se por todo o mundo.

“Assinámos protocolos de cooperação com associações de doenças da Austrália à Malásia, à Sérvia, ao Reino Unido, Croácia e Portugal e sabemos que muitas mais querem aderir”, diz Pedro Oliveira, investigador da Universidade Católica e do Massachussets Institute of Technology (MIT).

A mais-valia deste espaço é que as soluções apresentadas são automaticamente traduzidas para a língua do utilizador.

“Qualquer solução submetida em Portugal ou em português pode ser lida na Argentina em espanhol ou na Austrália em inglês. A grande vantagem é que consegue chegar a muito mais gente”, explica o promotor, sublinhando o carácter universal da “Patient Innovation”.

Nesta plataforma não entram medicamentos nem publicidade. As soluções partilhadas são desenvolvidas pelos próprios doentes (ou outros utilizadores), de modo mais ou menos intencional. São, por isso, inovadoras – até porque os doentes são os maiores interessados em melhorar a sua condição física.

A partilha de soluções e experiências é, sobretudo, importante no caso das doenças raras e crónicas, mas não só.

“Quando pensamos nas doenças raras, há tipicamente, em cada local, pouca gente. Se juntarmos todas as pessoas do mundo, já serão vários milhares e assim há um maior potencial para encontrar soluções que eventualmente funcionem. Por outro lado, nas doenças não raras, como a diabetes, também podemos chegar a muito mais gente”, explica Pedro Oliveira.

Em Portugal, há, para já, duas instituições associadas ao projecto: a Raríssimas e a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP). Mas muitas outras têm mostrado interesse em integrar o projecto, como a Andar, dedicada à osteoporose.

O papel destas instituições é divulgar a existência da plataforma aos doentes, de modo a que a partilha possa ser cada vez mais rica e valiosa.

O serviço é gratuito “e pode beneficiar doentes de qualquer doença em qualquer parte do mundo, desde que tenha acesso a um computador e à internet”, sublinha o investigador da Universidade Católica e do Massachussets Institute of Technology (MIT).

Apoios inesperados e valiosos
“Uma das coisas surpreendentes no desenvolvimento deste projecto foi o tipo de apoios que fomos tendo e que foram inesperados, como o apoio de instituições de doentes de todo o mundo e de vários prémios Nobel”, admite Pedro Oliveira.

“Temos um ‘advisory board’ com dois prémios Nobel e indivíduos que, não sendo prémios Nobel, são absolutamente impressionantes, notáveis da ciência de todo o mundo”, destaca, admitindo que o apoio destas personalidades ajudou a dar dimensão ao projecto.

“Por exemplo, o sir Richard Roberts, Prémio Nobel da Medicina, está muito empenhado”, tendo estado presente em várias reuniões em todo o mundo. Esteve também presente na cerimónia oficial de lançamento, na Universidade Católica de Lisboa.