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Quer ajudar a criar o primeiro quartel de bombeiros de Cantagalo?

08 set, 2015 • Liliana Carona

Cinco jovens São Tomé e Príncipe aprenderam a ser bombeiros em Portugal. Vão regressar a casa, já têm duas viaturas para socorrer a população, mas ainda não chega.

Quer ajudar a criar o primeiro quartel de bombeiros de Cantagalo?

Durante três meses, cinco jovens do distrito de Cantagalo, em São Tomé e Príncipe, estiveram na Serra da Estrela, a aprender a ser bombeiros. Quase de partida para o seu país, falta transporte para duas viaturas oferecidas e alguns equipamentos para que seja criada a primeira corporação de bombeiros de Cantagalo. Mecenas precisam-se.

Os cinco jovens são-tomenses aprenderam a ser bombeiros no âmbito de um protocolo com os Bombeiros Voluntários de Gouveia.

“Cantagalo tem uma população de 13.600 habitantes, não tem uma ambulância, nem um carro de fogo, estamos no século XXI e, desde a primeira hora, quando nos foi colocado pelo presidente da Câmara de Cantagalo a hipótese desta colaboração, vimos que seria importante dar um pouco do pouco que temos”, conta o comandante dos Voluntários de Gouveia, Carlos Soares.

Os cinco jovens nunca tinham visto tantas chamas, nem tinham estado tão perto de um fogo florestal como no início do mês de Agosto, quando foram ajudar ao combate do fogo que deflagrou na Serra da Estrela.

As emoções ficaram à flor da pele, recorda Rufino Lino, de 34 anos. “Ia no carro com o adjunto, uma temperatura alta, com fogo, e não conseguíamos passar, era muito complicado, se passássemos, acabava a vida”, lembra com consciência de que aprendeu muito nesse dia.

Wilson Paulino,32 anos, era taxista, agora vai ser bombeiro em Cantagalo. “Significa uma honra, que o distrito saia a ganhar com isso”, diz com esperança.

Silmer Santo, de 28 anos, fala sobre o que aprendeu em Gouveia. “Aquilo que não aprendi em São Tomé, como agarrar no cabo, desencarceramento, nível de socorro”, revela.

Os bombeiros de Gouveia ofereceram duas viaturas ao distrito de Cantagalo: uma ambulância de transporte de doentes e uma viatura ligeira de combate a incêndios. Ainda falta garantir o transporte das viaturas para São Tomé e alguns equipamentos.

O comandante Carlos Soares apela à solidariedade: “Eles irão embora no dia 10 de Setembro, mas ficam à espera de transporte para as duas viaturas para poderem começar ajudar a população de Cantagalo. Além disso vai fazer-lhes muita falta o equipamento de protecção individual, ficaremos à espera que algum mecenas apareça para nos ajudar”.

Os cinco bombeiros formados em Portugal ficarão na história do distrito de Cantagalo. Lá vão criar a primeira corporação. “Ser bombeiro não é ser herói, ser bombeiro é muito complicado”, conclui após a formação o novo soldado da paz Wilson Paulino.

[notícia actualizada às 19h10]