Abusos na Igreja. "Estamos a ganhar consciência de que é preciso mais acompanhamento ao clero"

O reitor do Seminário dos Olivais, padre José Miguel Barata Pereira, explica, em entrevista à Renascença, que formação de novos sacerdotes inclui, há vários anos, um acompanhamento psicológico.

08 fev, 2023 - 21:23 • Ana Catarina André



 Foto: Joana Bourgard/RR
Foto: Joana Bourgard/RR

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O reitor do Seminário dos Olivais, em Lisboa, padre José Miguel Barata Pereira, espera que o relatório final da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja Católica, que será conhecido na segunda-feira, dia 13, “possa trazer passos de continuidade”.

O sacerdote explica, em entrevista à Renascença, que a formação de novos sacerdotes inclui, há vários anos, um acompanhamento psicológico. Durante esse período, procura perceber-se, por exemplo, se os futuros padres “sabem lidar com a autoridade” e se têm traços narcísicos ou sentimentos de impunidade que poderão estar na origem de futuros abusos de poder.

Desde a cimeira sobre abusos, convocada pelo Papa Francisco em 2019, o que tem mudado nos seminários?

Relativamente a 2019 não sei dizer, porque havia um processo que vinha de trás. Aqui em Lisboa, por exemplo, desde há 20 anos que temos acompanhamento regular, apoio de psicologia e psicoterapia para os seminaristas desenvolverem uma inteligência emocional na compreensão dos seus sentimentos, afetos, história pessoal e relacional no seio da família, etc... o que faz com que todas estas questões vão aparecendo, seja ao nível do acompanhamento terapêutico, da direção espiritual, do diálogo com os outros formadores.

Depois há também as questões da formação na área da antropologia, da antropologia do amor, da antropologia da vocação e os ritmos do que é o amadurecimento psicoafetivo para os compromissos, sejam conjugais ou celibatários.

Portanto, há todo este trabalho que neste milénio ganhou uma atenção muito maior, acompanhando todo o ambiente cultural, que foi ganhando também maior consciência para algumas questões socialmente existentes, mas que são graves e têm de ser erradicadas, como a questão dos abusos.

Como é que vão acompanhando individualmente os 57 seminaristas que aqui vivem?

Um ou outro formador tem frequentado ações de formação neste campo da antropologia e dos afetos, e da compreensão da personalidade humana com questões de teologia e psicologia.

Nós também, nomeadamente eu, no contacto com a psicóloga que apoia e acompanha o seminário, no respeito por aquilo que é a deontologia profissional em relação ao segredo de cada um, mas muitas vezes sou "brifado" pela psicóloga sobre como é que se há de reparar determinados aspetos de traços de personalidade, não apenas na área afetiva ou dos possíveis abusos, mas nos traços de personalidade: narcisismo, psicopatia, transtorno obsessivo compulsivo, ou traços de personalidade que possam estar associados a algum desequilíbrio do ponto de vista emocional.

Por exemplo, saber lidar com a autoridade, a autoestima, as dependências ou a universalização das relações, tudo isso podem ser indícios de que uma pessoa depois exerce sobre o outro ascendente, sabe ou não sabe lidar com a autoridade, com o domínio ou com a impunidade. E todas estas questões nós vamos aprendendo no acompanhamento diário e personalizado.


Este acompanhamento psicológico é para todos?

A entrada no seminário tem sempre uma bateria de testes de personalidade, para perceber se logo ali há algum indício de alguma atenção. Isso é para todos, mas é pontual.

Depois, o resto vai aparecendo ao nível do acompanhamento na direção espiritual. Vão-se identificando áreas da personalidade, ou da história inter-relacional, muitas vezes ligadas com a situação familiar que possam aconselhar, ou não, a revisitar a sua história, para depois melhor estruturar a maturidade e o crescimento.

Quando o próprio está convencido que pode ser bom ter acompanhamento psicoterapêutico, pode tê-lo. Não é obrigatório, e, volto a dizer, não só na área dos abusos ou de alguma patologia.

O clericalismo tem sido apontado como uma das causas dos abusos. Como é que isso se vai combatendo, atendendo a que, muitas vezes, são as pessoas nas paróquias que alimentam esse mesmo clericalismo?

Tem de ser a dois níveis: primeiro o da consciência teológica, teórica, de reflexão do que é a Igreja enquanto povo de Deus, enquanto comunhão dos batizados com diferentes carismas e ministérios, e não apenas delegação dos padres que têm a responsabilidade de mandar e depois, quando não conseguem chegar a todo o lado, delegam nos outros.

Em casa, eles têm todos áreas de serviço que lhes estão confiadas. Aqui não são os padres que mandam em tudo. Nós procuramos que também dentro de casa eles percebam que há coisas que estão confiadas à participação plural de pequenas equipas de trabalho. Às vezes, eles dizem: "senhor reitor, diga lá". Eu não tenho de decidir tudo.

"Eles vão lá aprender com quem está lá, vive e constrói a comunidade e faz. Procuramos que eles façam este trabalho em equipa. Isto é uma área de combate do clericalismo."

Depois na formação pastoral, todos eles, a partir do 3º ano, têm formação em paróquias. Eles não vão para lá para ser os atores que têm coisas para fazer. Eles vão lá aprender com quem está lá, vive e constrói a comunidade e faz. Procuramos que eles façam este trabalho em equipa. Isto é uma área de combate do clericalismo.

Outra maneira de combater o clericalismo ainda é tentar formar em atenção a estes traços de personalidade de que falava há pouco, do narcisismo, de terem uma corte à sua volta, relações fechadas e de corte ou algum sentimento de "aqui quem manda sou eu", combater essas apetências, que possa haver. Ou então de impunidade: "ah, eu fiz um disparate, mas não tem problema". Se se deixa que isto se torne um hábito, depois pode acontecer em coisas grandes.


 

Isso pode ser um motivo para que um seminarista seja convidado a sair da instituição?

Cada coisa per si não. Se isto forma uma personalidade que, ao longo dos anos, não nos dá indícios seguros de alguma transformação, pode ser. Por isso, às vezes o seminário não é compreendido. Porque é que um seminarista esteve cá até ao quarto, quinto ano e depois não é ordenado? Às vezes parece que a única razão será um problema moral ou de abuso. Não é.

Pode ser nesta área da estruturação da personalidade, em termos de interrelações e relação com a autoridade, mas às vezes pode ser o contrário. Pessoas que não são capazes de enfrentar a autoridade, de enfrentar a rejeição, a adversidade e por isso se encolhem e se submetem. Deixam que, mesmo aquilo que acham que está mal, deixa andar.

Todas estas coisas nós procuramos ir trabalhando e aprendendo a construir uma personalidade equilibrada. Sabendo - e é importante dizer isto – que uma personalidade equilibrada não é uma personalidade imaculada e que não é ordenado só quem é perfeitinho, porque isso não existe.

Muitos destes traços só se manifestam após a ordenação, quando saem de uma comunidade protegida, como a do seminário, e vão para uma paróquia onde estão mais vulneráveis.

Sim e não. É verdade que há coisas que foram identificadas, trabalhadas e deram sinais de evolução, de amadurecimento, de superação, que depois às vezes, nas tensões da vida quotidiana e da vida do ministério, podem regredir. Mas também é preciso perceber que o seminário não é assim uma comunidade tão protegida quanto isso.

Antes de irmos a esse tema, como é que avalia o acompanhamento que é dado aos padres?

Acho que estamos a ganhar progressivamente mais consciência de que é preciso mais acompanhamento ao clero e que a formação permanente, além da dimensão teológica, pastoral, também precisa de ser no cuidado da vida fraterna e das relações de fraternidade, e até no lidar com as tensões normais psicoemocionais.

"Estamos a ganhar progressivamente mais consciência de que é preciso mais acompanhamento ao clero."

Vemos que os nossos adultos também têm indícios de depressão, de burnout, de isolamento, etc. Os padres não são imunes a isto, mesmo que tenham uma vida espiritual cuidada e alguns horizontes de uma vida de fé mais provada. Estas realidades humanas coexistem e às vezes acontecem com abanões sérios. Portanto, parece-me que os presbitérios, entre os quais o presbitério de Lisboa, vão tomando consciência de uma necessidade de maior atenção, mas há passos ainda a dar aí.

De facto, estamos um bocadinho dependentes da atenção que determinado padre tenha ao seu irmão próximo, e às vezes faz falta mais. Os bispos auxiliares também às vezes manifestam essa atenção, mas faz falta encontrarmos formas mais estruturadas e mais insistentes desse acompanhamento, parece-me que sim. Também sem cair no extremo oposto que é, a dada altura, quase estar à espera sempre que seja um acompanhamento externo que venha ajudar-me. E eu não ganho resiliência, nem capacidade de enfrentar aquilo que são as dinâmicas próprias da vida, das relações que todos temos.



Não há também a tentação do próprio padre achar que não tem necessidade de partilhar os seus problemas com outras pessoas?

Pode haver. A experiência que tenho é que quando há espaços de partilha - sobretudo se forem [entre] padres -, nós partilhamos. Não é com todos, mas com um ou dois. Alguns mantêm uma direção espiritual cuidada, outras vezes esquecem-se disso. Alguns têm algumas relações dentro do presbitério de uma fraternidade mais próxima, outros esquecem-se disso.

Às vezes também acontece que o padre sinta que os leigos nestas matérias não são interlocutores imediatos. Porquê? Porque há compreensões e vivências que são distintas. Na questão da solidão, às vezes vejo os leigos efetivamente preocupados com a questão da minha possível solidão. Mas vejo a dificuldade que é eles perceberem que eu tenho formas de viver a solidão diferentes das formas de eles viverem a solidão.

"A experiência que tenho é que quando há espaços de partilha - sobretudo se forem [entre] padres -, nós partilhamos."

A questão é sempre se essa solidão é sentida pelo próprio como abandono ou presença de Deus.

Isso mesmo. Agora as dinâmicas de uma solidão habitada, num casal com um, dois ou muitos filhos e com vida social e profissional, etc, há de ser diferente da solidão habitada de um celibatário, de um padre com uma comunidade e com uma casa, onde pode viver sozinho ou com outros irmãos padres.

Hoje temos as duas situações, temos padres que continuam a desejar viver na sua casa paroquial sozinhos, e outros para quem é muito importante viver com outros irmãos padres. Agora, é preciso é que nas situações de crise ou dificuldade ninguém fique sozinho.

Falava há pouco da preocupação que os leigos possam ter com uma possível solidão sua...

Preocupam-se, porque às vezes veem padres sozinhos que manifestam essa tensão. O que eu sinto às vezes é que as respostas que eles acham que nós precisamos nem sempre são aquelas que nós precisamos, porque a forma de viver, de lidar e de superar são diferentes. Os estados de vida são diferentes, os horizontes de relação são diferentes.



O que é que pode ser aí específico?

Uma coisa, por exemplo, que procuro dizer é que nós não renunciamos à esponsalidade. Faz parte da estrutura humana, da identidade e da relação este apelo a ser esposo ou esposa. O que acontece é que alguns realizam-no na conjugalidade, na forma do casamento, e outros realizam-no noutra forma não conjugal. A que título? No cuidado e no ser cuidado, no ser fecundo, no sentido de terem de comunicar vida que brota de si para os outros.

Não é só uma questão espiritual e muito menos aérea. É, de facto, como é que à minha volta as relações ganham mais densidade, mais beleza, mais alegria, mais profundidade, mais generosidade, porque vivo a vida como um dom e acolhimento. Aquelas formas que uma vida conjugal, uma vida marital de marido e mulher pede, são diferentes. Não é só a questão sexual, genital, é mesmo o projeto de vida em comum, a construção do lar, as atenções ou as prioridades nessa construção que são diferentes de quem vive isso de uma forma virginal, consagrada, de paternidade espiritual ou de fraternidade religiosa, por exemplo, no caso dos conventos.

Mas pode ter a experiência de chegar a casa, sentir um vazio e não ter ninguém com quem partilhar essa angústia?

Pode. E isso pode ser um drama, se me fechar, ou uma oportunidade de eu, com outros irmãos padres, partilhar isso. E saber se a minha oração é apenas para compensar o vazio que tenho, ou se é para me refundar num encontro.

"Precisamos de parar e fazer um exercício espiritual. Às vezes, sozinhos, não damos conta disto. Importa se [nós padres] somos sensíveis uns aos outros."

Isso também depende do cuidado que nós, padres, também temos com a nossa vida espiritual, e às vezes, o ritmo, o tempo, a correria, etc… faz com que descuidemos isto e a coisa fique um bocadinho mais arrefecida, e depois a oração é só para cumprir, ou para consolar ou compensar. Isso não pode ser.

Precisamos de parar e fazer um exercício espiritual. Às vezes, sozinhos, não damos conta disto. Importa se [nós padres] somos sensíveis uns aos outros. ‘Aquele não aparece, aquele está muito metido com ele, aquele está sempre irritado, deixa cá visitá-lo, ver o que se passa com ele’. Estas realidades quando existem, estruturam-nos e ajudam-nos a viver felizes a nossa inter-relação nos moldes da consagração.

Às vezes, podem acontecer momentos em que passamos por alguma crise, alguma dificuldade ou então que nos descuidemos e comecemos a procurar alternativas e compensações. Mas isso é o drama, que acontece também na vida de casal. Muitas vezes, o casal é capaz de se entender mutuamente e ir ao encontro das dificuldades, outras vezes não.

Voltando à questão da formação, qual é que deve ser o equilíbrio entre uma vida de seminário mais recatada e a necessidade de estar no mundo e perceber os problemas das pessoas?

Procuramos que a vida de seminário lhes dê ambiente para estruturar uma profundidade viva, onde as questões vão até ao fundo. Que não fiquem ao nível da superfície, da primeira impressão, do gosto, não gosto, sinto, não sinto, mas que essas realidades sejam integradas descendo à raiz das coisas e que seja também à luz da fé e da vida espiritual, da vida em Deus, da relação com Deus, que as coisas possam olhadas nos seus desafios e fragilidades, mas também nas suas possibilidades e potencialidades.

Também há uma coisa que é preciso perceber: a fragilidade faz parte da vida. Às vezes, passamos a vida a tentar fugir da fragilidade e da dor. Nós não somos apologistas da dor, a vida cristã não é apologista da dor, mas não foge dela, não teme a dor. Vence a dor, enfrenta a dor com Nosso Senhor. Quem diz a dor física, diz a dor relacional, emocional, moral e espiritual. Bem, nós procuramos que haja espaço para isto na vida espiritual, no desenvolvimento humano, na maturação humana e nas relações próprias de uma vida comunitária. Às vezes parece que eles estão lá fechados. Para muitos deles, vir para o seminário foi a experiência de uma fraternidade que nunca tiveram.


Foto: Joana Bourgard/RR
Foto: Joana Bourgard/RR

O ritmo acelerado das sociedades modernas e as questões atuais, entre as quais a prevenção de abusos, podem levar a mais mudanças na formação?

A formação procura estar atenta às necessidades do tempo. Às vezes há um bocadinho a ideia de que o seminário é o mesmo desde há 400 anos. Não é verdade. O seminário foi mudando ao longo destes 450 anos, desde que foi pensado até agora. E mesmo o Seminário dos Olivais, que faz este ano 92 anos, foi evoluindo, foi-se transformando.

Hoje há maior consciência da dimensão comunitária, a iniciação pastoral a partir do terceiro ano, a presença num campus universitário com outros e o que se faz, às vezes, de participação em algumas atividades… claro que eles não têm uma vida académica, como se estivessem em casa, porque têm outros ritmos de formação, mas participam em algumas atividades académicas, culturais, eclesiais ou sociais de relevo. Têm Internet e redes sociais. Claro que procuramos que se eduquem para isso.

Voltando mais especificamente ao tema dos abusos, como é que no seminário há uma preocupação de prevenir estas situações?

Há uma atenção muito maior a estas questões, a indícios que possa haver e também há uma sensibilidade maior das pessoas, que se possam sentir desconfortáveis com algum uma atenção demasiada, para falar destas coisas.

Uma das dimensões muito importantes é a relação de confiança. Se nós criarmos relações de confiança, as pessoas abrem-se e falam. Não é como nos seminários antigos, com comunidades com cento e tal, duzentos seminaristas, e em que o formador, por muito atento que fosse, era muitas vezes distante dos miúdos. Não é nada disso que temos aqui. Creio que hoje há, de facto, uma maior capacidade de falar das coisas que se vão vivendo e sentindo.

"Uma das dimensões muito importantes é a relação de confiança. Se nós criarmos relações de confiança, as pessoas abrem-se e falam."

Não tenho experiência de que tenha havido abusos, porque sinto que não se chega aí. Na experiência de seminário que tive não se chega sequer aí.

No verão passado, alguns padres relataram a experiência de se sentirem na obrigação de refrear muito mais os seus gestos...

Algumas coisas podem ser positivas, outras podem trazer algum excesso e há um reequilíbrio que é preciso voltar a ganhar. Dou um exemplo: hoje em dia, não se recebe alguém em confissão, fechado numa sala. Um dirigente não dá boleia a menores sozinho. Por outro lado, a dada altura perde-se alguma normalidade do que é um abraço, etc., e às tantas já temos medo que isso vá ser mal interpretado. Por isso, é preciso voltar a encontrar o equilíbrio e eu acho que vamos lá chegar.

O que espera que o relatório da comissão independente possa trazer à Igreja?

Espero que possa trazer passos de continuidade nas intenções que levaram a pedir este este relatório. O conhecimento do que efetivamente se passou, as condições que precisam de ser mais atendidas para evitar que se repitam situações destas, a implementação dos sistemas de proteção e cuidado para podermos estar mais atentos, e também uma clarificação da compreensão de que muitas destas situações têm de ser lidas no seu enquadramento social, há 50 anos e hoje. E que o exemplo que a Igreja está a dar, de querer conhecer a sua história, que esse exemplo também possa ajudar a sociedade a dar passos largos nesse sentido, porque as questões não vão ficar resolvidas com o relatório, nem as coisas se resolvem apenas com algumas transformações dentro da Igreja. Que a Igreja possa também aí ser motor e animadora daquilo que a sociedade possa precisar de fazer também.

Como é que se pode ajudar as comunidades na dor e tristeza que estes casos de abuso provocam?

Nós não podemos condescender com o pecado. O pecado é para combater, mas temos de compreender que os pecadores caem e depois é preciso ajudar a que se levantem. Claro que a primeira atenção tem de ser com as vítimas, com os que sofrem a consequência do pecado.

"O pecado é para combater, mas temos de compreender que os pecadores caem e depois é preciso ajudar a que se levantem."

Por isso é que o levantar do pecado também tem uma necessária reparação e é preciso que a Igreja dê passos de reparação. O que houver a reparar e puder ser reparado, é preciso também decidir ativamente nessas circunstâncias. Não sei se são indemnizações, não sei....

A reparação é necessária. Mas depois, além da reparação, também a compreensão para com as vítimas e para com a necessária regeneração de quem tenha caído. Criar condições para que não se voltem a repetir situações favoráveis, todo o combate ao clericalismo, a um autoritarismo impune, às corrupções que o poder sempre faz em todas as áreas e, portanto, também nesta.

O mundo ideal não existe. É uma utopia. Só vale enquanto provocação para melhorarmos, para crescermos, mas não para depois nos desiludirmos porque ele não existe.


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