Escrito para crentes e não-crentes, “Metamorfose Necessária” aborda também a relação do autor com São Paulo. No segundo capítulo, por exemplo, Tolentino Mendonça conta que, quando era adolescente, havia na coleção das Seleções do Reader’s Digest uma rubrica intitulada “O meu tipo inesquecível”.
“Consistia num retrato de alguém que se tinha tornado um mestre inesperado; alguém suficientemente comum e excêntrico, sábio e desconcertante, afoito e afetuoso para se afirmar como uma referência maior”, escreve. “Muitas vezes penso em Paulo como esse ‘tipo inesquecível’”.
Valorização das fontes de inspiração
Ainda no prólogo, o antigo bibliotecário e arquivista da Santa Sé alerta para a “preguiçosa perceção cultural hoje instalada” que “não imagina que se possa associar ao campo religioso a responsabilidade por ideias que fizeram objetivamente avançar o mundo”.
E acrescenta: “O desconhecimento do impacto civilizacional que uma visão religiosa da vida chega a alcançar é uma questão que toca a todos, pois a iliteracia representa hoje um problema mais transversal do que se supõe. A qualidade do nosso futuro comum passa, porém, pela valorização mútua das nossas fontes de inspiração, pela curiosidade em conhecer o mundo ao qual pertencemos e pela ousadia de tecer interseções com o mundo dos outros.”