“Metamorfose Necessária”, o novo livro do cardeal Tolentino sobre “um dos homens mais inovadores” no mundo

No ensaio, que chega esta quinta-feira às livrarias, o biblista e poeta propõe a crentes e não crentes uma redescoberta do apóstolo São Paulo. “Um pensador como Paulo de Tarso interessa a todos, nem que seja porque se revelaria impossível compreender a história do Ocidente (…) sem o impacto da sua palavra”, escreve.

10 nov, 2022 - 06:36 • Ana Catarina André



Foto: Ana Catarina André/RR
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Chama-se “Metamorfose Necessária” e é um ensaio sobre a vida e a obra de Paulo de Tarso, o apóstolo que “chega à escrita por necessidade” e se torna “um dos autores fundamentais do património espiritual e filosófico da humanidade”. O novo livro do Cardeal José Tolentino Mendonça, que chega às livrarias esta quinta-feira, dia 10, descreve, nas palavras do autor, “um dos homens mais inovadores e que mais ideias trouxeram ao mundo”.

“Um pensador como Paulo de Tarso interessa a todos, nem que seja porque se revelaria impossível compreender a história do Ocidente (dos pontos de vista da espiritualidade, da filosofia, da teoria política, dos estudos da cultura…) sem o impacto da sua palavra”, escreve no prólogo, o recém-nomeado prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação da Santa Sé. “Conhecermos São Paulo equivale também a conhecermo-nos melhor a nós próprios”, garante.

Muitas vezes penso em Paulo como esse ‘tipo inesquecível’

Foto: Maria Costa Lopes/RR
Foto: Maria Costa Lopes/RR

Escrito para crentes e não-crentes, “Metamorfose Necessária” aborda também a relação do autor com São Paulo. No segundo capítulo, por exemplo, Tolentino Mendonça conta que, quando era adolescente, havia na coleção das Seleções do Reader’s Digest uma rubrica intitulada “O meu tipo inesquecível”.

“Consistia num retrato de alguém que se tinha tornado um mestre inesperado; alguém suficientemente comum e excêntrico, sábio e desconcertante, afoito e afetuoso para se afirmar como uma referência maior”, escreve. “Muitas vezes penso em Paulo como esse ‘tipo inesquecível’”.

Valorização das fontes de inspiração

Ainda no prólogo, o antigo bibliotecário e arquivista da Santa Sé alerta para a “preguiçosa perceção cultural hoje instalada” que “não imagina que se possa associar ao campo religioso a responsabilidade por ideias que fizeram objetivamente avançar o mundo”.

E acrescenta: “O desconhecimento do impacto civilizacional que uma visão religiosa da vida chega a alcançar é uma questão que toca a todos, pois a iliteracia representa hoje um problema mais transversal do que se supõe. A qualidade do nosso futuro comum passa, porém, pela valorização mútua das nossas fontes de inspiração, pela curiosidade em conhecer o mundo ao qual pertencemos e pela ousadia de tecer interseções com o mundo dos outros.”


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