Imagens da visita de "penitência" do Papa Francisco ao Canadá

Francisco está no Canadá para se encontrar com os povos indígenas que sofreram, no passado, abusos em escolas católicas.

28 jul, 2022 - 20:49 • Redação



Papa Francisco durante a missa no Commonwealth Stadium, em Edmonton. (26/06/222) Foto: Ciro Fusco/EPA
Papa Francisco durante a missa no Commonwealth Stadium, em Edmonton. (26/06/222) Foto: Ciro Fusco/EPA

O Papa Francisco está no Canadá para uma visita de "penitência", como o próprio a definiu. O objetivo da viagem de uma semana é reconciliar a Igreja com as comunidades indígenas que sofreram abusos em escolas residenciais.

Em março, representantes dos três grandes grupos de povos indígenas foram ao Vaticano partilhar com o Papa Francisco as feridas que estas comunidades carregam. O Sumo Pontífice decidiu iniciar "um caminho penitencial".


Francisco cumprimenta a Vaticanista da Renascença, Aura Miguel, que o acompanha na viagem para o Canadá. (24/07/2022) Foto: DR
Francisco cumprimenta a Vaticanista da Renascença, Aura Miguel, que o acompanha na viagem para o Canadá. (24/07/2022) Foto: DR

Na viagem de avião para o Canadá, o Papa Francisco aproveitou para cumprimentar a Vaticanista da Renascença, Aura Miguel, que já acompanhou mais de 100 viagens do Santo Padre.


Quando chegou ao aeroporto de Edmonton, no Canadá, Francisco foi saudado por membros da comunidade indígena. (24/07/2022) Foto: Ciro FuscoEPA
Quando chegou ao aeroporto de Edmonton, no Canadá, Francisco foi saudado por membros da comunidade indígena. (24/07/2022) Foto: Ciro FuscoEPA
Entre a comitiva de boas-vindas, estava uma das vítimas dos abusos nas escolas católicas. Francisco beijou-lhe a mão. (24/07/2022) Foto: Ciro Fusco/EPA
Entre a comitiva de boas-vindas, estava uma das vítimas dos abusos nas escolas católicas. Francisco beijou-lhe a mão. (24/07/2022) Foto: Ciro Fusco/EPA


No primeiro dia da visita ao Canadá, Francisco deslocou-se a Maskwacis, na província de Alberta, onde se encontram as reservas das tribos indígenas Métis e Inuit.

Recebido pelos chefes-anciãos das principais comunidades, o Papa dirigiu-se ao cemitério para rezar, em silêncio, pelas vítimas das escolas comunitárias.


Francisco reza em cemitério na reserva indígena de Maskwacis. (25/07/2022) Foto:Ciro Fusco/EPA
Francisco reza em cemitério na reserva indígena de Maskwacis. (25/07/2022) Foto:Ciro Fusco/EPA

Durante a tarde, houve uma cerimónia com as comunidades indígenas. O Papa foi recebido com uma "dança de cura e reconciliação".

Está connosco, como prometeu”, disse um líder das "Primeiras Nações" no discurso de boas-vindas ao Santo Padre.

A intervenção de Francisco ficou marcada pela emotividade com que o líder da Igreja Católica se dirigiu a estes povos, onde reconheceu que "as consequências globais das políticas ligadas às escolas residenciais foram catastróficas".

Aos povos nativos do Canadá que foram oprimidos no passado, o Papa pede "humildemente perdão pelo mal cometido por tantos cristãos".


Mulher indígena canta durante a cerimónia com o Papa Francisco, na reserva de Maskwacis. (25/07/2022) Foto: Adam Scotti/Reuters
Mulher indígena canta durante a cerimónia com o Papa Francisco, na reserva de Maskwacis. (25/07/2022) Foto: Adam Scotti/Reuters
Membros de comunidades indígenas circulam num carro de golfe antes da chegada do Papa Francisco a Maskwacis. Foto: Aura Miguel/RR
Membros de comunidades indígenas circulam num carro de golfe antes da chegada do Papa Francisco a Maskwacis. Foto: Aura Miguel/RR


Papa utiliza cocar indígena, oferecida por um dos líderes das "Primeiras Nações". (25/07/2022) Foto:Todd Korol/Reuters
Papa utiliza cocar indígena, oferecida por um dos líderes das "Primeiras Nações". (25/07/2022) Foto:Todd Korol/Reuters

No segundo dia da sua visita ao Canadá, dedicado à comunidade católica, o Papa reuniu-se com os membros da comunidade paroquial de Edmonton, a Igreja do Sagrado Coração.

A cerimónia teve lugar no Commonwealth Stadium, em Edmonton, onde Francisco foi recebido com cânticos tradicionais indígenas, como forma de agradecimento pela sua presença.


O Santo Padre a chegar ao Commonwealth Stadium, em Edmonton. Francisco foi recebido por uma grande multidão. (26/07/2022) Foto: Ciro Fusco/EPA
O Santo Padre a chegar ao Commonwealth Stadium, em Edmonton. Francisco foi recebido por uma grande multidão. (26/07/2022) Foto: Ciro Fusco/EPA
Francisco abençoa criança da comunidade paroquial da Igreja do Sagrado Coração, em Edmonton. (26/07/2022) Foto: Amber Bracken/Reuters
Francisco abençoa criança da comunidade paroquial da Igreja do Sagrado Coração, em Edmonton. (26/07/2022) Foto: Amber Bracken/Reuters


O Sumo Pontífice durante a missa no Commonwealth Stadium, em Edmonton. (26/07/2022) Foto: Ciro Fusco/EPA
O Sumo Pontífice durante a missa no Commonwealth Stadium, em Edmonton. (26/07/2022) Foto: Ciro Fusco/EPA
Mulher indígena assiste, com emoção, ao discurso do Papa Francisco, em Edmonton. (26/07/2022) Foto: Amber Bracken/Reuters
Mulher indígena assiste, com emoção, ao discurso do Papa Francisco, em Edmonton. (26/07/2022) Foto: Amber Bracken/Reuters


“Alegra-me ver que nesta paróquia - para onde confluem pessoas das diferentes comunidades das Firts Nations, dos Métis e dos Inuit, juntamente com população não indígena da localidade e diversos irmãos e irmãs imigrantes - tal trabalho já começou. Eis uma casa para todos, aberta e inclusiva como deve ser a Igreja”, sublinhou Francisco no seu discurso.

O Papa lembrou que Deus "sempre ama, liberta e deixa livres", e que as atitudes preconceituosas e discriminatórias não fazem parte da educação cristã.

Para Francisco, o respeito pelo legado de quem nos precedeu, é fundamental. O Santo Pontífice aproveitou também para dedicar as suas palavras aos idosos e aos avós.


Durante a tarde, Francisco peregrinou até ao Lago de Sant’ana. Foto: Guglielmo Mangiapane/Reuters
Durante a tarde, Francisco peregrinou até ao Lago de Sant’ana. Foto: Guglielmo Mangiapane/Reuters

Na terça-feira à tarde, o Papa Francisco peregrinou até ao Lago Sant'Ana, em celebração do dia de São Joaquim e Sant'Ana, os avós de Jesus. Para muitos indígenas, mergulhar nas águas do 'Lago de Deus' é um ritual sagrado.

O Papa, acompanhado pelos líderes indígenas, rezou à beira da água do Lago Sant'Ana. No fim da homília da Celebração da Palavra, Francisco relembrou o "quão preciosos" são os cristãos.

Em entrevista à vaticanista da Renascença, Aura Miguel, o chefe índio Tony Alexis disse estar grato pela visita de Francisco, enaltecendo que se trata de "um sinal de respeito pelas nossas tradições, língua e cultura".


Papa acompanhado pelos líderes indígenas, na sua peregrinação ao Lago de Sant
Papa acompanhado pelos líderes indígenas, na sua peregrinação ao Lago de Sant'Ana, em Alberta. (26/07/2022) Foto: Vatican Media/EPA
Francisco a rezar à beira da água do Lago Sant
Francisco a rezar à beira da água do Lago Sant'Ana. (26/07/2022) Foto: Vatican Media/Reuters


Francisco abençoou o Lago Sant
Francisco abençoou o Lago Sant'Ana, em Alberta. (26/07/2022) Foto: Amber Bracken/Reuters

Cumprindo a segunda etapa da sua viagem ao Canadá, o Papa chegou à cidade do Québec na quarta-feira. Foi ali, numa das cidades mais antigas do país, que Francisco se encontrou com as autoridades civis e com os representantes das comunidades indígenas.


Papa no Canadá - Francisco com o primeiro-ministro Justin Trudeau e a governadora geral Mary Simon (27/07/2022) Foto: Vatican Media/Reuters
Papa no Canadá - Francisco com o primeiro-ministro Justin Trudeau e a governadora geral Mary Simon (27/07/2022) Foto: Vatican Media/Reuters

Durante o discurso, o Papa teceu críticas às "colonizações ideológicas" e à "cultura do cancelamento", e renovou o "pedido de perdão" às populações indígenas.

“É preciso saber olhar – como ensina a sabedoria indígena – para as gerações futuras, e não para as conveniências imediatas, prazos eleitorais ou apoio dos lóbis. É preciso também valorizar os desejos de fraternidade, justiça e paz das jovens gerações”, afirmou.

A dois dias do fim da sua viagem apostólica ao Canadá, o Papa visitou o Santuário Nacional de Sainte Anne de Beaupré, que é considerado o local mais antigo de peregrinação da América do Norte.

Um dos momentos que marcou o discurso de Francisco foi um alerta que o líder proferiu sobre o "cuidado com a tentação da fuga”, porque, “não há nada pior, perante os fracassos da vida, do que fugir para não os enfrentar”.


Papa Francisco preside à eucaristia no Santuário Nacional de Sainte Anne de Beaupré, no Québec. (28/07/2022) Foto: Ciro Fusco/EPA
Papa Francisco preside à eucaristia no Santuário Nacional de Sainte Anne de Beaupré, no Québec. (28/07/2022) Foto: Ciro Fusco/EPA

Na última etapa da visita "penitencial" ao Canadá, na sexta-feira, Francisco dirigiu-se ao encontro da maior comunidade dos Innuit, em Iqaluit, capital de Nunavut.

Na terra de igloos e de esquimós, o Papa encontrou-se em privado com um grupo de alunos sobreviventes das antigas escolas residenciais. Depois da reunião, reforça o pedido de perdão "pelo mal que cometeram não poucos católicos nestas escolas, contribuindo para as políticas de assimilação cultural", e ainda agradeceu aos sobreviventes pela "coragem" das suas partilhas.

De seguida, encontrou-se com jovens e idosos da comunidade indígena inuit, a quem garantiu total empenho no caminho de reconciliação que está a ser feito. Aos mais novos da comunidade, fez um apelo: "Quero dizer-te a ti, irmão e irmã jovem: tu és a resposta, não só porque se te rendes já perdeste, mas porque o futuro está nas tuas mãos", disse o Santo Padre.


Francisco encontra-se com índigenas, em Nunavut. (29/07/2022) Foto: Ciro Fusco/EPA
Francisco encontra-se com índigenas, em Nunavut. (29/07/2022) Foto: Ciro Fusco/EPA
Três mulheres indígenas oferecem presentes ao Papa Francisco, em Nunavut. (29/07/2022) Foto: Ciro Fusco/EPA
Três mulheres indígenas oferecem presentes ao Papa Francisco, em Nunavut. (29/07/2022) Foto: Ciro Fusco/EPA


Papa no Canadá. Mulher indígena assiste à missa em Nunavut. (29/07/2022) Foto: Ciro Fusco/EPA
Papa no Canadá. Mulher indígena assiste à missa em Nunavut. (29/07/2022) Foto: Ciro Fusco/EPA
Membros das comunidades indígenas assistem à missa do Papa Francisco, em Nunavut. (29/07/2022) Foto: Ciro Fusco/EPA
Membros das comunidades indígenas assistem à missa do Papa Francisco, em Nunavut. (29/07/2022) Foto: Ciro Fusco/EPA


A viagem do Papa Francisco ao Canadá terminou na sexta-feira, dia 29 de julho. Ao longo da visita, ouviu os testemunhos das comunidades indígenas que, durante anos, sofreram nas mãos de cristãos e lamentou, em nome da Igreja, os males cometidos no passado.

Os pedidos de perdão de Francisco foram constantes, e o próprio admite que existe um longo caminho a ser percorrido.

Depois de reforçar a importância dos idosos, o Papa termina a sua viagem a alertar os jovens para o seu papel no futuro.

"Pensa na andorinha do Ártico, que não deixa que os ventos contrários, ou as mudanças bruscas da temperatura, a impeçam de ir de uma extremidade à outra da terra; às vezes escolhe rotas que não são diretas, aceita fazer desvios, mas mantém sempre clara a meta", disse.


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