Em torno do foco de incêndio há também dezenas de casas, rodeadas de campos e jardins, que os habitantes começaram prontamente a regar. Horas antes, os que dependem de um motor para aceder a água não teriam conseguido fazê-lo, porque a luz esteve cortada durante boa parte do dia.
— O presidente chamou o comandante, para ver se o apanha.
— Não precisa de ir muito longe.
As conversas entre os vizinhos que se juntam na ladeira têm todas o mesmo tema.
“Vi aqui algumas pessoas a comentar que foi um indivíduo que foi comprar pão e que passou aqui”, conta António Ferreira, 56 anos, dono do restaurante Manjar da Pedra, uns 200 metros acima do local do fogo. “É totalmente estranho. E dá-me impressão que já é a segunda ou terceira vez que acontece isto.”
“Já viemos hoje duas vezes e esta foi a terceira”, acrescenta António Fernandes, dono de um terreno agrícola a dois passos do foco de incêndio.
“Consta-se que se estão a passar algumas coisas estranhas. Apesar da natureza e do vento, e as matas não estão conforme deviam estar, mas também há coisas que a gente não consegue perceber bem”, remata.
O assunto havia de ser endereçado ainda nessa noite pelo primeiro-ministro. Luís Montenegro prometeu que o Estado “vai atrás dos responsáveis” pelos incêndios florestais nos casos em que há mão criminosa, anunciando a criação de "uma equipa especializada em aprofundar com todos os meios a investigação criminal à volta dos incêndios florestais".