"Arderam jardins, arderam habitações. Nunca imaginamos que seria possível”
Um incêndio "importado" de concelhos vizinhos varreu Albergaria-a-Velha e obrigou 39 pessoas a pernoitar num pavilhão gimnodesportivo, longe das suas habitações.
Um incêndio "importado" de concelhos vizinhos varreu Albergaria-a-Velha e obrigou 39 pessoas a pernoitar num pavilhão gimnodesportivo, longe das suas habitações.
Foram dois incêndios que se uniram num só e formaram uma frente de chamas que surpreendeu os meios de combate existentes em Albergaria-a-Velha pela violência e rapidez.
“Nunca imaginamos que o incêndio chegasse ao centro da cidade. Arderam jardins, arderam habitações. Nunca tínhamos tido ou nunca imaginamos que seria possível”, afirmou João Oliveira, o coordenador da proteção civil de Albergaria-a-Velha.
Um fogo “importado” dos concelhos de Sever do Vouga (a sul) e de Oliveira de Azeméis (norte) e que está a ter consequências devastadoras em algumas localidades. “Juntou-se a força dos dois e foi o que invadiu Albergaria”, declarou o responsável.
Para além da subida da temperatura, o vento foi também um forte aliado da propagação das chamas, espalhando faúlhas pelo ar que deflagraram focos de incêndio nas matas ou potenciaram o efeito do fogo que atingiu ainda o concelho Águeda.
Sobretudo entre as 7h e as 11h da manhã, esclarece João Oliveira, que “foi quando tivemos a maior velocidade do vento”.
Ao todo, só no distrito de Aveiro arderam dez mil hectares (uma área equivalente a Lisboa) havendo ainda três mortos a lamentar (um deles um bombeiro, morreu ao serviço de doença súbita). Há ainda várias habitações danificadas.
Em Telhadela, Carlos Silva passou todo o dia a tentar evitar que as chamas atingissem a sua habitação.
“Desde madrugada [de segunda-feira] que estamos em alerta máximo, que as coisas estão muito complicadas. O importante é as casas e as pessoas”, defendeu.
No entanto, nem sempre foi possível proteger as habitações. A vereadora Catarina Mendes não avança números relativos às casas ardidas neste concelho, mas admite que “Houve pessoas que ficaram mesmo sem casa. Temos muitas casas ardidas”. Praticamente todo o concelho foi afetado.
Para acolher as pessoas que tiveram que ser retiradas das suas habitações foi criada uma zona de acolhimento no pavilhão gimnodesportivo.
“Há também algumas pessoas que estão mais vulneráveis, não têm retaguarda e temos também um lar residencial de crianças e jovens e pessoas que estavam em trânsito e que não conseguiram passar”. Ao todo são 39 indivíduos, incluindo crianças, que estão a ser apoiados e foram assim obrigados a pernoitar longe do seu lar.
Marcelo Rebelo de Sousa e o primeiro-ministro já avisaram que os próximos dias serão difíceis. Assim, é possível que mais pessoas tenham que recorrer ao pavilhão para pernoitar. “Ainda temos situações complexas”, admite Catarina Mendes.