A nova geração de médicos
José Luís Brandão, diretor clínico do CHBV, tem uma visão ligeiramente positiva que a da responsável de Bragança. Mas em muitos pontos expressa a mesma opinião.
As medidas de incentivo económico – como a majoração das horas extraordinárias - que foram tomadas “desde o último verão têm tido resultados positivos”. Ainda assim, “são soluções que muitas vezes têm um caracter um pouco paliativo”, enquanto o que é necessário é algo “estrutural”, aponta o diretor clínico do CHBV.
“O incremento que foi feito na hora extraordinária paga aos profissionais teve um impacto francamente positivo. Havia escalas na área da medicina interna e cirurgia que tinham bastantes lacunas. E agora são escalas que estão completas”, diz.
Num ponto todos os diretores clínicos ouvidos pela Renascença estão de acordo. A cultura de trabalho da classe médica mudou nos últimos anos. A compatibilização da vida profissional com pessoal passou a ser uma prioridade.
“Qualquer medida tomada meramente económica ou outras que se afaste deste objetivo de conciliação está condenada ao fracasso”, sublinha José Luís Brandão.
“Eles não iniciam uma carreira, uma especialidade, a pensar que têm de estar naquele horário normal, de segunda a sexta, e depois ter o seu período de urgência. Atualmente, até em especialidades mais técnicas, [os médicos] procuram horários mais condensados, para depois terem liberdade de ação, flexibilidade”, nota Eugénia Madureira.
A compactação de horário, que “nalgumas áreas é possível, noutras não”, tornou-se comum. Muitas das “contratações bem-sucedidas têm sido feitas na base desse acordo com o profissional”, admite José Luís Brandão, lembrando, em todo o caso, que há especialidades que a concentração de horas de trabalho “é totalmente contraproducente”.
“Estamos a passar por um choque geracional e conceitos como o que é o serviço público, o que é dedicação pública estão claramente a sofrer uma transformação. E a sociedade, a tutela, tem de estar atenta a isso”, conclui.