Corrida aos testes Covid-19 antes do Natal. Farmácias batem recorde

Portugueses estão a testar mais do que nunca. Nos últimos sete dias, as farmácias venderam mais de 1,3 milhões de testes rápidos.

23 dez, 2021 - 18:54 • Lusa



Dezenas de pessoas testaram num Centro Walk Thru na baixa de Lisboa. Foto: Miguel A. Lopes/Lusa
Dezenas de pessoas testaram num Centro Walk Thru na baixa de Lisboa. Foto: Miguel A. Lopes/Lusa

As farmácias venderam mais de 1,3 milhões de autotestes ao SARS-CoV-2 na última semana e, na quarta-feira, bateram um novo recorde realizando mais de 101 mil testes rápidos de antígeno, segundo a presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF).

Em dezembro as farmácias venderam mais de 2,7 milhões de autotestes, sendo que mais de metade foi dispensada na última semana, revelou à Lusa a presidente da ANF, Ema Paulino.

Nos últimos sete dias, as farmácias venderam 1.333.817 testes rápidos, segundo um levantamento feito hoje pela ANF, que engloba as vendas entre os dias 15 e 22 de dezembro.

Ao início da tarde de hoje, antes de concluído o levantamento, a presidente da ANF apontava para uma previsão de mais de "750 mil autotestes vendidos numa semana", que foi largamente ultrapassado.

As farmácias bateram também esta semana o recorde diário de realização de testes antigénio: mais de 101 mil testes feitos em apenas num dia, na quarta-feira.

Para muitas farmácias, os picos de procura atingiam-se às quintas e sextas-feiras, por causa da corrida aos testes de antigénio obrigatórios para conseguir entrar em estádios, bares ou discotecas.

"Na sexta-feira passada tivemos um pico de mais de 100 mil testes realizados nas farmácias. Temos tido dias acima dos 70 a 80 mil testes, sendo as quintas e as sexta-feira os dias com maior número de testes. Estamos na expectativa de ver a resposta que será dada hoje e amanhã", contou à Lusa Ema Paulino, quando ainda não estavam apurados os dados relativos a quarta-feira.




Nos últimos dias, tornou-se difícil encontrar uma farmácia ou laboratório clínico sem fila à porta. A aproximação do dia de Natal e das reuniões familiares fez disparar a procura de testes face às novas restrições impostas no combate à pandemia de covid-19.

O centro de testagem improvisado instalado na Praça dos Restauradores, em Lisboa, atraiu hoje centenas de pessoas. Por volta das 12:30, havia uma fila de 65 pessoas, entre os quais François Lima.

À Lusa, o jovem brasileiro de 26 anos explicou que vai passar o Natal com cinco amigos e decidiram que era obrigatório a apresentação de um teste: "Queremos ter um Natal seguro e achámos que valia a pena esperar numa fila", disse.

O Natal foi também o motivo que levou Ermesenda Pardal, de 58 anos, até ao contentor montado nos Restauradores: "Este Natal vamos ser menos, seremos só três, mas vem um familiar da Suíça e decidimos que toda a gente fazia o teste antes", disse à Lusa.


 

Ermesenda Pardal tinha planeado realizar o seu teste no Campo Pequeno, mas ouviu "na televisão que estava cheio de gente" e optou pelos Restauradores, onde chegou por volta das 10:15. Duas horas depois, continuava a aguardar, mas à Lusa disse que "mais vale esperar agora do que ter uma surpresa depois".

Esta semana, o Governo decidiu alterar as regras, estabelecendo que na altura do Natal e do fim de ano era obrigatório apresentar teste negativo para entrar em restaurantes ou hotéis.

Esta decisão obrigou Carlos e Tamires a realizar hoje um teste rápido. "Vamos passar o Natal à Serra da Estrela, num Hotel, e por isso precisamos dos testes", contou Carlos Santos à Lusa.

Entre as dezenas de pessoas que aguardavam na fila dos Restauradores a Lusa encontrou vários turistas, como Sia Lord. um inglês que veio celebrar o aniversário de namoro a Lisboa e sabia que só poderia embarcar no avião de regresso a Londres com um teste, uma medida que não é de agora.

"Vamos regressar hoje e temos de fazer um teste. Estamos aqui há duas horas. Já tínhamos estado num outro sítio, mas quando chegou a nossa vez disseram-nos que já não tinham mais testes de antigénio", criticou o jovem.




Desde o início do mês, duplicou o número de farmácias onde passou a ser possível realizar testes: "Houve um aumento bastante significativo nas últimas duas ou três semanas. Começamos com cerca de 600 farmácias e hoje já são mais de 1.300 farmácias", revelou Ema Paulino.

Há também farmácias que reforçaram as equipas, alargaram os horários e até criaram novas infraestruturas para realizar os testes.

No entanto, a procura por testes rápidos tem levado muitas farmácias a definir um limite máximo por utente. Na farmácia de Ema Paulino, por exemplo, o máximo são cinco testes por pessoa.

"Estamos a sensibilizar a população para vir buscar à farmácia apenas o que necessita", explicou, acrescentando que está a ser feita a reposição de stocks e se as pessoas comprarem apenas os necessários não haverá falta.

Na sexta-feira, as farmácias vão continuar a realizar testes de despistagem e existem espaços onde os farmacêuticos prometem "só fechar portas quanto todas as pessoas tiverem os resultados dos seus testes e se sentirem seguras para poder ir passar o Natal com a família", contou a presidente da ANF.


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