Durante a votação, Saquanna estará na mesa ou a fazer o processo de digitalização. É uma mulher que gosta de estar presente, de "trabalhar" com os eleitores, de digitalizar o voto de cada um e "saber que ele entra mesmo lá dentro da urna".
Saquanna não é analógica, tem uma embirração com boletins de papel. "Acho que não são assim tão bem contados, por isso não sou grande fã de votos em papel ou mesmo de um processo de votação antecipada."
Antes do dia da votação, mesmo em terreno contrário, rodeada de amigos no campo oposto, Saquanna acredita que ainda consegue convencer mais negros a votar em Trump. "Mas fazem-no à porta fechada. É o que eu vejo. Só não dizem isso. Não sei se é algo de que tenham medo, em termos sociais, mas acabam por apoiá-lo de forma discreta", assegura.
A mulher de 49 anos gaba Trump por ser capaz de "ir por aí e fazer acordos para nos manter seguros" e de não ter entrado em guerras pelo mundo. Considera que, quando Donald se mudou para a Casa Branca, a sua vida foi "muito melhor", ganhando "muito mais dinheiro".
As certezas da norte-americana passam, por isso, por uma nova mudança de casa para o dono da Trump Tower, sita na Manhattan que avista todos os dias.
A 150 quilómetros de distância, em Allentown, Anna diz algo parecido. "Metade das pessoas de Porto Rico que conheço apoiam Trump, mas não gostaram do que foi dito no domingo". E partilha da ideia de um certo medo ou vergonha em assumir o voto no candidato republicano.
Os resultados e o poder das mulheres
As duas mulheres negras, com tanto em comum sem se conhecerem, apresentam ainda um caderno de encargos ao ex-Presidente. "No nosso país, a prioridade deve ser a economia. Dar a todos oportunidades iguais, um seguro médico, tratar dos impostos, porque está tudo a ir para um nível elevado. Deveríamos reduzir tudo para que as pessoas possam pagar ou pelo menos para terem o suficiente para poderem viver", propõe Anna.
E Kamala? "Não a conheço. Não sei de onde ela é", começa por responder Anna, para depois reconhecer que sabe que vem da Califórnia.
Já Saquanna, em Brooklyn, diz saber bem como Kamala encanta os vizinhos. "No mundo de hoje, andam à procura do 'poder das mulheres'. Mas Kamala esteve três anos e meio no cargo e não consigo ver o que é que ela fez para melhorar a minha vida e a dos meus próximos".
Em concreto, Saquanna deteta atrasos nos centros de prevenção de overdoses e acusa a candidata de remover fronteiras na imigração. "E anda sempre atrás do que Trump diz, parece que não tem ideias próprias", conclui.
A Renascença nos Estados Unidos com o apoio da TAP Air Portugal.