“Não é uma evacuação, é uma deslocação forçada”
Dos 36 hospitais que existiam no enclave, apenas 13 estão “parcialmente a funcionar”, afirmou a 9 de julho o porta-voz da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tarik Jašarević.
“Só nos últimos oito dias”, explica o médico da MSF Javid Abdelmoneim, “13 centros clínicos, quatro unidades de cuidados primários e três hospitais centrais da Faixa de Gaza tiveram de encerrar devido a ordens de evacuação forçada.”
Entre eles está o Hospital Europeu de Gaza, nos arredores de Khan Younis, que tinha capacidade para 650 camas e era, para o diretor-geral da OMS, uma das maiores instalações de saúde de referência do Sul do território. “Gaza não se pode dar ao luxo de perder mais hospitais”, afirmou Tedros Ghebreyesus, apelando à reativação daquela unidade.
Enquanto tal não acontece, todos os pacientes foram reencaminhados para o complexo hospitalar de Nasser, que tem capacidade para internar 350 pacientes.
É lá que o coordenador da MSF tem procurado desdobrar as horas de cada dia. Tem equipas nas alas de trauma, ortopedia e unidade de queimados. A constante falta de combustível faz com que nem sempre se consiga bombear água.
“No sábado estivemos até às 2h da manhã, quase todo o dia, totalmente sem água – nas salas de operações, nas áreas de pacientes, no internamento”, sublinha.
Isso significa que, durante todo o dia, não foi possível "lavar as mãos, lavar as superfícies, descarregar autoclismos, limpar as salas”, enumera o médico.
Há também cortes frequentes no ar condicionado. “Os cirurgiões transpiram para as zonas esterilizadas, portanto há um problema de controlo de infeções”, complementa Javid Abdelmoneim.