Desde que assumiu o poder, há mais de um ano e meio, Lula da Silva já reconheceu dez novos territórios. Ainda assim, há 62 terras indígenas à espera de uma assinatura e mais de 200 com fronteiras definidas, mas desprotegidas pelo governo, o que as torna vulneráveis a invasões.
Embora os defensores dos povos indígenas queiram que o governo acelere o processo, as promessas de Lula da Silva têm sofrido reações contrárias de um congresso conservador, de grupos agrícolas e de alguns aliados políticos, que dizem ser necessárias mais estradas, caminhos de ferro e centrais elétricas na Amazónia para gerar empregos.
O esforço dos Munduruku para delinear a terra dos Sawre Muybu tem como base o plano de construção de uma barragem hidroelétrica que pode vir a inundar grande parte do território. O projeto de 8.000 MW foi arquivado em 2016 pelo Ibama por não ter consultado os Munduruku ou não ter feito estudos de impacto adequados.
Em maio, a recém-privatizada Eletrobras pediu a atualização desses estudos, segundo a agência reguladora Aneel. A Eletrobras não respondeu nenhum pedido de comentário.
"Isso mostra que eles não desistiram do projeto", disse Suely Araújo, que arquivou o plano quando era presidente do Ibama.