12 jan, 2023 - 15:04 • Diogo Camilo
No ano de 2022 foram registadas mais de 15 mil mortes em excesso, das quais a Covid-19 explica apenas cerca de sete mil.
De acordo com números do Sistema de Informação de Certificados de Óbito (SICO), analisados pela Renascença, o ano passado foi o segundo com mais mortes desde que há registo, apenas atrás de 2021, afetado pela pandemia.
O SICO regista um excesso de mortalidade desde o dia 21 de novembro, com o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) a avançar esta quinta-feira que foi identificado um pico de mortalidade entre os dias 28 de novembro e 18 de dezembro de 2022.
Durante esse período, o número de mortes aumentou 16% em relação aos óbitos esperados.
Tal "coincidiu com o aumento da atividade gripal, que chegou mais cedo do que é habitual ao nosso país", adianta o INSA, o que poderá ajudar a explicar este aumento da mortalidade.
Ainda de acordo com a análise do Departamento de Epidemiologia do INSA, "os grupos etários onde se verificou o excesso de mortalidade foram aqueles acima dos 75 anos de idade, enquanto que, ao nível geográfico, foi nas regiões Norte, Lisboa e Vale do Tejo e Centro onde se identificou excessos de mortalidade no período em análise".
De acordo com números do SICO analisados pela Renascença, foram registados 158 dias com excesso de mortalidade em 2022, o que representa mais de 40% do ano. Nestes dias, foram registadas 15.333 mortes acima do esperado em relação à média de outros anos.
No mesmo período, morreram 6.804 pessoas por Covid-19, o que significa que mais de 8.500 destas mortes estão por explicar. Segundo o INSA, mais de 1.100 ocorreram neste período entre novembro e dezembro.
Em 2022 morreram 124.862 pessoas, fazendo do ano passado o segundo com mais mortes desde que há registo - apenas menos 335 que 2021, ano em que se viveram as maiores vagas de óbitos por Covid-19 no país.
Este é o terceiro ano consecutivo em que o número de mortes fica acima dos 120 mil, sendo que 2020, 2021 e 2022 passam a ser os três anos com mais mortes em Portugal desde que há registo.
Maio, junho e julho registaram recordes de mortalidade em 2022, enquanto os meses de dezembro, outubro, setembro, agosto e abril registaram o segundo maior número de mortes desde que há registo e março e novembro viveram os seus terceiros meses mais mortais de sempre.
No final do ano passado, o Sistema de Informação de Certificados de Óbito já tinha adiantado que o mês de dezembro registou excesso de mortalidade quase todos os dias.
Até setembro, de acordo com uma análise de dados da Renascença, Portugal já tinha registado quase 9 mil mortes acima do esperado, sendo que a Covid-19 só explica cerca de seis mil delas.
No comunicado hoje enviado às redações, o INSA sublinha que continua a desenvolver "um estudo epidemiológico sobre as causas específicas de morte e outros fatores associados nos anos pandémicos de 2020, 2021 e 2022".
Os resultados do trabalho, que se segue a um protocolo científico e constituição de comissão científica, deverão ser conhecidos até ao final deste ano.