18 dez, 2022 - 08:00 • Filipa Ribeiro
Sem imigrantes, a população em Portugal iria registar uma grande quebra - e a grande maioria das pessoas que deixam o país são portugueses. A conclusão é da Fundação Francisco Manuel dos Santos que, no dia em que é assinalado o dia Internacional dos Migrantes, publica vários dados sobre as migrações.
De acordo os números avançados, em média entram em Portugal cerca de 50 mil imigrantes por ano, a maioria do Brasil e de Angola. Mas este é um insuficiente para compensar as saídas do país e o os saldos naturais que têm sido negativos. À Renascença, o presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos, Gonçalo Matias, sublinha que, a manter-se a tendência, é provável que Portugal tenha apenas sete milhões de habitantes em 2050.
"A manter-se como está o saldo migratório, não vai ser suficiente para reverter a projeção de redução de população a prazo”, afirma, explicando que, em média, cerca de 50 mil pessoas deixam o país todos os anos. Destes, 95% (cerca de 23 mil) são portugueses: "A maioria dos que saem têm entre 20 e 29 anos, tudo indica que são os mais qualificados”, acrescenta.
Tendo em conta a quantidade de pessoas que entra todos os anos, a quantidade das que saem, mais a queda dos nascimentos e o aumento de mortes, o presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos realça a importância que a entrada de imigrantes tem para o país. “Por um lado, significa a entrada de pessoas e por outro tem um efeito positivo no saldo natural, porque em média os imigrantes têm mais filhos que a população residente”, explica. Nos últimos 11 anos a nacionalidade portuguesa foi concedida a mais de 347 mil cidadãos estrangeiros, uma média de 32 mil por ano.
No ano passado, 5% da população residente era composta por cidadãos estrangeiros, ou seja, viviam cá 542.146 imigrantes.
Nos dados publicados, a Fundação Francisco Manuel dos Santos olha ainda para a questão dos "vistos gold". É concluído que desde o início do programa, em 2012, foram atribuídos 10.254 "vistos gold" que captaram seis mil milhões de euros. Ainda assim, os "vistos gold" não se traduzem na fixação de pessoal estrangeiro em Portugal, de acordo com o presidente da Fundação.
Outro dos pontos menos atrativos pode passar pelos baixos rendimentos, de acordo com a Fundação Francisco Manuel dos Santos o risco de pobreza é mais entre estrangeiros do que entre portugueses.
No final de novembro desde ano cerca de um terço (32%) dos bebés que nasceram na Maternidade Alfredo da Costa eram filhos de mãe estrangeira.
Uma percentagem que tem tendência a aumentar, uma vez que em 2017 os partos de cidadãs estrangeiras representavam 20% do total de nascimentos registados na MAC.
A maioria das mães estrangeiras que dão á luz nesta maternidade são de nacionalidade brasileira (21,9%) , seguindo-se a nepalesa (15,2%).