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Eleições nos EUA

Eleições nos EUA. O que aconteceu enquanto os portugueses dormiam?

06 nov, 2024 - 06:58 • Inês Braga Sampaio , com Ricardo Vieira

As assembleias de voto começaram a fechar pelas 23h00 de terça-feira, hora de Portugal continental, e foi durante a madrugada que o desfecho da tensa corrida entre Kamala Harris e Donald Trump tomou forma.

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"A aldeia adormece". É com esta frase que os jogadores fecham os olhos e cai a noite, fase do jogo em que as cartas mudam de mãos. Portugal adormeceu, na terça-feira, com a contagem dos votos das eleições presidenciais dos Estados Unidos a decorrer, e acordou ainda sem um vencedor, mas com Donald Trump em vantagem sobre Kamala Harris. O que aconteceu enquanto os portugueses estavam de olhos fechados?

Antes de tudo, é importante referir que, ao todo, há 538 votos para o Colégio Eleitoral. Quem chegasse aos 270 tornar-se-ia o 47.º Presidente dos EUA.

Ainda nem as assembleias de voto tinham encerrado e já Donald Trump alegava que havia rumores de "fraude massiva" em Filadélfia, ainda que sem apresentar provas. O comissário republicano da cidade mais populosa do estado decisivo da Pensilvânia, Seth Bluestein, garantiu, contudo, que não havia "qualquer verdade nas alegações" do antigo Presidente norte-americano, que disse não passarem de "desinformação".

As primeiras assembleias de voto começaram a encerrar pelas 23h00 de terça-feira (Portugal continental) e, cerca de uma hora depois, foram conhecidas as primeiras projeções: Trump foi declarado vencedor, pela Associated Press (AP), em Indiana e no Kentucky, e o Vermont foi colocado na coluna de Kamala Harris.

O mesmo Vermont que voltou a sorrir ao seu "eterno" senador independente, Bernie Sanders, que, aos 83 anos, junta-se aos democratas no Senado.

Perto da meia-noite, soube-se que um "erro humano" obrigara à recontagem de mais de 30 mil votos de eleitores ausentes do estado em Milwaukee, cidade que por si só já é das mais demoradas a reportar resultados. As portas de 13 tabuladores não estavam trancadas e, embora não tenham sido detetados quaisquer indícios de adulteração, a "abundância de cautela" ditou o reinício da contagem.

À 00h30, e sem surpresa, foi revelado que a vitória no estado da Virgínia Ocidental era de Trump, que passou a somar 23 votos eleitorais, com o bónus de que os Republicanos deveriam ganhar, com o atual governador Jim Justice, um lugar no Senado que era dos Democratas.

O FBI foi chamado ao barulho, já a terça-feira se tinha tornado quarta, para investigar falsas ameaças de bomba, provenientes de e-mails que aparentam ter origem em domínios russos e que foram dirigidas a locais de voto, nos estados de Geórgia, Michigan, Arizona e Wisconsin.

Da Carolina do Norte chegou, quase à uma da manhã, uma boa notícia para os Democratas: John Stein vencera a corrida para governador. Derrotou o republicano Mark Robinson, cuja candidatura implodiu após uma reportagem da CNN de que ele se autodenominava "nazi negro" e fez comentários ofensivos num site pornográfico.

A hora virou com novas projeções da AP, que atribuiu a vitória a Trump na Flórida - terceira vitória consecutiva -, em Oklahoma, no Mississippi, no Alabama e em Carolina do Sul; e a Harris nos estados de Connecticut, Maryland, Massachussetts e Rhode Island. Meia hora depois, a democrata juntou Nova Jérsia e Illinois ao catálogo.

A Pensilvânia, um dos nove "swing states" - os estados em que o vencedor não é previsível -, protagonizou uma das mais tensas corridas entre Trump e Harris. "Se vencermos a Pensilvânia vencemos as eleições", declarou o antigo Presidente, em declarações a uma rádio de Filadélfia.

Pheobe foi a última a votar numa mesa da Georgia. O boletim (que quase não depositava) fará a diferença?
Pheobe foi a última a votar numa mesa da Georgia. O boletim (que quase não depositava) fará a diferença?

Pelas 2h00, mais duas vitórias expectáveis: as de Kamala nas duas capitais norte-americanas (a económica e a política), Nova Iorque e Washington, DC. Por outro lado, Ohio manteve-se do lado de Trump, que também segurou o Texas e somou os votos eleitorais no Dacota do Norte, Dacota do Sul, Wyoming e Louisiana.

Quase às 3h00, a CNN acrescentou a Luisiana e a AP o Missouri ao mapa de Donald Trump. Já a FOX News deu a vitória a Harris em New Hampshire. Minutos depois, a AP projetou as vitórias de Trump em Montana e no Utah - que o levaram, na altura, aos 198 votos eleitorais, o dobro dos 99 de Harris. Foi também a essa hora que as urnas fecharam em todos os estados decisivos.

Com projeções para mais de metade dos estados, Donald Trump estava à frente de Kamala Harris nos votos para o Colégio Eleitoral e em vantagem na corrida à Casa Branca.

Pelas 4h20 da madrugada, o mapa dos Estados Unidos ficou ainda mais "vermelho" do Partido Republicano, com as projeções a apontarem para a vitória de Trump na Carolina do Norte, o primeiro estado decisivo a cair para um dos lados.

Já depois das 5h00 da manhã, outra boa notícia para o Partido Republicano: a reconquista do Senado, com a garantia de uma maioria de 51 assentos na câmara alta do Congresso dos Estados Unidos.

A onda vermelha continuou com a vitória para Trump noutro estado decisivo, a Geórgia, que em 2020 tinha contribuído para o triunfo do Presidente democrata Joe Biden.

A candidata Kamala Harris não reage esta noite aos resultados eleitorais, mas só no dia seguinte, anunciou Cedric Richmond, co-diretor de campanha democrata, pelas 5h45. Um cenário semelhante ao de 2016, quando Hillary Clinton perdeu para Donald Trump.

Poucos minutos antes das 7h00, a estação de televisão conservadora Fox News atribuiu a vitória a Donald Trump nas eleições presidenciais, provocando uma enorme festa na sede de campanha do candidato republicano.

Um forte indício de que a projeção da Fox News está certo foi a vitória de Trump no estado da Pensilvânia, concedida por outras estações de televisão.

Pelas 7h30 da manhã desta quarta-feira, Donald Trump subiu ao palco da sede de campanha na Florida e declarou-se o 47.º Presidente dos Estados Unidos. O milionário fala numa "vitória história" e promete uma "nova era dourada na América".

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