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​Obras de Banksy em Lisboa numa exposição não autorizada

14 jun, 2019 - 17:06 • Maria João Costa

É um dos artistas mais enigmáticos. Ninguém o conhece, mas as suas obras valem milhões. Até 27 de outubro pode ver originais de Banksy na Cordoaria Nacional, em Lisboa.

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A mais recente obra conhecida de Banksy pode agora ser vista em Lisboa, na exposição que vai ficar patente na Cordoaria Nacional, até 27 de outubro. É uma imagem que o enigmático artista criou para Veneza e que apresentou nas ruas da cidade italiana, durante a Bienal de Veneza. Trata-se de um conjunto de quadros que formavam a imagem de um navio de cruzeiro atracado em Veneza e que criticava o excesso de turismo na cidade. O artista, sem licença para expor e desconhecido de todos, acabou expulso pela polícia.

Em Lisboa, está agora uma fotografia da obra criada para Veneza na exposição “Bansky: Génio ou Vândalo?”, patente na Cordoaria. O visitante é convidado a entrar por uma espécie de túnel escuro com dois ratos gigantes na porta, que fazem uma referência ao mundo dos ratos feitos em stencil, “muito comuns na obra do artista”, explica Alexander Nachkebiya. O curador da exposição lembra que de acordo com o artista, cuja identidade é desconhecida até hoje, “somos todos habitantes de cidades e que nos movimentamos como ratos de rua”.

Com um áudio-guia gratuito, a exposição começa por mostrar uma sequência de imagens de muitos graffitis de Banksy espalhados pelo mundo, depois o visitante encontra uma espécie de atelier de rua do artista cujo rosto permanece incógnito. Entre as obras mais conhecidas patentes nesta exposição, organizada pela produtora de espetáculos Everything is New, está uma serigrafia original da série "Menina com um balão", semelhante à que recentemente se autodestruiu parcialmente – uma partida de Banksy - numa ação inédita na leiloeira Sotheby's, quando a obra era arrematada por um comprador.

Mas há mais para descobrir nesta mostra onde as salas negras fazem sobressair os cerca de 70 originais de Bansky cedidos por colecionadores privados internacionais para estarem em Lisboa.

Para Álvaro Covões, da Eveything is New, “o importante é que Lisboa como principal destino turístico do país, tenha conteúdos para oferecer a quem nos visita, não só estrangeiros como portugueses”. Na opinião deste empresário habituado a organizar grandes festivais de música, mas que já tem também historial com exposições como a de Joana Vasconcelos no Palácio da Ajuda, a exposição de Banksy é mais um exemplo “de um artista pop importante para atrair pessoas para as artes”.

Covões quer, sobretudo, provocar e atrair pessoas para a arte e com a exposição de Bansky, explica à Renascença, quer gerar “experiências”.

Organizada pela Everything is New, em parceria com a IQ Art Management e Sold Out, “Banksy: Genius or Vandal” chega a Lisboa com uma história de sucesso. Mesmo tratando-se de uma exposição não autorizada pelo artista, já foi vista por 600 mil pessoas em cidades como Madrid, Moscovo e São Petersburgo.

Faltam espaços para grandes exposições internacionais em Portugal

“Portugal tem tido um desenvolvimento na área do turismo espetacular, tem um conjunto de empresários que, mesmo em momentos de crise, investiram em hotéis, por exemplo. Lembro que o retorno de um hotel é em mais de 25 anos!”, afirma Álvaro Covões.

Em entrevista à Renascença, o empresário, deixa um alerta: “o país tem carência de infraestruturas que possam oferecer ao turista mais experiências. Não há mais alternativas à Cordoaria Nacional. A última grande galeria contruída em Lisboa foi há 25 anos, no CCB e que está hoje afeta em exclusivo à Coleção Berardo; a outra grande galeria é em Serralves, no Porto, que também está afeta a Serralves. O Porto ainda adaptou a Alfândega e, em Lisboa, a Marinha cede a Cordoaria Nacional, mas não há mais!”.

Álvaro Covões deixa um repto: “precisamos de mais museus, teatros e galerias para exposições. Não adianta só ter camas e hotéis. Temos de ter conteúdos para oferecer a quem nos visita”.

A exposição "Banksy - Génio ou Vandalo?" vai poder ser visitada na Cordoaria Nacional até 27 de outubro, de domingo a sexta-feira, entre as 10h00 e as 19h00, e ao sábado, até às 20h00.

Obra de Banksy autodestrói-se após ser vendida por um milhão de libras
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