Faro

Andreia Costa, 39 anos, trabalhadora sazonal

O Algarve foi, pelo segundo ano consecutivo, a região do país com maior crescimento do PIB. Nas legislativas de 2015, foi o distrito que deu uma maior percentagem de votos ao PAN e também dos que registou maior abstenção.

Com o turismo na base do emprego, Faro é o distrito onde os contratos de trabalho a termo, que caracterizam o emprego sazonal, têm maior expressão.

Andreia Costa, vendedora de viagens de barco num quiosque em Alvor, chega a acumular dois empregos no verão para conseguir sobreviver durante o inverno. Este ano foi forçada a mudar-se para Portimão e a deixar a vila onde sempre viveu e a casa que tinha em Alvor, que vai dar lugar a um alojamento local.

PS, PSD e PCP é que não

Normalmente voto nos partidos pequenos. Quando não tenho uma opinião formada não quero correr o risco de votar nos partidos grandes. Nas últimas eleições votei no PAN, mas nestas ainda não faço ideia em quem é que vou votar. PS, PSD e PCP é que não, porque não vejo melhorias nenhumas. Vejo pela nossa Câmara e Junta de Freguesia, que é PS, e não se vê nada a acontecer.

Porque é que aqui vão trabalhar de BMW?

Para é que servem tantos deputados? Os 48 deputados só de Lisboa então é demais, não faz sentido. Em Alvor, houve um partido que comprou uma frota de carros novos para a Câmara, a seguir entraram outros e trocaram a frota novamente. Na Holanda, os deputados vão trabalhar de bicicleta, de metro... Porque é que aqui têm de ir de BMW? Porque é que temos de andar a pagar as taxas todas e mais isto e aquilo?

Sempre os mesmos

Há muita abstenção porque chega a um ponto em que uma pessoa pensa: "Vou votar para quê?". São sempre os mesmos a ir lá parar. Deve haver alternativas e devemos deixar os mais pequenos fazerem alguma coisa melhor. O povo podia experimentar.

É inadmissível uma grávida e ter de ir para Faro

Estamos a viver uma grande crise nos hospitais do Algarve. Estamos à beira de ficar sem o hospital de Portimão, que servia todo o Barlavento Algarvio. Estão a levar todo o equipamento para Faro, que não dá conta do recado. Há muitos profissionais a abandonar o Serviço Nacional de Saúde e a ir para o privado. Precisamos que alguém se mexa e faça alguma coisa, porque é inadmissível uma grávida ter de ir para Faro, ou ter pediatria que só funciona três vezes por semana. Conheço uma pessoa que caiu e teve de ir para Faro tirar um raio-X ao pé. Teve de esperar que houvesse três ou quatro doentes para Faro para que atribuíssem uma ambulância para o transporte. O tempo que falam disto e daquilo, e fazem críticas ao trabalho uns dos outros, deviam gastar e concentrar na nossa saúde porque está em colapso e precisamos dela.

Devia haver limites para o alojamento local aqui

Em março deste ano fomos forçados a deixar a nossa casa em Alvor e mudámo-nos para Portimão. Se tiver de votar em Portimão, não voto. Não foi o turismo que me tirou a casa, foi a ganância do senhorio. Sei que em Lisboa já há limites para o alojamento local e aqui também devia haver, porque neste momento estão a dominar o mercado de arrendamento. Eu e o meu marido somos trabalhadores sazonais e pagamos sempre os seis meses de renda de inverno adiantado. Optamos por fazer isso porque no inverno estamos os dois no desemprego.