Entrevista Renascença/Comissária do Plano Nacional de Leitura

"Ninguém estava à espera". Há mais jovens a ler livros à boleia dos "tiktokers"

09 jun, 2023 - 07:34 • Maria João Costa

A comissária do Plano Nacional de Leitura diz que há mais jovens dos 15 aos 25 anos a ler e que trocam o ecrã do telemóvel pelo livro em papel. Em entrevista à Renascença, Regina Duarte refere que alunos que têm famílias que não leem têm resultados académicos mais baixos e que a escola tem um papel de “equalizador social” na promoção da leitura. Admite que “os livros, em Portugal, ainda são muito caros”, mas lembra que o PNL apoia a aquisição de livros para escolas.

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É entre livros que encontramos Regina Duarte. A comissária do Plano Nacional de Leitura reconhece que há, em Portugal, mais jovens a ler levados pelo fenómeno das redes sociais onde "influencers" e "tiktokers" fazem recomendações de livros.

“Dizem que o tempo da leitura os descansa do tempo de ecrã”, refere Regina Duarte, que considera este novo fenómeno “uma perceção completamente contrária” à que tinha de que “os jovens só querem estar no ecrã”. Nesta conversa em que admite que os livros em Portugal ainda são muito caros, a comissária destaca o papel das escolas no impulso dos hábitos de leitura.

Reconhecendo que os alunos de famílias que não leem tem aproveitamento académico mais baixo, Regina Duarte sublinha que na escola não é só o professor de Português ou o bibliotecário que têm a responsabilidade de promover a leitura. “É um trabalho de várias disciplinas”.

Está a decorrer a Feira do Livro de Lisboa, onde o Plano Nacional de Leitura está presente. Que avaliação faz do contacto com os leitores. Que evolução tem havido?

Este ano quisemos estar pela primeira vez com uma programação diária com um "Consultório de Leitura", porque isso permite-nos uma relação de maior proximidade com os leitores, sobretudo os leitores adultos. Permite-nos sugerir leituras, que é uma coisa que é muito procurada.

É curioso percebermos que as pessoas têm muitas dúvidas ao escolher livros, sobretudo as que não têm muitos hábitos de leitura e precisam deste apoio de alguém que lhes sugira livros adequados aos seus interesses.

Para nós, também é interessante perceber quais são os interesses, o que é que as pessoas procuram. Portanto, também retiramos informação válida para nós.

E que tipo de livro é que os leitores procuram? Que hábitos estão a ser criados?

Terei no final de fazer uma súmula com a minha equipa, porque todos estamos lá em dias diferentes. Mas nos dias em que lá estive, foi curioso porque havia pessoas a procurar não ficção, portanto, gostam de reportagens, entrevistas, biografias e nós tínhamos sugestões para essas preferências. As pessoas ficaram muito surpreendidas por isso.

Há pessoas que gostam de ficção, mas curiosamente dizem: "Ah! Eu gosto de romances, mas não gosto de romances românticos". Ou seja, também há muita ideia de que o romance é necessariamente romântico. Eu acho que nós em Portugal temos esta infelicidade de termos adotado a designação romance, em vez de só ficção. Aí apresentamos várias sugestões de narrativas de ficção que não são nada românticas.

Temos tido um bom acolhimento, porque as pessoas ficam surpreendidas com a variedade de sugestões que fazemos. Sugerimos a literatura portuguesa, mas também literatura estrangeira traduzida.

Estamos a falar de que tipologia de leitores?

Curiosamente, temos tido pessoas de todas as idades, temos tido famílias. Tínhamos algum receio que as pessoas viessem, sobretudo, ter connosco a pedir sugestões para crianças. Não é que não gostemos de o fazer e que não o devamos fazer. A questão é que o Plano Nacional de Leitura está muito ligado a uma imagem de sugestões para a escola ou para um público infantil, mas não é o caso. As pessoas vêm pedir sugestões para si próprias ou para a família. Temos tido pessoas de idade, temos tido jovens de várias profissões, várias áreas, não há um perfil, o que é muito curioso também para nós.

Na apresentação da Feira do Livro de Lisboa, o presidente da APEL, a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, falava da mudança de hábitos de leitura, sobretudo a camada mais jovem que está a seguir sugestões de “tiktokers” e “influencers” das redes sociais. Sente que há este germinar de novos leitores através deste fenómeno das redes sociais?

Sim. Foi uma surpresa. Ninguém estava à espera. É muito boa, porque é um fenómeno orgânico. São sugestões entre pares. Os jovens querem sugerir livros sem figuras da autoridade. O que é curioso. Querem sugerir livros em liberdade e, por isso, têm tanto sucesso e tanto acolhimento pelos seus pares. Depois não há sequer um perfil de "booktokers". Eles são muito diferentes naquilo que sugerem, nos estilos com que sugerem, têm vozes muito diferentes, o que também torna o fenómeno mais rico e interessante.

Está a levar a que mais jovens se interessem pelos livros e pela leitura. Curiosamente, em papel. Gostam de ler, gostam de ter o livro como objeto e ler o livro em papel. Gostam do tempo da leitura. Dizem que o tempo da leitura os descansa do tempo de ecrã, que é uma perceção completamente contrária àquela que nós temos e que repetimos todos os dias que os jovens só querem estar no ecrã. Eles procuram uma alternativa ao ecrã. Agora o que gostávamos de perceber é se há forma desta tendência se prolongar, aprofundar nos gostos e interesses, ou se corre o risco de ser só uma tendência passageira como outras que tem havido.

Nessa relação entre o papel e o digital, o digital é uma das fortes concorrências aos hábitos de leitura. De que forma é que se pode trabalhar para inverter essa tendência da supremacia do digital sobre o livro?

Podemos ler no digital também. Em Portugal essa percentagem não é muito elevada. Começa a crescer. Noutros países já é uma percentagem significativa. Eu diria que temos de mostrar às pessoas como este tempo tem benefícios, como elas próprias se vão sentir melhor, se criarem tempo fora do ecrã, o que estes jovens já perceberam

É um tempo que nos descansa de um ritmo que nós, biologicamente, ainda não estamos preparados, nem adaptados. Andamos a forçar-nos constantemente ao ritmo da informação em linha, da quantidade de informação, de múltiplas fontes, da resposta imediata a tudo e o livro em papel permite-nos um ritmo que é mais o nosso biológico, natural e que isso tem muitos benefícios mentais, de saúde, e tudo isso. Acho que também temos de proporcionar às pessoas a oportunidade de experimentarem, e sentirem isto para perceberem a vantagem que tem.

Focou a dificuldade que há na implementação dos hábitos de leitura digitais. Tem ideia da percentagem de leitores portugueses que leem livros digitais?

Tenho ideia de ter visto num relatório cerca de 10%, mas teria de verificar.

É mais baixo do que os valores no resto da Europa?

É, é abaixo. Noutros países da Europa, lê-se mais e é mais habitual a prática do livro digital, por várias razões.

Para mim, a distinção não é muito importante. O importante é que as pessoas leiam. Eu leio nos dois suportes. Gosto muito de ler em papel, mas quando estou em viagem levo um leitor de livros digitais comigo, porque não posso levar três ou quatro livros na mala e, portanto, é mais prático. O importante é que as pessoas leiam.

"Os jovens gostam de ler e de ler o livro em papel. Gostam do tempo da leitura. Dizem que o tempo da leitura os descansa do tempo de ecrã"

O Plano Nacional de Leitura abriu o concurso para o Plano de Ação de Leitura. De que forma é que estão a implementar esse plano?

Abrimos os Planos de Ação para a Leitura para as escolas, mas também temos os planos locais de leitura para a comunidade. Estes planos de ação para as escolas, o que queremos é ajudar as escolas a olharem para os resultados que tem a leitura, para os hábitos de leitura que os seus alunos têm e que podem variar de escola para escola, do agrupamento para agrupamento e definir uma estratégia de intervenção em função desse diagnóstico.

É um plano que tem de ter uma visão estratégica, muito fundamentada no conhecimento do contexto que são aqueles alunos, que leitores são aqueles, que famílias são aquelas. E definir um plano em função disso, implementá-lo com o nosso apoio e monitorizá-lo com o nosso apoio. Temos uma verba para financiar essas intervenções.

Em que medida é que as escolas são atores principais nessa dinamização da leitura?

As escolas são muito importantes, e não é só a nível da aula de Português. Isso para nós era muito importante criar essa cultura, que uma escola leitora, uma escola que é uma comunidade de leitura, tem um impacto muito maior na vida das crianças e dos jovens do que uma escola que relega esse trabalho apenas para a aula de português.

É um trabalho de várias disciplinas. É um trabalho fora da sala de aula, nos recreios, na biblioteca escolar, noutros espaços. Dou-lhe um exemplo. Algumas escolas implementaram o projeto "10 minutos a ler" e os resultados são impressionantes. Eles conseguem parar durante 10 minutos toda a escola para todos lerem. Estamos a falar de funcionários, de conselho diretivo, professores e alunos. Isto cria uma cultura em que não são só aqueles 10 minutos. O impacto é maior do que isso, porque as pessoas sentem que fazem parte de uma comunidade de leitores, trocam sugestões entre si, entre funcionários, funcionários com professores, com alunos, falam das coisas que leem e sentem-se uma comunidade de leitores. E o impacto, de facto, é muito grande!

O que é que falha? O que é que ainda não faz com que esses 10 minutos de leitura seja uma medida mais alargada a nível nacional? O que é que ainda falta para que esses hábitos de leitura sejam mais implementados?

Eu não quero criticar a gestão das escolas porque sei que as solicitações são muitas, e são sempre mais. Para mim é muito importante que as gestões das escolas percebam que esta visão estratégica da leitura tem de partir da gestão da escola. Não pode ser só responsabilidade dos professores portugueses, não pode ser só responsabilidade do professor bibliotecário. Tem de haver um olhar para toda a escola, e que seja uma missão de todos e uma visão de toda a escola.


Mas há ainda muitas assimetrias a nível nacional, nomeadamente nas escolas e a nível social. Isso reflete-se na implementação de hábitos de leitura?

Nós queremos trabalhar com todas as escolas e se as escolas tiverem muitas dificuldades e tiverem um contexto de partida muito difícil, nós estamos preparados para as ajudar. Isto não é um plano de ação para as escolas que já têm muitos hábitos e muitos projetos.

Pode ser para uma escola que quer começar do zero. Será difícil neste momento haver uma escola que não tenha nenhum projeto de leitura, mas mesmo que haja, nós estamos prontos para trabalhar com todos. Para mim, é importante que todos percebam isto.

Os resultados dos alunos que têm famílias que não leem são sempre muito mais baixos academicamente do que os que têm famílias que leem e, portanto, a escola tem aqui um papel enorme de equalizador social.

Se as famílias não leem, a escola tem de lhes dar esse hábito. Tem de lhes dar a essa prática, essas competências. Tem de investir ainda mais para suprir essa falha, ou essa falta que os alunos têm.

O preço do livro pode ser um entrave no acesso à leitura? Ou as bibliotecas podem suprimir essa questão?

Eu diria que sim, às duas perguntas. Os livros, de facto, em Portugal ainda são muito caros. Nós todos os anos enviamos financiamento para as escolas comprarem livros para atualizarem os seus repositórios. Esta é uma medida que talvez não seja muito conhecida. A maior parte do nosso orçamento é para financiar a aquisição de livros para que as escolas tenham fundo documental atualizado. As bibliotecas municipais também o têm feito. Há bibliotecas municipais com programas para trazer pessoas à biblioteca muito interessantes, de forma que o facto de não podermos comprar livros não seja um impedimento para lermos.

Que outros raios de ação tem o PNL como prioridades?

Os Planos Locais de Leitura. Para nós é muito importante trabalhar com as comunidades e apoiá-las a criarem comunidades leitoras a partir dos contextos locais. Quer sejam comunidades mais idosas, mais rurais, mais isoladas. Quaisquer que sejam as características, queremos trabalhar com os municípios para que os planos locais de leitura sejam muito adequados e deem resposta a essas comunidades. Este é um desafio muito grande, porque significa encontrarmos resposta para todos.

"Os resultados dos alunos que têm famílias que não leem são sempre muito mais baixos academicamente do que os que têm famílias que leem"

O PNL faz uma seleção de livros. Continuam a ter muitos livros a chegarem diariamente para levarem esse selo de qualidade do PNL?

Temos centenas de livros, a nossa dificuldade é termos capacidade de resposta. As editoras enviam-nos, portanto, nós não vamos buscar livros ao mercado para classificar. As editoras é que decidem que livros é que submetem a nossa apreciação. Nós enviamos para os especialistas, e os livros são avaliados mediante critérios que são públicos que estão disponíveis. Levam ou não um selo, portanto, são incluídos no nosso catálogo de sugestões ou não. Este é um processo que é feito duas vezes por ano, portanto, semestralmente incluímos novos livros nas nossas listas, mas são às centenas!

Quantos livros é que até hoje levaram o selo do PNL?

Oito mil cento e tal.

Há pouco tocou na questão de que o Plano Nacional de Leitura é olhado como um programa para crianças. Como é que mostram que estão a trabalhar para leitores de todas as idades?

Quando lhe falei dos Planos Locais de Leitura tem a ver com isso. Até porque, repare, chegamos sempre às crianças. Uma comunidade leitora, uma família que lê, influenciará positivamente os hábitos de leitura das crianças e dos jovens. Portanto, estamos a trabalhar com os municípios. Temos estado a trabalhar com museus, teatros.

No Dia da Poesia, por exemplo, fizemos uma ação com o Centro Cultural do Belém destinada a público adulto, leitor. Temos várias iniciativas pensadas para o público em geral.

Vamos lançar também agora o Plano de Literacia Mediática anunciado pelo senhor ministro da Cultura, em maio. Nós, a partir de setembro, teremos um plano de ação no terreno. É muito importante o Plano de Literacia Mediática seja também para a população em geral. Queremos que as pessoas aprendam a distinguir factos, de opiniões. Que aprendam a perceber como é que as notícias falsas podem manipular a sua opinião, e este assunto é talvez ainda mais difícil de abordar ou de conseguir resultados com uma população mais velha que não está tão habituada aos meios digitais, como jovens estão. Apesar de tudo os jovens terão mais ferramentas para aprender a lidar com este novo mundo da informação, do que as pessoas mais velhas e nós temos de trabalhar também para esse público.


Qual é a principal dificuldade que o Plano Nacional de Leitura tem em termos de meios para a sua ação?

Bom, eu diria que é mesma de toda a gente, não é: orçamento e recursos humanos, pessoas. Felizmente temos uma equipa muito profissionalizada. Precisávamos de uma equipa maior. Em termos de recursos, temos uma grande vantagem de poder receber apoios privados. Temos alguns parceiros privados que nos financiam, por exemplo, estudos ou projetos específicos. Isto é uma vantagem que o Plano Nacional de Leitura tem e que nós queremos continuar. É muito importante que continuem a ver-nos como um parceiro de qualidade para que se sintam confiantes a dar-nos apoio, nomeadamente financeiro, para podermos investir nestes projetos.

Este último ano com alguma instabilidade no sistema de ensino, devido à luta dos professores, criou algumas entropias nas ações que têm junto das escolas?

Nós não sentimos. Temos o Concurso Nacional de Leitura que começa em outubro e cuja final foi no sábado passado. Não houve obstáculos à realização das diferentes fases do Concurso Nacional de Leitura. Em termos de hábitos de leitura dos jovens e de competências de leitura, não temos dados, ainda que permitam avaliar se houve impacto ou não.

Olhando para os jovens, que dados é que tem hoje sobre os seus hábitos de leitura? Que idades é que estão a despertar mais para a leitura?

Nós sabemos resultados destes estudos de mercado que foram feitos, que os jovens dos 15 aos 25 estão a ler mais. Temos agora um estudo que está a ser feito pelo ISCTE para nós, que é um barómetro de leitura, está no terreno. Ainda não temos dados deste ano.

Sabemos que as crianças em idades mais jovens, no primeiro ciclo, sobretudo, leem e gostam de ler. Para nós é muito importante perceber como é que não os perdemos como leitores na transição para a adolescência, porque é aí que os hábitos de leitura descem e que se podem perder.

Em alguns casos são interrompidos durante alguns anos e depois, de facto, a relação com leitura está lá e é retomada, depois de eles saírem daquele período em que estão muito virados para si próprios. Noutros casos, perde-se e, portanto, nós queremos perceber bem como é que podemos trabalhar nesta faixa que vai, talvez diria dos 10 aos 13 anos, para fortalecer estes hábitos e para que os jovens não os percam com a entrada na adolescência. Isso para nós é importante perceber.

Têm outras medidas de incentivo à leitura?

Temos o "Laboratório". É mais do que um plano de ação. O "Laboratório" é instrumental para todos os planos de ação do PNL, mas também para qualquer projeto de leitura que venha da comunidade.

Temos vagas abertas durante o ano inteiro. Qualquer associação social, cultural, município, universidade, qualquer agente da sociedade pode concorrer a uma vaga PNL para pedir ajuda especializada em leitura.

Pode ser alguém que tem uma ideia. E quer transformá-la num projeto e nós ajudamos. Pode ser alguém que tem um projeto e que o quer melhorar, nós ajudamos. Pode ser alguém que quer avaliar um projeto que já foi executado, portanto, nós podemos ajudar em diferentes fases dos projetos.

O primeiro que tivemos foi com a PSP. Já foi apresentado ontem na Fundação Champalimaud. A PSP veio ter connosco a dizer que queriam lançar um livro chamado "Eu Quero Ser Polícia". Têm as ilustrações feitas por uma criança. Já tinham estas ideias todas, já tinham feito o concurso para a história, para quem ia escrever o livro, a criança que ia ilustrar, mas não sabiam como fazer um livro.

O que nós fizemos foi, tivemos uma pessoa da nossa equipa que é excelente a editar texto, a trabalhar com a autora a fazer edição de texto para que o texto fosse adequado àquela faixa etária. E trabalhamos com eles durante todo o processo para que o livro seja uma realidade. Foi uma parceria imprevista, mas que resultou muito bem. Eu acho que é um excelente exemplo, e foi uma excelente forma de começarmos o "Laboratório".

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