António Sala apresenta programa sobre música portuguesa no Canal Cultura

26 nov, 2021 - 22:00 • Maria João Costa

Começa em janeiro, o novo Canal Cultura. O projeto liderado pelo jornalista Paulo Lavadinho, terá como rosto o comunicador António Sala. Promete “descodificar” a cultura, oferendo diversos conteúdos numa aplicação digital.

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Confessa que já não “nem paciência, nem idade para determinados pinotes televisivos” e que recusou convites que teve até agora para voltar à televisão em sinal aberto, por os considerar “desconfortáveis”. António Sala embarca agora num projeto digital. Vai ser um dos rostos do novo Canal Cultura que nasce em janeiro e que vai, ao que diz Sala à Renascença, levar “a cultura mais descodificada” ao público. O projeto liderado pelo jornalista Paulo Lavadinho, vai oferecer num canal pago diversos conteúdos para ver no telemóvel, tablet ou televisão com internet. Desde concertos, a filmes e documentários, o canal contará também com um programa sobre a história da música ligeira portuguesa que será apresentado por António Sala.

Que canal será este do qual será rosto? De que forma irá tratar a informação cultural? e qual o seu envolvimento no projeto?

Fiquei muito contente com o convite do Paulo Lavadinho no sentido de poder ser um dos rostos e das vozes deste canal não linear sobre cultura. Acho que é muito importante este tipo de canal, porque até agora estamos limitados a determinado tipo de canais em sinal aberto, ou no cabo onde há espaços para a cultura. E este é um canal que estará todo o tempo dedicado e virado para a cultura nas suas mais diferentes vertentes.

Propõem-se fazer uma abordagem diferente à cultura?

Daí que seja uma nova forma de tratar a cultura, desde a forma clássica e tradicional com grandes concertos que poderão passar por grandes orquestras, documentários sobre os mais variados temas de cultura, até à cultura mais descodificada e que a torne agradável e sedutora para aqueles que têm uma ideia, quando a mim um bocadinho errada, de que a cultura é sempre uma coisa aborrecida, para não dizer chata. Este canal pretende inverter essa tendência no sentido de criar nas pessoas a ideia de que a cultura é uma coisa interessante e viva. Estamos rodeados de cultura no dia-a-dia, naquilo que vemos, fazemos, nas coisas que escolhemos.

Sendo a cultura um dos setores mais afetados nos últimos dois anos pela pandemia, apostar nesta área neste contexto, é um desígnio?

A pandemia travou a cultura em muitos aspetos, pelo menos de uma forma presencial e esta é uma forma de chegarmos à cultura e a cultura chegar a nós por outras vias. Isso vai ser bom e importante. Podemos pensar desta forma: o dinheiro que gastava habitualmente para ir ver um concerto ou que gastava em determinados atos culturais, vou gastar menos, mas vou ter uma proximidade da cultura no local onde estiver, no ecrã que tiver. Seja um smartphone, um tablet, seja a própria televisão através da internet.

É disponibilizar vários conteúdos culturais de forma digital?

É a cultura a vir ao encontro das nossas algibeiras, no sentido, em que temos um pequeno ecrã que nos acompanha. É um passo decisivo no sentido de aproximar a cultura das pessoas e passar a fazer parte dos seus hábitos quer em termos de informação cultural, das sugestões e das coisas que podem ser vistas e ouvidas de uma forma muito personalizada. Não ouço agora, ouço mais tarde, vejo na altura que for mais vantajosa para mim. É um passo em frente, num canal de escolhas não linear, que estou convencido que pode ser um excelente princípio para que a cultura se torne em Portugal uma coisa que eu defendo há muito, que é um sucesso de dimensão mais alargada.

Como irá funcionar o canal, será por subscrição?

É procurar Canal Cultura, seja no seu tablet, seja em qualquer das plataformas digitais que tem ao seu alcance com internet e a partir daí fazer a sua inscrição. Os pagamentos são feitos da forma habitual sob o ponto de vista eletrónico e como hoje em dia se processam milhares de coisas. A partir daí fica com uma simples aplicação em que carrega nela e ao abrir dá-lhe um menu onde estão instaladas centenas ou mesmo milhares de sugestões.

O público pode ver quando quiser?

Pode escolher ver quando quiser, da forma que entender. Estão ali ao seu alcance apenas com um toque de dedo. Isso vai ser fantástico. Na prática, no seu telemóvel vai ter acesso a um canal cultura televisivo ótimo. Há uma aplicação, essa aplicação é paga, mas a partir daí, o mundo abre-se para si em todas as vertentes culturais e tem ao alcance do seu telemóvel, tablet, televisão com internet, a todo um mundo cultural que o rodeia.

Os conteúdos serão nacionais e internacionais? Que tipo de oferta haverá?

Todo o tipo de conteúdos. Concertos, documentários culturais, filmes que são importantes culturalmente e de qualquer língua e de todas as latitudes. A nível nacional a oferta vai ser muito vasta e eu estou nessa área, que penso que possa ser interessante para descodificar determinadas coisas.

Que programa terá?

Vou ter um programa relacionado com música, onde se vai olhar para os últimos 100 anos da história da chamada música ligeira em Portugal e o que ela traduz para a cultura popular portuguesa. É um olhar em 12 programas, inicialmente, com uma temática sempre diferenciada em cada um deles, onde podemos analisar por exemplo, a música portuguesa e a sua importância no cinema português, desde os instrumentais até às canções que fizeram êxito e que ainda hoje fazem. Não é por acaso que uma canção dos anos 40 como ‘A Minha Casinha’, é ressuscitada décadas depois pelos Xutos e Pontapés e é o êxito que é. Noutro programa podemos falar do Fado de Coimbra, da sua história, noutro podemos falar da importância das baladas e dos trovadores que estão colados a uma revolução que modificou o país. Cada programa será abordado de uma maneira diferente, que seja muito explicativa e que seja ao mesmo tempo muito sugestiva. Vai ser uma descoberta apaixonante e essa é uma cultura que interessa perceber e reter.

Arrancam em janeiro?

Dia 2 de janeiro será o início, já há concertos, coisas boas. A partir de 8 de janeiro já haverá uma panóplia para a escolha. Espero que o Canal Cultura possa fazer parte dos hábitos de muita gente que com um simples toque carrega no CC e vai sentir-se muito feliz com isso.

Num plano mais pessoal, o que representa para si o envolvimento neste projeto?

Para mim é um projeto aliciante e está-me a tornar feliz. Estou muito entusiasmado. Depois, porque com a idade vamos apurando todas as coisas, e eu sou franco, os convites que tive até agora para participar em televisão nos últimos tempos, pelo menos em sinal aberto, eram desconfortáveis. Não eram aquilo que eu gostaria de fazer. Já não tenho, nem paciência, nem idade para determinados pinotes televisivos que nunca fiz e não quero fazer agora nesta fase da minha vida. Depois era também uma maneira de fazer o que eu gosto, como gosto, e nunca estamos isentos de criticas, mas não estou aberto aquela pressão diária das coscuvilhices e do falar e comentar não o que fazemos, mas pelos óculos que temos, pela maneira como estamos vestidos, se estamos mais novos ou mais velhos, se estamos a ficar carecas. Esse é um peditório para o qual eu já não quero dar. Não estou sequer sujeito a isso. Claro que aqui haverá críticas e serão sempre muito bem-vindas, mal seria se não existissem. Mas o público que vai escolher aquelas coisas, escolhe porque quer, e quando tiver de comentar e criticar de forma positiva ou negativa será sempre em relação aos conteúdos e à forma como abordamos as coisas e nunca por questões marginais que francamente não interessam nada a ninguém e muito menos a quem faz televisão.
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