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“De pernas para o ar” e só em português. Regressa a Évora a Bienal de Marionetas

“De pernas para o ar” e só em português. Regressa a Évora a Bienal de Marionetas

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31 mai, 2021 - 12:15 • Rosário Silva

Entre 1 e 6 de junho há 24 espetáculos e 78 sessões, distribuídos por 13 espaços de Évora, entre os quais o histórico Teatro Garcia de Resende que reabre as suas portas depois de profundas obras de remodelação.

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Pela primeira vez desde a sua estreia, em 1987, a BIME - Bienal Internacional de Marionetas de Évora é dedicada exclusivamente à marioneta portuguesa, entre 1 e 6 de junho.

Aos Bonecos de Santo Aleixo, tradicionais anfitriões do evento, juntam-se marionetas de 22 companhias de norte a sul do país, para protagonizar as quase oito dezenas de sessões agendadas para esta edição.

“Esta é uma bienal “de pernas para o ar”, porque também o mundo está assim”, refere José Russo, diretor do Centro Dramático de Évora (CENDREV), a entidade organizadora da BIME.

“Achámos que esta bienal podia ser a oportunidade para valorizarmos o universo português da marioneta”, explica o responsável, por isso, “começámos a palmilhar o país e fomos desafiando gente que trabalha nesta área”.

Por causa das restrições originadas pela pandemia, a cidade de Évora não vai poder apresentar aos habitantes e turistas, os habituais espetáculos de rua tão do agrado de todas as gerações. Ainda assim, há lugar a três sessões itinerantes que vão percorrer todos os dias as ruas da cidade-museu, com muita animação, mas sem as habituais paragens.

No total, a BIME 2021 vai ter 24 espetáculos e 78 sessões, distribuídos por 13 espaços de Évora, desde os antigos Armazéns da Palmeira, passando pela Igreja de São Vicente, até ao Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, sem esquecer o histórico Teatro Garcia de Resende que reabre as suas portas depois de profundas obras de remodelação.

“A BIME gera, habitualmente, uma envolvência da cidade com os bonecos, mas este ano terá de acontecer de outra maneira”, evidencia o diretor do CENDREV.

E para conseguir “tocar mais gente com o espírito da Bienal”, a organização colocou um desafio ao Museu da Marioneta, sediado em Lisboa: instalar as marionetas do seu espólio em montras do centro histórico de Évora, o que acontece pela primeira vez.

Uma outra iniciativa, é uma exposição de retratos dos Bonecos de Santo de Aleixo, da autoria do fotógrafo Paulo Nuno Silva, que dá destaque, no espaço público da cidade, à presença da BIME.

Com o programa disponível na pagina de Facebook da bienal, os interessados podem assistir aos diversos espetáculos, mas apenas mediante reserva de bilhete, embora as sessões sejam gratuitas.

Para quem não consiga bilhete, tendo em conta que a lotação de todos os espaços foi limitada de acordo com as orientações da Direção Geral da Saúde, algumas das sessões vão ser transmitidas em direto através da Internet.

A Bienal Internacional de Marionetas de Évora, que decorre desde 1987 com a presença de companhias nacionais e internacionais, é considerada um dos primeiros eventos desta natureza no país.

“Com forte impacto no panorama internacional, a BIME contribuiu também para a mudança de paradigma em relação ao universo da marioneta em Portugal, quer junto do público, quer junto dos profissionais do ofício titeriteiro”, indica uma nota do CENDREV enviada à Renascença.

Os Bonecos de Santo Aleixo, anfitriões do evento, são os conhecidos títeres tradicionais de varão da região do Alentejo, “manipulados por cima”, à semelhança das marionetas do Sul de Itália e do Norte da Europa.

“São construídos em madeira e cortiça, medem entre 20 e 40 centímetros de altura e são vestidos com um guarda-roupa que permite, como no teatro naturalista, identificar as personagens da fábula contada”, acrescenta a companhia de teatro eborense.

A música (guitarra portuguesa) e as cantigas são executadas ao vivo, enquanto os textos resultam de uma fusão entre a cultura popular e uma escrita erudita.

No início dos anos 80 do século XX, os Bonecos de Santo Aleixo foram acolhidos pelo CENDREV, no Teatro Garcia de Resende e, desde então, sublinha a nota, “uma família de atores profissionais tem dado continuidade à tradição titeriteira alentejana, conservando este espólio, apresentando espetáculos e viajando com os Bonecos pelo mundo fora.”

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