28 mai, 2016 - 10:00
São papéis e são armas de guerra, uma guerra que pôs tropas portuguesas contra os guerrilheiros da Frelimo, no norte de Moçambique. Peças do arquivo do historiador José Pacheco Pereira dão corpo ao novo livro da colecção Ephemera, “A Conquista das Almas - Cartazes e Panfletos da Acção Psicológica na Guerra Colonial”.
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O Estado Novo aprendeu com as experiências da França na Argélia e da Inglaterra na Malásia. Ambos os países usaram a guerra psicológica como ferramenta.
Em Moçambique, os cartazes e os panfletos (muitos deles com desenhos devido ao grande analfabetismo na então colónia) eram lançados de aviões ou colocados nos trilhos de acesso e nas povoações. Mas Portugal usou também emissões de rádio e propaganda sonora emitida directamente a partir de meios aéreos, apelando aos guerrilheiros para que se rendessem.
Portugal tinha no terreno órgãos responsáveis pela elaboração de Planos de Acção Psicológica, cuja execução era avaliada em relatórios, e pela análise da situação psicológica, da qual resultava uma “Carta de Situação Psicológica” (um mapa com cores que assinalavam as áreas geográficas e os seus alinhamentos psicológicos face ao poder colonial).
Os cartazes e panfletos “contam a história da multiplicidade étnica e linguística desse território” e “ilustram a complexidade psicológica de um conflito de guerrilhas, de um combate pela conquista dos corpos e das ‘almas’”, diz a sinopse do livro, da autoria de Aniceto Afonso e Carlos de Matos Gomes, dois militares com conhecimento em primeira mão da guerra e da Acção Psicológica em Moçambique nos últimos anos do poder colonial.