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“Contais comigo”. Novo bispo de Beja garante ficar ao lado dos migrantes e doentes

07 jul, 2024 - 23:54 • Alexandre Abrantes Neves

D. Fernando Paiva assumiu como prioridade olhar para as grandes problemáticas da região, como os migrantes ou a pobreza. Também dentro da Igreja, o novo bispo é visto como “competente” para ajudar a diocese.

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Reportagem de Alexandre Abrantes Neves na tomada de posse do novo bispo de Beja
Ouça a reportagem da Renascença. Foto: Nuno Veiga/EPA

O novo bispo de Beja, D. Fernando Paiva, prometeu este domingo trabalhar em prol dos migrantes, doentes e pobres, três das grandes problemáticas da diocese.

À saída da Sé de Beja esta tarde, onde decorreu a ordenação episcopal e a tomada de posse, D. Fernando Paiva disse contar com todos para superar os desafios que a região enfrenta.

Contais comigo e conto convosco. (…) Assumo o propósito de acolher de modo que todos se sintam incluídos, nomeadamente, os que são da nossa terra e os de fora. [Quero] incentivar o apoio aos que mais necessitam e estão em situação de fragilidade, [como] os doentes. Uma saudação aos mais pobres e aos mais abastados, que precisam de partilhar o que tem em excesso no sentido da promoção da justiça e da caridade”, comprometeu-se, perante dezenas de fiéis que festejavam a sua ordenação.

A Diocese de Beja lida com elevadas taxas de desertificação, às quais se juntam o abandono de idosos e a difícil integração da população migrante essencial à agricultura, como alertou o presidente da Cáritas Diocesana da região.

Por essas razões, e logo na homília, o arcebispo de Évora, que presidiu à cerimónia, apelou a D. Fernando Paiva para ser um fator de união em Beja. D. Francisco Senra Coelho reforçou que um padre tem de saber orientar “as ovelhas perdidas num mundo sem esperança”.

“Neste mundo frágil e desafiante, de ruídos e cacofonias, de fluídos e violentos momentos, deparamo-nos com ovelhas perdidas, desorientadas e afastadas. Eis o desafio que os sinais dos tempos nos apresentam: reunir o rebanho ferido e disperso e ameaçado do nosso hoje”, diagnosticou, perante a audiência.

"É a pessoa indicada", dizem vozes da Igreja

O patriarca de Lisboa foi um dos vários membros da Igreja que marcou presença na ordenação de D. Fernando Paiva.

À Renascença, D. Rui Valério confessou-se “emocionado” por ver o sentido de proximidade do novo bispo com a população e classificou-o como a “pessoa indicada” para assumir os desafios da diocese.

“A migração é um desafio à nossa presença e colaboração. Estar aberto, estar presente, estar atento e ir ao encontro dessas realidades. Por outro lado, não concordo que os idosos estejam abandonados. (…) Eles são amados, estimados. Agora naturalmente sentimos o desejo de que é possível fazer mais e ir mais além e D. Fernando abraça este projeto”, pormenorizou.

D. Fernando Paiva era, até agora, vigário-geral na Diocese de Setúbal. Por isso, o cardeal D. Américo Aguiar, bispo da cidade sadina, também confia na competência do novo bispo – considera mesmo que o futuro será de “boas partilhas” entre as duas dioceses

“Isto é uma riqueza para Diocese de Beja. Leva um dos melhores sacerdotes do presbitério de Setúbal. Tenho lá mais, tenho lá 50. Mas ficámos felizes e contentes por esta partilha, porque é daqueles que menos têm que podemos esperar as melhores partilhas”, detalhou.

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) também fala de um momento de “alegria” e “satisfação”. D. José Ornelas considera que a mudança na Diocese de Beja é sinal de uma assembleia de bispos cada vez mais focada no serviço ao próximo.

“Estamos a contruir uma CEP que não tem de ser unanime em tudo. É uma CEP que se une nos valores e no serviço que prestamos. (…) Temos de nos concentrar no trabalho que temos de fazer e que Deus, a Igreja e os fiéis pedem de nós e que temos de escutar para construirmos juntos”, rematou.

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