04 ago, 2023 - 19:00 • Ricardo Vieira
O Papa pede que todos sejam "sentinelas da esperança" numa humanidade "sedenta de paz". O apelo foi deixado por Francisco no discurso oficial para a Via-Sacra desta sexta-feira, no Parque Eduardo VII, em Lisboa.
Perante 800 mil peregrinos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), o Papa foi espontâneo, improvisou bastante e não leu grande parte do discurso oficial divulgado aos jornalistas.
Perante os conflitos armados, as guerras interiores de cada um e as crises, o Papa recordou no discurso oficial o exemplo de Jesus Cristo aos participantes no acontecimento da JMJ.
Retomando a ideia da Igreja aberta a todos e de braços abertos para acolher, Francisco disse que Cristo veio ao nosso encontro, “a ponto de Se abaixar aos nossos pés para os lavar, a ponto de receber as nossas chagas para as curar, a ponto de tocar o fundo da nossa humanidade: as solidões, os medos, os sofrimentos, a dor, o abandono, a morte”.
Jesus “caminha ao nosso lado”, declarou, “sem parar, sem descansar, sem pensar minimamente que seja inútil, sem cessar de esperar por nós, sem cessar de nos amar”, afirmou o Santo Padre na “capital do mundo”, que por estes dias é Lisboa.
E se o Filho de Deus caminha ao nosso lado, o Papa pede a todos que abram os corações ao Seu amor, se deixem iluminar pela “luz da beleza” que ofusca as “paralisias da tristeza, da resignação, daquela acédia da alma que te apaga o entusiasmo”.
Que ouçam o chamamento e sejam “sentinelas de esperança capazes de ousar novos passos na escuridão da noite, de não nos amolgar-mos no passado, de não nos deixarmos amedrontar pelo futuro”, salientou o Papa.
Jesus carrega a cruz em nome da humanidade e Francisco pede-Lhe que “tome mais uma vez sobre Si as injustiças, as violências, as discriminações, os horrores da guerra e tudo o que fere os pobres e devasta a criação”.
“Levemos-Lhe os gritos desoladores da nossa humanidade sequiosa, sedenta de paz. Olhemos com confiança para Aquele que «é a nossa paz» (Ef 2, 14). A Ele, trespassado por nós, abramos o coração. N’Ele confiemos. O sangue e a água, que correm do seu lado, desçam sobre nós, nos purifiquem e transformem; tornem-nos profetas apaixonados do Evangelho, testemunhas ousadas de esperança”, concluiu o Papa na Via-Sacra, no discurso escrito que acabou por ler apenas algumas partes no Parque Eduardo VII.
Num discurso marcado por momentos de interação com os fiéis, Francisco pediu desafiou os peregrinos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) a seguirem o caminho de Jesus Cristo, porque "ninguém tem mais amor do que aquele que dá a vida pelos outros".
Nas palavras de improviso aos peregrinos durante a Via-Sacra desta sexta-feira, no Parque Eduardo VII, em Lisboa, Francisco disse que nunca estão sozinhos porque Jesus caminha ao seu lado.
Nos momentos mais baixos e sombrios, "Jesus espera com o seu amor e ternura dar-nos consolo, enxugar as nossas lágrimas".
Perante 800 mil pessoas, o Papa desafiou a multidão à reflexão e ao silêncio.
"Eu faço-vos agora uma pergunta, mas não respondam em voz alta. Respondam para dentro. Eu choro de vez em quando? Há coisas na vida que me fazem chorar? Todos na vida chorámos e choramos toda a vida. Ele chora connosco porque nos acompanha na escuridão que trazemos dentro. Façam um breve silêncio e diga a Jesus porque coisas choram na vida… ", interpelou.
Francisco disse aos jovens que "amar é arriscado, mas é preciso correr o risco de amar. Vale a pena correr o risco porque Ele acompanha-nos sempre, sempre durante toda a vida está junto a nós".
Hoje vamos caminhar com Ele, percorrer o caminho do seu sofrimento, de muitas ansiedades, das nossas solidões.
De seguida, o Papa pediu mais alguns segundos de silêncio. "Pensem no vosso próprio sofrimento, ansiedades, nas próprias misérias. Não tenham medo. E pensem na vontade que têm que a alma volte a sorrir", declarou.