04 ago, 2023 - 13:12 • André Rodrigues
“Somos de Clovis, Novo México, Estados Unidos”. A resposta de Samantha é pronta, quando abordada juntamente com a dezena de jovens que a acompanharam até ao Parque Eduardo VII para o primeiro contacto com o Papa.
Sorridente, expressiva e “muito grávida”, conta à Renascença esta peregrina de 28 anos que vai ser mãe pela sexta vez “lá para dezembro” e que vive em Lisboa a primeira experiência numa Jornada Mundial da Juventude.
“A minha família já me disse: com esta idade vou mesmo ter de fazer vida disto”, diz em tom de brincadeira.
Às 13h00, o calor que atravessa a Colina do Encontro é temperado por uma brisa que torna o sol um pouco menos inclemente. “Viemos do deserto, já estamos habituados”.
Sentados em sacos plásticos e mantas de algodão, estes cerca de 10 norte-americanos vieram preparados para uma espera de quatro horas: água, comida, sombras e, claro, as bandeiras norte-americanas.
O que traz uma mulher grávida do outro lado do mundo até um local onde se concentram meio milhão de pessoas, sob um sol abrasador?
“Fé e gratidão pelo exemplo do Papa… eu tinha de estar aqui… estou ótima”, sorri Samantha, que garante que não vai esquecer “a hospitalidade e a simpatia com que fomos recebidos” em Freixianda, no concelho de Ourém, diocese de Leiria-Fátima.
Questionada se tem receio de um golpe de calor ou de, por alguma razão, sentir-se mal no meio de tanta gente, Samantha diz que "não há medos" e que tem “total confiança” nos amigos que não a deixam dar um passo sem companhia. “Além disso, temos água fresca, comida, guarda-sóis e as nossas bandeiras protegem-nos”.
O drapejar das bandeiras ao sabor do vento forma um mar de tendas improvisadas, uma imensa paleta de cores e de nações sob as cabeças dos peregrinos, tornando a longa espera um pouco mais confortável.
Lá em cima, no altar-palco, o ponto mais alto do Parque Eduardo VII, o ritmo da música contagia. Samantha canta, dança e sorri, assume o comando e puxa pelos amigos que a acompanham.
“Se tiver de desmaiar, que seja aqui… ficarei muito feliz por ter conseguido viver tudo isto”. Os olhos não mentem. Há momentos em que as lágrimas dizem mais do que as palavras.
“Saio daqui preenchida e quero transmitir aos meus filhos esta mensagem de inspiração do Papa Francisco. Para que a levem para tudo o que façam na vida deles”, remata.
Blandine também veio a Lisboa estrear-se numa Jornada Mundial da Juventude.
Esta jovem francesa de Fontainebleu, nos arredores de Paris, tem a seu cargo um grupo de escuteiros.
O que diria a Francisco, se tivesse essa oportunidade? “Certamente, iria agradecer-lhe o compromisso com os jovens”.
Blandine diz à Renascença que aprecia o “apelo do Papa à coragem dos jovens para se desassosseguem e se deixem desconfortar, para que arrisquem”.
“Vir aqui é um primeiro passo. Poder inspirar todos estes meus companheiros a serem mudança no mundo é a minha missão… minha e de todos que, como eu, estão aqui”, remata.