27 jun, 2023 - 08:50 • Olímpia Mairos
Com a Jornada Mundial da Juventude à porta, os jovens contam os dias para estarem em Lisboa e fazerem a festa com os jovens que vêm de tudo o mundo.
Bruno Borges, de 20 anos, estudante de Ciências da Comunicação no Porto, deixa transparecer a alegria e o entusiasmo que o envolvem por poder participar e também por estar na organização da jornada a nível da diocese de Bragança-Miranda.
“Incrível, incrível, nunca pensei poder organizar uma Jornada Mundial da Juventude e, de repente, vejo-me inserido no meio da organização, e é de facto extraordinário”, conta, por entre sorrisos, à Renascença.
Bruno faz parte do Comité Organizador Diocesano, é o coordenador adjunto, e a seu cargo têm estado a comunicação e as inscrições para as jornadas. Descreve esta missão como “fantástica”, notando que desde a “peregrinação dos símbolos” tem havido “uma adesão constante por parte dos jovens”.
Para Lisboa, este jovem leva na bagagem “muita esperança e alegria”, acreditando que a JMJ pode ser “um motor de rejuvenescimento da Igreja em Portugal, capaz de atrair mais jovens para a Igreja, para que os jovens possam contagiar a Igreja”.
Um processo em que todos contam e todos são importantes. E aqui, o jovem, sempre de máquina fotográfica ao pescoço, destaca a chegada à diocese de D. Nuno Almeida, “um bispo jovem e que está para a Juventude, muito alegre”.
“Vemos que é um bispo que toca guitarra, que se junta aos jovens e parece-me que está motivado e de portas escancaradas para os jovens, como ele disse à Renascença, e abrir até janelas, se for preciso, para os jovens. Portanto estamos muito alegres”, realça.
Bruno Borges acredita, por isso, que a Jornada Mundial da Juventude pode ser o pontapé de saída para uma nova dinâmica na pastoral juvenil, na diocese de Bragança Miranda.
“Já está a ser e eu acho que, cada vez mais, poderá ser um pontapé de saída para a Igreja Bragança-Miranda. No pós-jornadas é importante manter a motivação, não baixar braços, para que os jovens se sintam também motivados com equipas motivadas, para que assim possam seguir com a Igreja”, observa.
Inês Pires, 23 anos, licenciada em Ciências da Nutrição, não vê a hora de partir para Lisboa com os jovens da diocese.
“Acho que vai ser uma ótima oportunidade para nós convivermos com jovens que partilham a mesma fé que nós, acho que é uma oportunidade única. Pelo menos no nosso país, não teremos uma oportunidade destas nas nossas vidas nunca mais. Por isso, estou muito entusiasmada para viver essa experiência, principalmente porque vou com o meu grupo de jovens e acho que é uma ótima forma de crescermos também”, conta à Renascença.
As expectativas desta jovem, sempre sorridente, “são altas, são muito altas”, porque diz estar “muito entusiasmada” e acha que “vai ser uma experiência muito boa para todos”.
Questionada sobre as privações a que vai ser convidada - como o conforto de uma cama - diz que o facto de ter que dormir num saco-cama “não assusta nada, até pelo contrário”, porque considera que “quando surgem oportunidades, são para aproveitar. E quando pessoas dizem ‘ah!, podes vir, ficar em minha casa’, eu acho que a experiência das jornadas é mesmo esta: é nós vivermos apenas com o que é essencial, que é a nossa amizade entre todos e também a fé”.
“Eu acho que tudo o resto acaba por ser muito acessório, porque ao estarmos todos juntos, isso torna-se completamente secundário”, diz.
Também Fábio Penafria, 20 anos, estudante de Filosofia, está ansioso pelo início das jornadas.
Vai cheio de vontade em participar neste “grande encontro de jovens com Cristo” e vai “como presença, à procura da presença de Deus”.
“É realmente maravilhoso ver uma associação tão grande, partindo de uma instituição que parte sempre da pessoa do Santo Padre para este encontro, nós com ele, e esta proporção que há de ser vivida em Lisboa, como foi vivida em tantos outros sítios de proximidade”, diz.
Este jovem de Vila Flor é a primeira vez que participa numa jornada e, por isso, leva “grandes expectativas e uma grande dose de realidade” marcada, sobretudo, “pelos tempos que temos passado”.
O ter, provavelmente, que dormir numa escola ou em qualquer outro equipamento público, longe de assustar este jovem, desafia-o muito e proporciona-lhe uma “alegria imensa”.
“É mesmo bom saber que não é uma condição que vai ser só minha, vai ser partilhada por milhares, quiçá milhões de jovens, que é propícia realmente ao encontro e ao estar”, destaca, acrescentando que “podemos olhar para isto de duas maneiras: pode ser a falta de comodismo, pode ser o dormir pouco, ou não, não comer sempre aquilo que nós queremos, mas, de facto, é muito mais interessante ter uma boa conversa, ter uma boa companhia, conhecer pessoas, visitar locais e estarmos uns com os outros”.
“Nós, portugueses, neste caso, acolhermos as pessoas que chegam e podermos estar com elas, que maravilha que há de ser”, antecipa.
Da Diocese de Bragança-Miranda vão partir para a JMJ 2023 cerca de 400 jovens. Um número que superou de longe as expetativas que apontavam para a presença de cerca de duas centenas.
“Estamos muito felizes por isso, não tanto pela quantidade, mas, sobretudo, por uma adesão de espírito à jornada e ao espírito da jornada, não só naqueles que vão para Lisboa, mas também com aqueles que nos acompanham aqui no terreno e que se juntam a nós, em oração e em dinamismo nas comunidades”, conta a irmã Conceição Borges à Renascença.
Segundo a diretora da Pastoral da Juventude da Diocese de Bragança-Miranda, sente-se “um espírito de esperança, de alegria e de comunhão nas várias realidades juvenis da diocese”, ilustrando esta realidade, ao verificar que, apesar de terem “estimado a presença nas jornadas de 200 jovens”, vão “chegar ao dobro”.
A Jornada Mundial da Juventude decorre, em Lisboa, de 1 a 6 de agosto e na semana anterior, entre 26 e 31 de julho, milhares de jovens que participam, vindos de todo o mundo, são integrados nas várias dioceses do país, nos chamados “Dias nas Dioceses”.
A diocese de Bragança-Miranda vai acolher entre 700 e 800 jovens, sobretudo de Espanha, Polónia e alguns países latino-americanos.
Confessando que queria “uma preparação ideal, com mais tempo”, a irmã Conceição Borges destaca a “muita adesão e a muita disponibilidade da parte das instituições, dos municípios, do IPB e das pessoas individuais que se disponibilizam para este acolhimento”.
A responsável acredita também que as jornadas são caminho para o rejuvenescimento da pastoral com os jovens.
“Temos sempre sonhos e não deixamos de sonhar e o sonho comanda a vida de qualquer forma. Mesmo não tendo chegado onde tanto queríamos, abriram-se portas, que não vamos deixar que se fechem, e vamos continuar este caminho depois das jornadas”, assinala.
A chegada do novo bispo à diocese é também um motivo de alegria para a religiosa que na reação às declarações de D. Nuno Almeida à Renascença, em que este assegurava que o seu coração vai estar escancarado para os jovens, responde que “serão dois corações escancarados”, porque “os jovens estão com muita esperança, com muita comunhão, com muito entusiasmo para acolher, trabalhar e caminhar com o D. Nuno”.