04 dez, 2022 - 23:03 • Liliana Monteiro
A Jornada Mundial da Juventude conta nos bastidores com muitas caras de todo o mundo, algumas começaram a chegaram já no Verão para começarem a preparar este encontro dos jovens com o Papa Francisco, que acontece em Lisboa entre os dias 1 e 6 de agosto do próximo ano.
Há voluntários de longa duração, média e curta, contas feitas são todos importantes para colocar em marcha o maior encontro católico que é Jornada Mundial da Juventude 2023 (JMJ). Chegam de forma espontânea e oferecem a vontade de ajudar à qual juntam muitas vezes uma procura interior ou a necessidade de estarem mais próximos da fé.
Esmeralda Sosa, Bartosz Placak, Chiara Kollmeder foram alguns dos primeiros voluntários a chegar para ajudar a preparar a JMJ 2023. Trabalham diariamente na sede da Jornada no Beato (que a reportagem da Renascença visitou) e fazem parte de um grupo mais alargado de outros voluntários (ao todo dentro e fora de sede cerca de 500).
Estamos a meio da manhã e o trabalho das várias equipas está já em curso, ouvem-se risos em grupo, numa das muitas salas alguns jovens gravam um video para cativar mais voluntários, outros tratam da comunicação e das redes sociais, é o caso de Esmeralda Sosa, de 25 anos, vinda do Panamá. Esta jovem com ar de menina, estatura baixa, morena e muito sorridente chegou no final de outubro a Portugal, é jornalista, estudou por cá português e ajuda nas traduções para espanhol.
Em 2019, quando a terra natal recebeu a JMJ, soube que queria ajudar a organizar a próxima. “Esperava por uma resposta, estava no sofá em casa, no Panamá, quando recebi resposta à minha inscrição para voluntariado e pensei: uau! que responsabilidade grande! E não há outra forma de encarar isto senão sendo com responsabilidade” e acrescenta, “fico muito grata pela oportunidade de trabalhar para a juventude do mundo, a igreja e Deus. Este é um encontro que faz muitos jovens conhecerem a beleza da igreja e a alegria que se vive nela” .
Esmeralda está a viver com uma família portuguesa e como ela diz durante um ano terá pais portugueses e será a irmã mais velha dos quatro filhos do casal.
Os voluntários chegam de todo o mundo e são todos muito bem vindos diz-nos Pedro Viana da direção de acolhimento e voluntariado (DAV). “Há voluntários do mundo todo, a última que chegou é do Gana e foi a primeira de longa duração a ser admitida, temos pessoas da Polónia, França, Panamá, temos uma amostra do mundo inteiro e talvez um pouco mais de mulheres do que homens”.
É arquiteto e também ele dá do seu tempo e como pode à JMJ, “é muito gratificante trabalhar aqui, olhamos à volta e vermos tanta gente a dar tempo para construir as jornadas gratuitamente, isso é muito bonito. Veem aqui a oportunidade de servir e um tempo ganho de investimento para o futuro, alguns aproveitam para fazer uma pausa entre o estudo e o inicio do trabalho”.
Nesta altura há cerca de 20 voluntários de longa duração, mas são os chamados de curta duração, que vão ser mais necessários na semana do encontro e na anterior e aí os cálculos apontam para 20 a 30 mil necessários. As inscrições estão a decorrer e há várias modalidades de participação com valores que variam entre os 30 e os 145 euros, dependendo das necessidades de alojamento, alimentação, etc.
Alguns dos voluntários estão a viver com famílias portuguesas que os acolheram, outros em casa de religiosos. “É preciso ver o perfil deles, em que área da JMJ podem ajudar, alguns no acolhimento, outros no contact center, comunicação, em todas estas áreas são necessárias pessoas com conhecimento em outras línguas para ajudarmos toda a gente”, explica Pedro Viana, adiantando que em curso estão já diversas formações dirigidas aos voluntários que passam pelo conhecimento integral do funcionamento da JMJ, ao espirito de equipa e liderança, atenção aos peregrinos, etc…
Bartosz Placak, 28 anos, estudou geologia e está encarregue pela área das relações internacionais em particular com as Américas, chegou no inicio de outubro. Este jovem de cabelo encaracolado e de sorriso fácil está visivelmente encantado com a experiência que não é nova.
“A JMJ pode ser vista como um caminho para a fé. Em Cracóvia (JMJ 2016) percebi que como numa obra posso dar os meus talentos, ajudar e é disso que eu gosto. Estes encontros são muito especiais para o meu crescimento como cristão. Depois no Panamá (JMJ 2019), esta Jornada teve grande impacto me mim, foi um encontro pessoal com Jesus e percebi que recebemos sempre mais do que damos nestes encontros ”.
Dá-nos entrevista sempre com os olhos a brilhar. “É a primeira vez que estou em Portugal, o país encanta-me e quando cheguei estava tudo muito bonito, aquele céu claro e com sol, totalmente contrário ao mesmo dia na Polónia e essa primeira imagem da minha chegada marcou-me muito”. Vive com os padres Espiritanos na Estrela, “participo na vida deles sempre que é possível, de manhã junto-me às laudes e à noite jantamos sempre juntos”.
Quando terminamos esta entrevista convida-nos a juntar à oração do Angelus ao meio dia porque aqui trabalha-se vivendo sempre a fé e como nos disse Esmeralda “não só fazemos trabalhos de orgazinação, mas também temos de rezar, também temos alma e é preciso nutri-la e rezar pelos frutos da jornada”.
E é mesmo ali no corredor que une as várias salas que todos se juntam para rezar, a eles juntou-se também o bispo auxiliar de Lisboa, D. Américo Aguiar, que frequentemente se encontra presente no terreno.
Noutra sala encontramos depois uma das voluntárias mais novas chama-se Chiara Kollmeder, veio de Munique na Alemanha, tem 18 anos. Já tinha vindo em mais pequena três vezes a Fátima com os pais, pais que também a tinham levado a algumas jornadas mundiais.
“Espero fazer crescer o meu Eu, e já sinto isso, já sorrio, o que não acontecia muitas vezes em Munique, tenho mais amigos por todo o mundo e estou a assimilar todo o poder desta experiência de um ano ” e é sem hesitar que deixa um apelo, “tenham fé, venham e vejam como isto é, não se trata de ir apenas à igreja mas vivê-la, isto é para todos e no final dar-vos-á um sorriso na cara de felicidade”.
Já Esmeralda, a voluntária do Panamá com quem conversámos inicialmente, diz “ não duvides em participar nesta jornada, é única, deixa uma marca no coração que não se volta a viver, não duvides, mesmo que não tenhas a certeza do que queres, vai e tenta, quando nos atrevemos temos sempre uma nova experiência, se não arriscas nada ganhas”.
A maior parte dos voluntários são católicos, mas isso não é um requisito. Há muitos que têm simplesmente vontade de ajudar e de se sentirem úteis neste evento, para outros é uma ocasião de encontro com Cristo e há os que vêm à descoberta e acabam surpreendidos pela Fé.
A JMJ tem no seu site oficial mais informação dirigida aos voluntários e a todos os outros participantes da Jornada Mundial da Juventude.
Dia Mundial Do Voluntariado
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