Igreja Matriz de Torre de Moncorvo elevada a basílica

29 jan, 2022 - 10:22 • Olímpia Mairos

A celebração solene da promulgação do título está prevista para o dia 18 de julho de 2022, memória do arcebispo São Bartolomeu dos Mártires.

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O Papa Francisco concedeu o título de Basílica Menor à igreja Matriz de Torre de Moncorvo, na Unidade Pastoral de S. José, Arciprestado de Moncorvo.

O decreto da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, assinado a 12 de janeiro de 2022, reconhece a importância do templo religioso na ação pastoral, litúrgica e espiritual e o seu valor patrimonial e arquitetónico.

O administrador diocesano de Bragança-Miranda, D. José Cordeiro, recebeu a notícia “com gratidão”, considerando ser “um sinal da memória agradecida do arcebispo Santo S. Bartolomeu dos Mártires que, ao tempo, terá pensado na criação de uma diocese cuja sede fosse naquela igreja matriz”.

Celebração solene em julho

A celebração solene da promulgação do título está prevista para o dia 18 de julho de 2022, memória do arcebispo São Bartolomeu dos Mártires, que passará a ser o dia do aniversário da basílica.

“Basílica” é o título concedido pela Santa Sé a algumas igrejas pela sua antiguidade ou por serem centros de peregrinações.

Há “Basílicas Maiores” e “Basílicas Menores”, de que são exemplo, em Portugal, a dos Mártires, em Lisboa, a Real, de Castro Verde, a de Santo Cristo de Outeiro, em Bragança, a de Nossa Senhora do Rosário de Fátima e a da Santíssima Trindade, em Fátima.

A proposta de elevação a Basílica foi lançada por D. José Cordeiro e contou com a colaboração da Conferência Episcopal Portuguesa que, na Assembleia Plenária de junho de 2020, deu parecer positivo, do Conselho Presbiteral da Diocese de Bragança-Miranda, da Câmara de Torre de Moncorvo, da Direção Regional de Cultura do Norte, da Junta de Freguesia de Moncorvo, da Unidade Pastoral de São José e de muitas pessoas e instituições.

Igreja quinhentista

A construção da Igreja Matriz, situada no Largo General Claudino, em pleno centro histórico da vila de Torre de Moncorvo, teve início na primeira metade do séc. XVI, prolongando-se até aos primeiros anos do século seguinte.

Na fachada principal destaca-se a torre saliente que transmite um acentuado sentido de elegância ao edifício e um pórtico de estilo renascença. Possui lateralmente dois corpos salientes: a sacristia, a norte, e um alpendre junto ao pórtico sul.

De destacar ainda o conjunto de esculturas, nomeadamente os anjos que coroam o topo da igreja sobre o altar-mor, bem como as gárgulas que se encontram ao nível da cornija.

O interior do templo encontra-se organizado segundo o esquema das “igrejas-salão” com três naves, sendo os cinco tramos destas abobadados à mesma altura. A capela-mor de forma retangular é destacada do corpo principal: possui um retábulo barroco de talha dourada dos meados do séc. XVIII; nas paredes laterais da mesma encontram-se frescos representando a anunciação e a última ceia. A Capela-mor é ladeada por dois absidíolos em semicírculo: a capela do Santíssimo Sacramento e a capela das Chagas.

A capela do Santíssimo Sacramento apresenta um retábulo com vários painéis alusivos à vida e paixão de Cristo, bem como esculturas dos evangelistas e doutores da Igreja. É de realçar o tríptico flamengo alusivo à sagrada parentela de Santa Ana, bem como o gradeamento em ferro forjado. Na capela das Chagas encontra-se uma composição de altares provenientes da igreja do antigo convento de S. Francisco.

No batistério é de realçar o Santo Cristo, S. João Evangelista e Maria Madalena, de aspeto flamengo.
A sacristia é abobadada com nervuras de traça manuelina. O altar é datado ao séc. XVII.

A Igreja possui ainda um valioso órgão, localizado no coro, do séc. XVIII, bem como um numeroso património móvel, cujas peças mais relevantes se encontram em exposição no Museu de Arte Sacra de Torre de Moncorvo.

A igreja é um dos imóveis com maior valor arquitetónico do distrito de Bragança, considerado mesmo Monumento Nacional, desde 16 de junho de 1910. O templo tem culto regular e pode ser visitado de terça-feira a domingo.

Obras de Conservação e Restauro

A Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN) está a realizar obras de conservação e restauro da nova basílica.

O investimento superior a 200 mil euros visa “efetuar uma intervenção de reabilitação, restauro e consolidação do edificado; realizar os trabalhos de conservação e restauro do espólio artístico integrado; melhorar as condições de acessibilidade e visita”, informou a CRCN em comunicado.

Numa primeira fase, a intervenção vai incidir na conservação e restauro das pinturas murais da capela-mor, uma pintura integral, sobre granito na abóbada de berço, cornija, arco cruzeiro e enxalços dos vãos, e sobre reboco nas paredes.

Segundo a nota, o conjunto pictórico “denota o resultado do mau estado de conservação do edifício, particularmente as pinturas sobre reboco dos alçados da capela-mor, degradação que resultou sobretudo de infiltrações de águas pluviais”.

A DRCN assinala que na intervenção, “assente em critérios de rigor histórico, científico e técnico, valoriza-se a vertente conservativa, melhorando-se, sempre que possível e necessário, a leitura do conjunto”.

“São várias as atividades a desenvolver na área da reabilitação e restauro da Igreja, abarcando essencialmente a capela-mor e os absidíolos, mas também o espaço do alpendre sul e as portas”, sublinha o comunicado, acrescentando que “será ainda efetuado um estudo/ diagnóstico sobre o estado de conservação da pedra nos três portais do edifício: principal, norte e sul, com o objetivo de preparar uma futura intervenção de conservação e restauro”.

O objetivo, segundo a DRCN, é para além da “salvaguarda efetiva do imóvel”, melhorar e reforçar “o interesse turístico da região conduzindo-a para ser cada vez mais um polo de atração e formação de públicos variados”.

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