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Entrevista no Forte de Peniche

Putin e Netanyahu devem ser detidos se vierem a Portugal, afirma PCP

09 dez, 2024 - 07:00 • Tomás Anjinho Chagas

Paulo Raimundo diz que Portugal deve cumprir mandado de detenção do Tribunal Penal Internacional. Questionado se gostaria de viver em Portugal num regime como o da Rússia, Coreia do Norte ou Venezuela, o líder do PCP é perentório a responder: “Claro que não”.

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PCP: Putin e Netanyahu devem ser detidos se vierem a Portugal
PCP: Putin e Netanyahu devem ser detidos se vierem a Portugal

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Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, assinala que caso Vladimir Putin, presidente da Rússia, ou Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, pisem solo português devem ser detidos.

Numa entrevista em exclusivo à Renascença, em conjunto com os antigos secretários-gerais do PCP, Jerónimo de Sousa e Carlos Carvalhas, Paulo Raimundo esclarece as posições do partido em relação a temas internacionais, que colocaram o PCP debaixo de fogo, especialmente depois da invasão da Ucrânia pela Rússia.

Atualmente, com as guerras na Ucrânia e no Médio-Oriente, há dois mandados internacionais de captura dos líderes da Rússia e de Israel, emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), que exige que os países que aderiram ao tratado internacional, façam detenções de uma determinada pessoa quando ela está na sua jurisdição.

Questionado sobre se Portugal deve cumprir o mandado de captura e deter Vladimir Putin – acusado de mandar executar crimes de guerra – no caso de o Presidente russo pisar solo português, Paulo Raimundo destaca que o país deve cumprir aquilo que subscreveu, e acrescenta o caso de Benjamin Netanyahu – acusado do mesmo crime, em conjunto com o líder do Hamas – no âmbito do conflito entre Israel e a Palestina.

“Ainda que esteja na moda que subscritores do TPI decidam o que fazem em função do foragido, Portugal, como membro e subscritor, teria de cumprir aquilo a que está obrigado, seja ele quem for”, afirma o secretário-geral do PCP.

Paulo Raimundo aproveita ainda a deixa para criticar a “hipocrisia total” de países como França ou a Alemanha, que já mostraram reservas em fazer uma detenção a Benjamin Netanyahu no caso de o primeiro-ministro israelita visitar os seus territórios.

“Claro que não”: Paulo Raimundo não gostava de ter regime como o da Rússia ou Venezuela em Portugal

Depois das posições equívocas do PCP em relação à guerra, o atual líder comunista foi questionado se gostaria de ter um destes regimes em Portugal: “Claro que não, nós lutámos durante 48 anos para acabar com o fascismo no nosso país, somos construtores do regime democrático, somos construtores da Constituição da República Portuguesa,”

Em vésperas do XXII do Congresso do PCP, Paulo Raimundo esclarece que o partido “não recebe lições de democracia de ninguém” e quando a Renascença lhe perguntou se a Rússia, Coreia do Norte, China ou a Venezuela são democracias, o atual secretário-geral do PCP não responde diretamente e acrescenta outros países à pergunta: “E o Irão, Arábia Saudita, Angola, Argentina, Geórgia ou a Moldávia?”

O líder do PCP diz ainda que “se formos por aí nunca mais acaba” e considera que esses países “têm as formas de organização que o povo de cada um destes países decidiu que deve ter”.

Por outro lado, Paulo Raimundo sublinha que “se há coisa que a história demonstra é que um povo, se não está contente com a sua forma de organização, encontrará os caminhos para alterá-la”.

Logo depois, Carlos Carvalhas, antigo secretário-geral do PCP, acrescentou que “quando nós [PCP] referimos esses países, nunca referimos modelos de democracia”, e aponta aquilo que considera ser uma das virtudes destes regimes. “São países que fazem frente à tentativa de domínio mundial dos Estados Unidos da América”, vinca o homem que sucedeu a Álvaro Cunhal na liderança do PCP.



Este é um excerto de uma longa entrevista aos três secretários-gerais do PCP, Paulo Raimundo, Jerónimo de Sousa e Carlos Carvalhas – que ocupou o cargo depois de Álvaro Cunhal.

Ficha técnica: Cristina Nascimento e Susana Madureira Martins (entrevista), Ana Kotowicz (textos), Ricardo Fortunato, Beatriz Pereira e Catarina Santos (imagem e edição), José Ferreira, Diogo Rosa e José Loureiro (som), Diogo Casinha (edição de som), Tomás Anjinho Chagas (rádio e textos), Pedro Leal, Arsénio Reis e Maria João Cunha (coordenação)

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