09 dez, 2024 - 07:00 • Tomás Anjinho Chagas
Entrevista no Forte de Peniche
A menos de uma semana do Congresso de Almada, a Re(...)
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O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, alerta para a possibilidade de se “pôr em causa” a lei da interrupção voluntária da gravidez ao abrir a discussão do alargamento do prazo do aborto das 10 para as 12 semanas, uma proposta do PS.
Em entrevista à Renascença, em conjunto com os antigos líderes do PCP, Jerónimo de Sousa e Carlos Carvalhas, o atual secretário-geral assinala que abrir a discussão com a “correlação de forças que existe” pode culminar num eventual recuo na legislação em vigor.
“Devíamos refletir se o momento em que estamos, a correlação de forças que existe, é o momento apropriado para voltar a pôr em causa um aspeto que está consagrado”, avisa Paulo Raimundo, numa altura em que existe maioria de direita no Parlamento – apesar de não ter existido nenhum partido a manifestar essa vontade até agora.
PCP
Nas vésperas do XXII Congresso do PCP, a Renascenç(...)
O líder comunista ironiza ao dizer que “há lobos sem ser na serra, estão à espreita” e – apesar de assumir que o PCP votaria favoravelmente numa proposta de alargamento do IVG – Paulo Raimundo dirige-se aos partidos à esquerda para avisar que “não podem permitir que a propósito de supostos avanços se ande para trás”.
“A correlação de forças hoje é tudo para andar para trás, não é para andar para a frente”, defende Paulo Raimundo durante a entrevista gravada no Forte de Peniche, antiga prisão para os opositores políticos de Salazar durante o Estado Novo, e dada em vésperas de um novo congresso dos comunistas.
Na reentré política, em setembro, o PS revelou que pretende alargar o prazo para a interrupção voluntária da gravidez (IVG) das atuais 10 para 12 semanas. Paulo Raimundo assume que o partido votará a favor, caso a proposta seja apresentada, mas considera que pode não ser o momento para “mexer nisto”.
Paulo Raimundo sublinha que há vontade de “andar para trás” em várias áreas, mas vinca que o aborto. “por aquilo que pode representar de retrocesso”, deve ser especialmente calculado.
Já sobre a posição em relação à despenalização da morte medicamente assistida, o líder do PCP mantém a posição historicamente contra a eutanásia. “Não definimos posições em função de cálculos eleitorais”, refere, falando de uma posição “em função do rigor e da verdade”.
Este é um excerto de uma longa entrevista aos três secretários-gerais do PCP, Paulo Raimundo, Jerónimo de Sousa e Carlos Carvalhas – que ocupou o cargo depois de Álvaro Cunhal.
Ficha técnica: Cristina Nascimento e Susana Madureira Martins (entrevista), Ana Kotowicz (textos), Ricardo Fortunato, Beatriz Pereira e Catarina Santos (imagem e edição), José Ferreira, Diogo Rosa e José Loureiro (som), Diogo Casinha (edição de som), Tomás Anjinho Chagas (rádio e textos), Pedro Leal, Arsénio Reis e Maria João Cunha (coordenação)