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Entrevista no Forte de Peniche

PCP assume receios com autárquicas. “Quem não está preocupado, está distraído”, diz Raimundo

09 dez, 2024 - 16:16 • Susana Madureira Martins

Comunistas querem “manter” as 19 câmaras a que presidem e recuperar outras, por exemplo a da Moita que perderam para o PS. A estratégia passa por desdramatizar perdas antigas e futuras nas autárquicas. “Se alguém pensa que isto é sempre a cair, não corresponde à realidade”, diz o líder do PCP.

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PCP assume receios com autárquicas. “Quem não está preocupado, está distraído”, diz Raimundo
Vídeo: comunistas querem “manter” as 19 câmaras a que presidem e recuperar outras

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“Ainda sou do tempo em que tivemos maus resultados para as autárquicas e depois tivemos bons resultados.” Com esta frase, o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, resume o relativo otimismo autárquico com que o partido vive a meses das eleições de 2025.

Numa entrevista exclusiva à Renascença, no interior do forte de Peniche e em conjunto com os ex-secretários-gerais do PCP, Carlos Carvalhas e Jerónimo de Sousa, o atual líder comunista desvaloriza um novo eventual desaire eleitoral, acreditando num “processo de recuperação”.

Nas eleições autárquicas de setembro de 2021, a CDU perdeu cinco câmaras, ficando com a presidência de 19 municípios e sem bastiões que lhe pertenciam desde 1976, como Mora, Montemor-o-Novo (no distrito de Évora) e Moita (no distrito de Setúbal).

Se alguém pensa que isto é sempre a cair, não corresponde à realidade, nunca foi assim e nunca será”, despacha Paulo Raimundo. “Eu não desprezo as dificuldades”, ressalva o líder comunista, que garante estar preocupado. “Como costuma dizer o Jerónimo, quem não está preocupado, está distraído”, diz, virando-se para o antigo secretário-geral sentado mesmo ao lado.


Raimundo estabelece como objetivo mínimo “manter” as autarquias a que a CDU preside e promete: “Vamos bater-nos para as manter”. A estratégia passa também por algumas recuperações depois de algumas derrotas humilhantes na península de Setúbal.

Agora vivo na Moita. O objetivo é reconquistar a Moita, outra vez. Não é por viver lá agora, não é por causa disso”, justifica o líder comunista. O município foi umas das perdas eleitorais da CDU para o PS em 2021.

“Vamos procurar disputar outras autarquias”, assume Raimundo e não apenas presidências de câmara, mas vereações, juntas de freguesia. E as vitórias ou as derrotas dependem sempre da interpretação ou do objetivo do PCP, residual que seja, em cada um dos 308 municípios.

“Se nós conseguirmos, e eu estou convencido que temos as condições para o fazer, eleger um vereador na Câmara Municipal de Guimarães é uma vitória extraordinária”, explica Raimundo, lembrando que “há dois mandatos que não temos”.

Quanto a Lisboa, o PCP assume-se comprometido apenas com o seu próprio projeto, a coligação CDU, “não está comprometido com mais nenhum outro projeto”, garante o líder comunista. Isto implica ficar de fora da grande coligação pré-eleitoral já assumida pelo PS, Bloco de Esquerda e Livre na corrida à autarquia da capital.

Os comunistas não esquecem que foi o PS que permitiu a viabilização do orçamento municipal de Lisboa, através da abstenção. “Não vale a pena o PS fazer o discurso que faz em Lisboa e depois permitir que o orçamento da Câmara passe”, salienta Raimundo. Mas “pior”, diz, é o facto de os socialistas terem viabilizado o orçamento de Moedas e terem chumbado o da câmara de Setúbal, de maioria CDU.

O PCP assume-se como a “grande força de esquerda no poder autárquico”, através da CDU, e “estará sempre disponível para a esquerda no poder autárquico”. Falar de coligações pós-eleitorais fica para depois.



Este é um excerto de uma longa entrevista aos três secretários-gerais do PCP, Paulo Raimundo, Jerónimo de Sousa e Carlos Carvalhas – que ocupou o cargo depois de Álvaro Cunhal.

Ficha técnica: Cristina Nascimento e Susana Madureira Martins (entrevista), Ana Kotowicz (textos), Ricardo Fortunato, Beatriz Pereira e Catarina Santos (imagem e edição), José Ferreira, Diogo Rosa e José Loureiro (som), Diogo Casinha (edição de som), Tomás Anjinho Chagas (rádio e textos), Pedro Leal, Arsénio Reis e Maria João Cunha (coordenação)

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