09 dez, 2024 - 11:00 • Tomás Anjinho Chagas
Entrevista no Forte de Peniche
A menos de uma semana do Congresso de Almada, a Re(...)
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O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, afasta um apoio do partido ao Almirante Henrique Gouveia e Melo nas eleições presidenciais de 2026, caso o atual chefe da Marinha concorra.
Em entrevista à Renascença, numa conversa conjunta com Jerónimo de Sousa e Carlos Carvalhas, anteriores líderes comunistas, Paulo Raimundo esclarece que um dos principais critérios para o apoio do PCP é que o candidato que “cumpra a Constituição, e não queira alterá-la”.
“Daquilo que se vai conhecendo das suas opiniões, que não é muito, eu nunca lhe ouvi nenhuma referência à Constituição da República. Acho que haverá outras alternativas para esta batalha”, esclarece o atual líder do PCP.
Ainda assim, Paulo Raimundo acredita que este não é o “momento certo” para discutir as eleições presidenciais uma vez que “há tanta coisa para resolver”. O secretário-geral dos comunistas lamenta a atitude de “alguns que estão a pôr a carroça à frente dos bois”.
PCP
Nas vésperas do XXII Congresso do PCP, a Renascenç(...)
O líder do PCP deixa tudo em aberto para a corrida a Belém: “Ao contrário do que dizem, o PCP não é tão previsível assim, pode sempre surpreender.” Raimundo não garante apresentar candidato próprio, mas, caso apresente, deixa aberta a possibilidade inédita de ser uma mulher comunista.
Já Jerónimo de Sousa, antigo líder do PCP, alinha-se nas críticas sobre o timing desta discussão que chega “subitamente” e “caiu um bocado aos trambolhões”. O antigo secretário-geral comunista lança mesmo uma aura de suspeita sobre a altura em que chegam estas sondagens: “Não acredito em bruxas, mas que as há, há”.
Depois da insistência sobre se pode ser uma mulher a candidata do PCP às presidenciais, Jerónimo de Sousa descarta essa possibilidade: “Só ser mulher não é argumento que tenha muita fortaleza”, começa por dizer.
Então não será em 2026 que o PCP leva pela primeira vez uma mulher como sua candidata presidencial? “Não me cheira”, diz o antigo líder do PCP, Jerónimo de Sousa.
Por sua vez, Carlos Carvalhas, que ocupou o cargo de secretário-geral do PCP antes de Jerónimo de Sousa e depois de Álvaro Cunhal, começa por destacar que “a participação das mulheres é fundamental”, mas vai pelo mesmo caminho de Jerónimo de Sousa: “Como disse o Jerónimo, ser mulher só não chega, há mulheres extremamente conservadoras e que apoiam a política de retrocesso.”
Carvalhas lança o desafio: “E porque não um operário na presidência da República?”, destacando que para o PCP é mais importante a “questão da classe” do que o candidato ser um homem ou uma mulher.
Este é um excerto de uma longa entrevista aos três secretários-gerais do PCP, Paulo Raimundo, Jerónimo de Sousa e Carlos Carvalhas – que ocupou o cargo depois de Álvaro Cunhal.
Ficha técnica: Cristina Nascimento e Susana Madureira Martins (entrevista), Ana Kotowicz (textos), Ricardo Fortunato, Beatriz Pereira e Catarina Santos (imagem e edição), José Ferreira, Diogo Rosa e José Loureiro (som), Diogo Casinha (edição de som), Tomás Anjinho Chagas (rádio e textos), Pedro Leal, Arsénio Reis e Maria João Cunha (coordenação)