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Entrevista a Ribau Esteves

O PSD ou o voto a favor dos deputados da Madeira no OE? A "decisão delicada" que Montenegro vai ter de tomar sobre Albuquerque

17 out, 2024 - 06:33 • Manuela Pires

Em entrevista à Renascença, o autarca de Aveiro avisa que o congresso do próximo fim de semana, em Braga, não pode fragilizar a posição do PSD e do líder do partido, numa altura em que, sem maioria, o Governo não tem a garantia que o Orçamento do Estado seja viabilizado no Parlamento.

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Montenegro tem "decisão delicada" a tomar sobre Albuquerque, diz Ribau Esteves
Montenegro tem "decisão delicada" a tomar sobre Albuquerque, diz Ribau Esteves

A dois dias do congresso do PSD e a quatro dias de se conhecer a decisão do Partido Socialista sobre o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), há que ser pragmático e Ribau Esteves avisa que Luís Montenegro tem uma “decisão delicada” em mãos sobre a permanência de Miguel Albuquerque na presidência da mesa do congresso do PSD.

Em entrevista à Renascença, o autarca de Aveiro reconhece que o caso de corrupção em que Miguel Albuquerque está envolvido não beneficia o líder do governo regional da Madeira, mas, por outro lado, é preciso garantir que os três deputados eleitos pela Madeira votem a favor do OE2025.

Ribau Esteves critica a posição assumida por António Capucho, que, na Renascença, defendeu a saída do líder regional da Madeira do cargo que ocupa no partido.

“Como é que estão as conversas de Luís Montenegro com Miguel Albuquerque para que o PSD Madeira vote a favor do Orçamento do Estado? Eu não sei, julgo que António Capucho também não sabe. Portanto, há aqui esta ambiência misturada, deixe-me usar esta expressão, entre a vida do PSD e a vida do Governo e a viabilidade do Orçamento do Estado, que obviamente está em cima da mesa nessa decisão que Luís Montenegro tem de tomar sobre se Miguel Albuquerque continua ou não à frente do Congresso e do Conselho Nacional do PSD”, refere Ribau Esteves à Renascença.

Ainda esta semana, Miguel Albuquerque deixou claro que a decisão de concorrer de novo à presidência da mesa do congresso do PSD está dependente da conjuntura.

“Se a conjuntura estiver favorável, é provável que concorra. Se não estiver favorável, não concorro. É simples”, assegurou esta semana no Funchal, em declarações aos jornalistas.

Miguel Albuquerque explicou que a concretização de uma “conjuntura favorável” depende da negociação do Orçamento do Estado para 2025 com o primeiro-ministro, porque a região quer ver inscritas algumas reivindicações que não constam da proposta que deu entrada no Parlamento.

Na entrevista à Renascença, António Capucho sugere o nome de Leonor Beleza, mas Ribau Esteves considera que o cargo deve ser ocupado por uma personalidade que esteja na vida partidária ativa.

“É uma figura de grande valor político, tem uma carreira fantástica, mas o Partido Social-Democrata deve ter, na figura do presidente do Congresso e do Conselho Nacional, um ativo que está no ativo da política”, diz Ribau Esteves.

O autarca e antigo secretário-geral do PSD avisa que, no atual quadro político, o congresso de Braga não pode mostrar divergências que enfraqueçam a liderança de Montenegro. “Nada pode acontecer no congresso que fragilize a posição do PSD e do seu líder”, remata Ribau Esteves.

Montenegro devia ter divulgado reuniões com Ventura

Dez anos depois, o Congresso volta a ter um líder que é primeiro-ministro, mas desta vez não há maioria parlamentar e nem garantia que o Orçamento do Estado vai ser viabilizado.

Ribau Esteves avisa que o Congresso tem de servir para fortalecer a liderança de Luís Montenegro, que, na sua opinião, tem feito um bom trabalho no partido, mas também no Governo. Há apenas uma crítica a Montenegro que, para o autarca social-democrata, devia ter tornado públicas as reuniões com André Ventura.

“Há aqui uma história que de facto não correu bem. Quando se lida com o Chega, nomeadamente, mas quando se lida com toda a gente numa democracia aberta como a nossa, as reuniões devem ser públicas”, refere Ribau Esteves.

Depois de quatro mandatos na Câmara de Ílhavo e de três no município de Aveiro, o autarca, que já atingiu o limite de três mandatos, revela que não vai candidatar-se a outra autarquia. Apesar de ter sido sondado para vários locais, a resposta tem sido negativa.

“Eu já pensei para aí 20 vezes, porque o partido, aos mais variados níveis, distrital e nacional, já falou comigo sobre várias possibilidades e eu só pedi respeito e compreensão por uma decisão de alguém que vai ter 28 anos, que disputou e ganhou sete eleições e que, obviamente, também tem o direito de dizer que gostava muito de fazer outras coisas na vida”, revela Ribau Esteves.

O autarca, que venceu todas as eleições com maioria absoluta, diz que a estratégia do PSD para as eleições autárquicas do próximo ano está definida, agora é necessário apresentar os candidatos. Sobre a política de coligações, entende que os entendimentos com o CDS são para continuar, já com a Iniciativa Liberal é preciso avaliar cada caso em concreto.

“Como referência de base numa estratégia nacional, claramente que considero que não faz sentido. Como uma solução que possa ser adotada num município A ou B tem em conta o interesse de estratégia local, obviamente que sim e, portanto, é neste quadro que deve estar a relação com a Iniciativa Liberal”, defende Ribau Esteves.

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