05 jun, 2024 - 19:55 • Alexandre Abrantes Neves
O Pessoas-Animais-Natureza (PAN) investe nas críticas aos adversários e desafia o primeiro-ministro, Luís Montenegro, a pressionar Bruxelas a avançar com a Lei do Restauro da Natureza.
Depois de uma reunião no Estuário do Sado, onde ouviu as preocupações sobre os efeitos das embarcações de recreio nas rotas dos golfinhos, Pedro Fidalgo Marques regressou ao documento que está retido no Conselho da União Europeia desde o bloqueio húngaro em março.
O cabeça de lista do PAN considera que a aprovação do diploma deve ser uma “prioridade” para os próximos eurodeputados e, na continuação do tom de ataque político dos últimos dias, deixou o repto a Luís Montenegro para clarificar “se vai ou não fazer pressão” para aprovar a legislação.
“No Dia Mundial do Ambiente, seria fundamental que o nosso primeiro-ministro, Luís Montenegro, diga se vai ou não fazer esta pressão para que a Lei do Restauro Natureza passe no Conselho Europeu. Não basta pôr a algumas tiradas em programas eleitorais para as europeias, não é suficiente falar isso de vez em quando nos debates. É preciso ação”, defendeu.
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Apesar da postura mais aberta ao combate político, o cabeça de lista continua a ser pouco incisivo quando tenta esclarecer as diferenças do PAN dos outros partidos.
Depois de defender a assinatura rápida de um Pacto dos Oceanos a nível europeu, Pedro Fidalgo Marques não clarificou o que distingue o partido do Livre, que também defende a medida – disse apenas que esta não é uma “matéria de esquerda ou de direita” e que, por isso, se exige um “consenso nacional”, onde também entra a candidatura encabeçada por Francisco Paupério.
Apesar de fazer um esforço por percorrer todo o país, o cabeça de lista continua a movimentar-se por ambientes muito controlados – esta quarta-feira, não houve arruadas nem ações de rua e o contacto com a população também foi praticamente nulo.
Também nos temas, o candidato não vai para lá dos assuntos tradicionais do partido – para lá da conservação da natureza e da proteção do mar e oceano, o dia foi dedicado ao combate à destruição florestal. A caravana do PAN estacionou em frente às pedreiras na serra da Arrábida, num local estratégico para ver “a serra toda escavada”.
“Temos de falar da preparação para o fim desta exploração, que é assim que está a ditar o final da concessão e para depois podermos trabalhar na recuperação. Esse é o caminho até da economia verde, de um turismo de natureza, de uma economia de futuro”, referiu.
Sempre presente ao lado do cabeça de lista do partido, Inês Sousa Real esforça-se por não ofuscar Pedro Fidalgo Marques durante as ações de campanha – mantém-se em segundo plano durante as deslocações e, nos poucos momentos em que presta declarações, fá-lo apenas sobre temas nacionais.
Esta quarta-feira, a porta-voz do partido deixou várias críticas ao governo após o chumbo da proposta de alteração ao IRS. Sousa Real acusa PSD e CDS-PP de “teimosia” e de estarem de “costas voltadas para o Parlamento”.
“Há de facto aqui uma falta de consciência por parte do governo de Luís Montenegro, de que não tem uma maioria absoluta e de que tem de ser dialogante para acolher melhorias que possam beneficiar a população. Com a teimosia de Luís Montenegro, saem a perder, acima de tudo, os portugueses”, critica.
A aproximar-se do final da primeira semana de camp(...)
A porta-voz do PAN teme ainda que esta postura não se altere até à aprovação do Orçamento do Estado e que, “em breve, não sejamos bem-sucedidos”. E se o OE ficar retido no parlamento, Sousa Real desafia Marcelo a esclarecer o que fará.
“Resta saber se Marcelo Rebelo de Sousa vai ser coerente com aquilo que fez quando deitou o Governo abaixo e dissolver a Assembleia da República ou se, sendo a sua cor política, vai manter em funções Luís Montenegro”, provocou.
E na sequência de perguntas sobre as reuniões com as forças de segurança – e onde a líder do PAN manteve a postura da legislativas de ataques à esquerda e à direita, ao dizer que tanto o anterior como o atual executivo erraram nesta matéria –, Sousa Real não conseguiu fugir ao nome de António Costa – e foi mais clara a assumir um apoio do PAN a uma candidatura do antigo primeiro-ministro à chefia do Conselho Europeu.
“Ao contrário de outras forças políticas da oposição – que já disseram que não apoiarão uma candidatura de António Costa –, sabemos que alguém português trará sempre uma proximidade que esperamos benéfica para o país. Não deixaremos de ser vocais e de exigir a António Costa isso mês – apesar de privilegiarmos a candidatura que haverá da nossa família”, rematou.