03 jun, 2024 - 12:10 • Redação
O alargamento da União Europeia esteve em cima da mesa no último debate antes das eleições Europeias, marcadas para dia 9 de junho, depois de milhares de eleitores terem já recorrido ao voto antecipado no último domingo.
O tema que abriu as hostilidades entre cabeças de lista dos partidos, no debate da rádio, foi a migração, o que gerou as expectáveis e vincadas divergências.
Sobre o alargamento da UE e até onde este pode ir (Sérvia? Moldávia?), o cabeça de lista da Aliança Democrática (AD) foi o primeiro a gastar a voz. “A questão não é o país”, explicou, apontado para os “critérios de Copenhaga”, isto é, aqueles requisitos que cada país tem de cumprir e garantir antes de fazer parte dessa família europeia.
“O país tem de ser capaz de cumprir”, reforçou. “Há países que ainda não cumprem e não podem fazer parte da União Europeia", indicou. Questionado sobre se, de uma forma abstrata, é favorável ou não ao alargamento, respondeu: “Uma Europa maior é uma Europa mais forte. Sim, somos a favor do alargamento. (...) É possível ter mais e melhor Europa e mais e melhor Portugal dentro da Europa.”
Sobre essa eventual inclusão dos país dos Balcãs e da Ucrânia, que vai sofrendo uma impiedosa e duradoura invasão da Rússia, foram equacionados nesta temática. Marta Temido, cabeça de lista do PS e antiga ministra da Saúde, defendeu a “sincronização nos processos de alargamento”. Resumindo, concorda com Bugalho e considera que o mais importante é que os candidatos cumpram os critérios de Copenhaga.
A União Europeia, defendeu Marta Temido, “tem de fazer o seu caminho de reformas institucionais para absorver esses futuros Estados-membros”, já que “uma coisa é a União Europeia a 27 outra é a 35”. De resto, “não queremos que a necessidade de recursos adicionais se repercuta sobre as pessoas”.
João Cotrim Figueiredo, o cabeça de lista da Iniciativa Liberal (IL), avançou sobre Temido, por esta “tentar passar pelos pingos da chuva”. Ou seja, o liberal colou ao Partido Socialista a extinção do SEF, agora substituído pela AIMA, e ainda acusou a ex-governante de “tentar convencer que taxar pessoas não é o mesmo que taxar empresas”.
Com o objetivo de morder essa ideia de Temido de que o PS não quer mais peso sobre as pessoas, Cotrim Figueiredo esclareceu: “Só há pessoas, pessoas coletivas ou individuais. Podem achar-se mais justos ou menos justos, economicamente mais viáveis ou menos, são sempre as pessoas que pagam”. O liberal entende que, com a entrada de países com economias mais frouxas do que a de Portugal, haverá obrigatoriamente uma redução de fundos europeus.
Ainda sobre a integração da Ucrânia, um tema que tem beliscado muitíssimo a mirada da opinião pública em relação ao Partido Comunista Português, o candidato da CDU João Oliveira alertou para “prejuízos que não são compensados. A abertura de novos mercados beneficia os mais fortes, alertou. No fundo, essa decisão deve pertencer “a quem entra, mas também a quem está”.
O Chega, através do verbo do seu cabeça de lista, diz ser favorável ao alargamento da UE. Tânger Correia lembrou que participou nas negociações de adesão da Sérvia em 2000 e 2007 e que, até aos dias que correm, “não houve passo em frente”. O antigo embaixador critica que os Estados-membros “não deem uma esperança de futuro" a estes países.
De acordo com Francisco Paupério, do Livre, o Chega diverge nessa temática do grupo onde está inserido no Parlamento Europeu. E perguntou porquê. “Não é da sua conta”, respondeu-lhe Tânger Correia, atentando assim contra o esclarecimento dos eleitores.
O tema do alargamento da UE viveu debaixo do chapéu de chuva do dinheiro, dos recursos e dos fundos. Questionada sobre se os fundos comunitários devem financiar pensões, algo que o Chega defende, a antiga coordenadora do Bloco de Esquerda e cabeça de lista daquele partido defendeu que Portugal deve aplicá-los em “emprego qualificado, coesão territorial e clima”.
Ainda assim, Catarina Martins acha que deve discutir-se o orçamento da União Europeia quando se fala num alargamento. “Não há uma Europa maior sem um orçamento maior.” A bloquista assume que a “política europeia” belisca os impostos. “Por exemplo, a diretiva dos juros e dividendos permite que haja uma corrida para baixo nos impostos pagos”, explicou, usando o Pingo Doce como exemplo, uma empresa que paga “menos impostos” nos Países Baixos.
As eleições Europeias vão decorrer no próximo domingo, dia 9 de junho. No domingo que passou, dia 2, mais de 250 mil eleitores estavam inscritos para o voto antecipado, uma opção que visa fomentar a participação (em xeque graças ao fim de semana grande que se avizinha).
O debate da rádio, o derradeiro debate desta campanha, foi moderado por jornalistas de Renascença, Antena 1, TSF e Observador e decorreu nas instalações da RTP.