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PAN decidido a mostrar que é "diferente" e que "não entra na politiquice"

01 jun, 2024 - 21:03 • Alexandre Abrantes Neves

A aproximar-se do final da primeira semana de campanha, Pedro Fidalgo Marques vira-se agora para o eleitorado tradicional do PAN - e pisca o olho aos ambientalistas com o fim das touradas e "as únicas medidas reais para travar as alterações climáticas".

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Reportagem Alexandre Abrantes Neves campanha PAN - Marcha Climática
Ouça aqui a reportagem da Renascença. Foto: Manuel De Almeida/Lusa

Perto do fim da primeira semana de estrada, o Pessoas-Animais-Natureza (PAN) tenta garantir o eleitorado que lhe concedeu um eurodeputado em 2019 e afasta-se dos outros partidos – nomeadamente ao dizer que é a única força política a não alinhar na “politiquice” e a “lutar verdadeiramente pelas alterações climáticas”.

Enquanto entregava panfletos e sensibilizava a população para uma luta antiga do partido – o fim das touradas –, Pedro Fidalgo Marques fez questão de garantir que “não fica preocupado” por ficar de fora do “fogo cruzado" criado pelos outros candidatos nos últimos dias.

Para o cabeça de lista, essa é a “prova” de que o PAN é o único que se apresenta a estas eleições com “soluções para os problemas das pessoas”.

“O que acontece é que o PAN tem estado focado em apresentar soluções para os problemas do país, para as pessoas e para a proteção animal e ambiental. Não alinhamos nem entramos em politiquices que em nada resolvem os problemas do país. Por isso, temos andado por todo o país – para apresentar respostas e as medidas do PAN”, explicou.

Porém, a tentativa de Pedro Fidalgo Marques em se destacar dos outros candidatos não ficou por aqui – e, durante a marcha europeia pelo clima esta tarde em Lisboa, o cabeça-de-lista do PAN virou-se especialmente para os partidos da esquerda e que pertencem à sua família política.

Questionado pelos jornalistas sobre as diferenças entre o seu partido e o Livre (que também pertence aos Verdes Europeus), Fidalgo Marques foi rápido na resposta: o PAN é o único partido “que defende o ambiente”.

“Nos outros lados, aquilo que assistimos é o ambientalismo de circunstância. A realidade é que, nesta marcha, nós somos os presentes. Somos únicos com a proteção animal na nossa campanha e que vamos levar para o Parlamento Europeu. Somos os únicos que queremos combater as alterações climáticas”, defendeu.

Neste esforço para fazer sobressair Fidalgo Marques entre os outros candidatos, a porta-voz do PAN parece ter-se tornado numa importante aliada – prefere demonstrar apoio total ao cabeça-de-lista, mas sem lhe roubar protagonismo. Apesar de o acompanhar em todas as ações de campanha, Inês Sousa Real descarta quase todas as possibilidades de prestar declarações: este sábado apenas falou a propósito de temas nacionais, como o referendo contra as touradas que vai apresentar na Assembleia da República depois das europeias.

Ainda assim, o PAN continua humilde nos objetivos eleitorais. Pedro Fidalgo Marques nunca assume outra meta para além da eleição de apenas um eurodeputado no próximo dia 9 de junho, nem quando aborda possíveis eleitores nas ruas – na ação deste sábado de manhã, o cabeça-de-lista sensibilizou a população apenas para o fim das touradas e nunca apelou diretamente ao voto no PAN.

Tradição é lutar contra as touradas e as alterações climáticas

Apesar de, na primeira semana, o PAN ter tentado apresentar ações dirigidas a um eleitorado mais generalista – estratégia que, de resto, já utilizou nas legislativas –, este domingo o plano passou por reforçar a credibilidade do partido em duas lutas antigas: as touradas e as alterações climáticas.

Logo de manhã, junto à praça de touros do Campo Pequeno, Fidalgo Marques hasteou a bandeira europeia nesta matéria – e lamentou que os fundos europeus continuem a ser utilizados para financiar a tauromaquia.

“Temos de começar por acabar com qualquer financiamento público que venha da União Europeia para ser aplicado nestas atividades. Já existiram recomendações no Parlamento Europeu nesse sentido, mas têm sempre sido encontrados subterfúgios para usar financiamento europeu nestas atividades”, criticou.

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E, perante as várias vozes pelo fim das touradas que encontrou no mercado biológico que enchia o Campo Pequeno, Fidalgo Marques aproveitou a oportunidade para se distanciar dos outros partidos. O candidato pediu para que se “ouça a vontade do povo” e se “viabilize” um referendo sobre o tema – mas o antigo número 3 por Lisboa também deixou recados ao poder local.

“Vou mais longe. Lanço o repto a Carlos Moedas para que finalmente termine com esta tortura que acontece no Campo Pequeno e que se invista realmente em atividades culturais, como as artes performativas ou plásticas”, desafiou.

Na mesma linha, e já depois de reforçar que só o PAN tem uma vertente “verdadeiramente ambientalista”, Fidalgo Marques jogou a cartada nacional para piscar o olho ao típico eleitorado do PAN.

“O PAN tem já definido, até a nível nacional, as comunidades energéticas: quem faz produção solar deve poder partilhar o seu excedente com os mais desfavorecidos. Além disso, temos de garantir a neutralidade carbónica em 2040, o fim dos subsídios aos combustíveis fósseis e não podemos falar de alterações climáticas sem falar da reconversão de emissões da pecuária”, referiu.

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