19 fev, 2024 - 10:03 • Ana Kotowicz
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Foi José Sócrates quem, em 2011, assinou o compromisso com a troika (BCE, Comissão Europeia e FMI) que implicava privatizar a TAP. Apenas no Governo seguinte, de Pedro Passos Coelho, a TAP seria privatizada: o consórcio Atlantic Gateway, de David Neeleman e Humberto Pedrosa, passaria a controlar a empresa em 2015.
A reviravolta seguinte acontece depois da pandemia, quando o setor vive problemas económicos. Em 2020, Costa avança com a nacionalização da TAP, por falta de acordo com os privados sobre o empréstimo necessário para a companhia. Pedro Nuno Santos, então ministro das Infraestruturas, dizia a 30 de junho no Parlamento: "Se os privados não aceitarem as nossas condições nós temos de intervir com uma nacionalização."
Três anos depois da nacionalização, o governo maioritário de Costa dá início à reprivatização da TAP. Costa admite, em setembro de 2023, "vender parte ou a totalidade do capital", mas a queda do Governo obriga a abandonar a ideia. O que se sabia? O Governo impunha como condição de venda a salvaguarda dos interesses estratégicos da TAP para o país. Os primeiros interessados foram a Lufthansa, a Air France – KLM e o grupo IAG, dono da British Airways e Iberia.
Nacionalização ou privatização? Esta é a grande divisão entre esquerda e direita quando se fala do futuro da TAP nos programas eleitorais. PS ignora o assunto.
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"Não se justifica o investimento público em soluções como a TAP, que não só é substituível pelo setor privado, como contribui tangencialmente para a coesão interna do país sem ter qualquer racionalidade ambiental."
"Além das empresas públicas, há um universo de empresas intervencionadas das quais é suposto o Estado sair, sem que se veja uma saída: na TAP, investiram-se €3.200 milhões, sem qualquer expectativa concreta de retorno, com base em argumentos de importância estratégica e económica que não têm qualquer credibilidade técnica. Na EFACEC, foram outros 400 milhões. A Iniciativa Liberal compromete-se a não colocar nem mais um euro na TAP."