29 jan, 2024 - 07:00 • Diogo Camilo
Clique aqui para explorar o trabalho do “Sondagem das Sondagens”
Se as eleições fossem hoje, o Partido Socialista voltaria a ser o partido mais votado, mas o destino de um novo Governo ficaria nas mãos da direita. Na Sondagem das Sondagens, o modelo estatístico da Renascença que agrega todas as sondagens desde 2016, o valor estimado para o PS é de 30%, enquanto a Aliança Democrática surge mais de três pontos percentuais atrás, com 26,7%.
Apesar da vantagem dos socialistas, o resultado traduz-se num empate técnico, já que os resultados dos dois partidos estão dentro da margem de erro. O limite inferior do PS na Sondagem das Sondagens é de 28%, enquanto que o valor mais alto da AD está nos 28,6% - uma diferença de 0,6 pontos percentuais entre ambos que não invalida que a coligação fique à frente do PS, mesmo que as sondagens não o mostrem.
Os resultados da Sondagem das Sondagens, já com os três inquéritos divulgados em 2024, mostram o Chega a reforçar a sua posição como terceira força política, com 17% das intenções de voto (teve 7,18% nas legislativas de 2022), enquanto o Bloco de Esquerda sobe ao quarto lugar, com 7,8%, e ultrapassa a Iniciativa Liberal, que regista 5,3%. Nas eleições de 2022, os lugares de BE e IL estavam invertidos: o partido de esquerda teve 4,40%, o de direita 4,91%.
Seguem-se CDU, com 3,2% das intenções de voto, PAN, com 2,2%, e Livre, com 1,8%.
No modelo, disponível desde domingo numa página interativa da Renascença, atualizada diariamente, o ruído estatístico é minimizado de maneira a estimar o real valor da opinião pública, ao longo do tempo.
Os resultados da Sondagem das Sondagens mostram a grande queda do PS desde as últimas legislativas, altura em que o partido teve mais de 41% dos votos — uma descida de mais de 11 pontos percentuais —, explica Luís Aguiar-Conraria, presidente da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho e responsável pela metodologia do projeto da Sondagem das Sondagens, inspirado pelo projeto POPSTAR (Public Opinion and Sentiment Tracking, Analysis, and Research),
“Não sei se o resultado sabe a vitória, porque é uma queda muito grande do PS em relação às últimas eleições", afirma. Além disso, os resultados, mesmo que parecendo favorecer o PS, não permitem pôr de lado a ideia de que o partido "não está a ser penalizado pelo eleitorado”.
Para a Aliança Demcrática, também há outras leituras que podem ser feitas e o cenário pode virar: como os valores estimados estão dentro das margens de erro “não é como se a AD não tivesse hipótese de estar à frente”, sublinha Luís Aguiar-Conraria.
Além disso, e apesar de o PS liderar as intenções de voto, os partidos à esquerda têm menos intenção de voto estimada do que os partidos à direita. Somados, AD, Chega e Iniciativa Liberal registam 49%, enquanto PS, Bloco de Esquerda, CDU, Livre e PAN registam 45%.
Por tudo isto, Conraria avisa que o futuro do próximo Governo passa mais pelas mãos da direita, do que pelas mãos do PS.
“O que esta sondagem dá a entender é que, quando uma pessoa vê a AD com 26% e o Chega com 17%, fica a ideia de que os destinos do próximo Governo serão decidido à margem do PS. Se a direita se quiser juntar, e isso está dentro do campo de possibilidades, tem maioria absoluta”, afirma.
Face às últimas legislativas, em janeiro de 2022, o PS desce mais de 11 pontos percentuais, enquanto o Chega sobe quase sete. A soma de PSD, CDS e PPM na altura foi de 30,7%, mais quatro pontos percentuais do que a Aliança Democrática regista neste momento.
Além do Chega, também Bloco de Esquerda e Iniciativa Liberal sobem em relação às últimas eleições, 3,4 e 0,4 pontos percentuais, respetivamente. A CDU regista uma descida de mais de um ponto percentual, dos 4,3 para os 3,2%, enquanto o PAN e o Livre registam acréscimos de poucas décimas.
Da Capa à Contracapa
Os convidados são Pedro Magalhães e Luís Aguiar-Co(...)
Para calcular a percentagem de intenção de voto de cada partido, a Renascença usa o filtro de Kalman, uma fórmula matemática que olha para os resultados de todas as sondagens e interpreta as tendências e os desvios entre elas.
Além da projeção, o método apresenta uma margem de erro da intenção de voto, que aumenta à medida que o tempo se afasta da publicação de uma sondagem ou diminui quando uma nova é divulgada.
Em 2024, ao contrário de anos anteriores da Sondagem das Sondagens, em que se assumia a distribuição de indecisos feita por cada um dos institutos ou empresas responsáveis, a Renascença optou por fazer uma distribuição proporcional das intenções de voto, aplicando o mesmo critério a todos os inquéritos e todos os partidos.