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Crise política em debate. "Costa teve a arrogância de um primeiro-ministro com maioria absoluta"

08 nov, 2023 - 15:00 • Debate moderado por José Pedro Frazão

Susana Madureira Martins, editora de política da Renascença, Diana Ramos, do Jornal de Negócios, e Anselmo Crespo, da TVI/CNN, analisam os acontecimentos que precipitaram a saída de António Costa e tentam antecipar o que acontece a seguir.

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A crise política em Portugal, na sequência da demissão do primeiro-ministro, António Costa, esteve esta quarta-feira em debate no site e no canal da Renascença no YouTube.

Susana Madureira Martins, editora de política da Renascença, Diana Ramos, do Jornal de Negócios, e Anselmo Crespo, da TVI/CNN, analisaram os acontecimentos que precipitaram a saída de António Costa e tentar antecipar o que acontece a seguir.

A queda de António Costa é consequência de um conjunto de erros que o próprio primeiro-ministro cometeu. Esta é a opinião unânime do painel de jornalistas que a Renascença reuniu esta quarta-feira, um dia depois da demissão do chefe do Governo.

Numa transmissão no canal de Youtube da Renascença, Anselmo Crespo, da TVI/CNN, defendeu que António Costa teve a arrogância de um primeiro-ministro com maioria absoluta.

“Acho que teve a arrogância de um primeiro-ministro com maioria absoluta. É a única explicação que eu encontro. Acho que ele se sentiu com uma capa de super-herói, que podia fazer tudo porque, tendo uma maioria absoluta, ninguém o podia derrubar. Ele insistiu em voltar a trazer Vítor Escária para o centro da ação política e insistiu em manter João Galamba.”

O jornalista Anselmo Crespo manifestou ainda a convicção de que António Costa sabia os riscos que corria ao puxar Vitor Escária e João Galamba - arguidos no processo do lítio, hidrogénio e dados - para o seu círculo.

De resto, o papel de Vitor Escaria, chefe de gabinete do primeiro-ministro, não era ignorado pelos empresários, disse Diana Ramos, do Jornal de Negócios.

Face às suspeitas, será que era inevitável a demissão de Costa como chefe do Governo? Susana Madureira Martins, editora de política da Renascença, considera que sim.

“Era inevitável que tivesse de abandonar o cargo, até para poupar o desgaste ao Partido Socialista. O PS poderá ter sido aqui um pouco poupado ao mastigar dos dias, em que quanto mais tempo António Costa se mantivesse no cargo, pior seria”, sublinha Susana Madureira Martins.

Eleições antecipadas, o cenário provável

Os três jornalistas foram unânimes em apontar eleições legislativas antecipadas como solução para a crise política criada com a demissão de António Costa da chefia do Governo.

Anselmo Crespo acredita que essa é a solução que o Presidente da República vai anunciar aos portugueses, ainda que Marcelo Rebelo de Sousa esteja com receio do crescimento do Chega, sublinha.

Susana Madureira Martins, editora de política da Renascença, acrescenta que o Presidente da República também quer dar tempo ao líder do PSD, Luís Montenegro.

Já Diana Ramos, do Jornal de Negócios, avisa que a aprovação do Orçamento do Estado vai condicionar o debate político. E esta é uma questão que o Presidente também tem de acautelar.

O primeiro-ministro demitiu-se na terça-feira, depois de ficar a saber que vai ser investigado pelo Supremo Tribunal de Justiça, no âmbito de um caso sobre negócios do lítio, hidrogénio verde e a criação de um mega centro de dados em Sines.

“Quero dizer, olhos nos olhos, aos portugueses, que não me pesa na consciência a prática de qualquer ato ilícito ou sequer qualquer ato censurável. Confio totalmente na Justiça e no seu funcionamento”, declarou o chefe do Governo demissionário, num discurso à nação.

O caso conta, até agora, com sete arguidos: o ministro das Infraestruturas, João Galamba; o presidente do Conselho Diretivo da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta; o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária; o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas; dois administradores da sociedade Start Campus, responsáveis pela criação de um data center em Sines; e um consultor já identificado como Lacerda Machado, amigo próximo de Costa.

Na sequência da demissão do chefe do Governo, o Presidente da República começou esta quarta-feira a ouvir os partidos com assento parlamentar e vai reunir o Conselho de Estado amanhã, para depois anunciar aos portugueses se vai optar pela dissolução do Parlamento e eleições antecipadas, propor ao PS que forme um novo Governo, com outro primeiro-ministro, ou criar um Governo de iniciativa presidencial.

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  • Mário Rodrigues
    08 nov, 2023 Leiria 16:00
    Ao pé do, aparentemente seráfico, António Costa, José Sócrates, seu padrinho político, não passava de um "pilha galinhas"!...

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