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Moedas deixa recado a Montenegro: É "possível ganhar eleições" sem o Chega

09 fev, 2023 - 07:00 • Susana Madureira Martins (Renascença) e Cristiana Faria Moreira (Público)

Em entrevista à Renascença e ao "Público", Carlos Moedas pede ao líder do PSD uma estratégia de alargamento da "base" eleitoral do partido. "Ir buscar muitas pessoas que estão descontentes ao centro e pessoas que estão descontentes à direita."

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Hora da Verdade - Carlos Moedas
Veja a entrevista a Carlos Moedas

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O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, diz que "só o líder" do PSD "é que pode clarificar" a relação do partido com o Chega, mas vai puxando do seu próprio exemplo na conquista da maior autarquia do país para provar que é "possível ganhar eleições" sem o partido liderado por André Ventura.

A Luís Montenegro pede que a estratégia seja alargar a "base" eleitoral do PSD, "ir buscar muitas pessoas que estão descontentes ao centro e pessoas que estão descontentes à direita"

Em entrevista ao programa Hora da Verdade da Renascença e do jornal Público, o autarca de Lisboa diz que as eleições europeias são "uma oportunidade" de o PSD "reforçar" o seu papel numa altura em que o Governo de António Costa "está com um desgaste grande" e "claríssimo". Carlos Moedas assume-se como fazendo parte de uma "nova geração" no partido que faz um conjunto de perguntas: "O que o PSD pode trazer de novo? O que é que o PSD é como a alternativa confiável?"

Tem-se falado muito nas últimas semanas sobre o efeito das eleições europeias como uma espécie de vai ou racha do atual Governo. Também acha, como Luís Montenegro, que se o resultado for tão mau para o Partido Socialista que o Governo tem os dias contados?

Em primeiro lugar, penso que o Luís Montenegro está a fazer um excelente caminho e está realmente a fazer algo que nunca se viu. Há muito tempo não se via na política e não se via no próprio PSD, que é chamar a sociedade civil, que é andar pelo país, ouvir as pessoas e a fazer um trabalho que eu diria que é importantíssimo para os partidos. O PSD está a construir o seu caminho e é um caminho a que faço aqui um grande elogio ao Luís Montenegro.

Em relação ao Governo, é um Governo que está com um desgaste grande depois de tantas semanas, de tanto o que aconteceu. Esse desgaste é claríssimo.

Podem ser um marco as eleições europeias para a existência deste Governo de maioria absoluta?

As eleições europeias são muito importantes e devem ser levadas muito a sério, porque nós temos aqui uma oportunidade de ter uma palavra na Europa e de reforçarmos aquilo que é o papel do PSD, que tem um excelente grupo parlamentar na Europa e isso é importante para o país.

O que vai sair daí, eu deixo isso para os analistas políticos, para os líderes partidários. Eu sou o presidente da Câmara de Lisboa e, portanto, não sou eu que faço análise e especulação política.

André Ventura desafiou o PSD e Luís Montenegro para um entendimento com vista a um eventual Governo de direita. Muitos companheiros seus pediram uma clarificação sobre esta relação do PSD com o Chega. Jorge Moreira da Silva foi um deles. Também acha que devia haver clarificação?

Penso que, no fundo, aquilo que tem que haver é alargar a base daquilo que é o PSD. E esse alargar da base vem de ir buscar muitas pessoas que estão descontentes ao centro e pessoas que estão descontentes à direita. O que o PSD tem que fazer é o trabalho para ir buscar muitas pessoas. Os eleitores do Chega são sobretudo pessoas muito descontentes, que estão descontentes com a corrupção, que estão descontentes com a falta de transparência, que acham que os políticos são todos iguais e nós não somos todos iguais.

Penso que o maior papel que o PSD tem é mostrar que não somos iguais. E se nós não somos iguais, muitas dessas pessoas irão votar no PSD porque essas pessoas não estão a votar de maneira ideológica no Chega. Elas estão a votar porque já não acreditam que os políticos possam ser confiáveis e, portanto, esse é o primeiro passo e o mais importante.

Em Lisboa nunca tive e nunca quis nenhuma coligação com o Chega. Nem eu queria, nem eles queriam. Muitas pessoas que votaram em mim eram do centro - e até do Partido Socialista - e outros eram mais à direita e que estavam descontentes. Mas viam em Carlos Moedas a capacidade de trazer alguma mudança. É isso que temos de construir. Isso é o que Luís Montenegro está a fazer no terreno.

Mas não clarificou exatamente a relação com o Chega ou já clarificou?

Eu acho que isso é um ponto que só o líder é que pode clarificar. A relação com o Chega é a relação que temos com todos os outros partidos. Aquilo que eu quero saber é: o que o PSD pode trazer de novo? O que é que o PSD é como a alternativa confiável? O que é que os políticos do PSD têm de diferente? Eu represento de certa forma também essa nova geração e o que é importante neste momento é realmente mostrarmos que não somos iguais aos outros porque as pessoas estão fartas disto.

Não é uma questão do Chega, nem tenho que fazer comentários.

Já falou muito sobre isso no congresso do PSD. Foi das vozes que mais se opôs a que houvesse um entendimento com o Chega e que isso devia ficar claro. Mantém aquilo que disse, imagino.

Eu não tenho nenhuma coligação, nem nunca tive com o Chega. A minha posição é clara em relação àquilo que foi em Lisboa, aquilo que construímos e mostrámos que era possível. Em Lisboa, mostrámos que era possível, com uma coligação de vários partidos que não incluíam nem o Chega, nem a IL, que era possível ganhar eleições e que é possível governar a cidade.

Mas o líder do PSD devia assumir um afastamento marcado do Chega?

Isso têm de marcar uma entrevista com o líder do PSD e ele dirá. Eu penso é que me parece importante para o PSD não focalizar o seu discurso nos outros partidos, focalizar naquilo que está a acrescentar, focalizar aquilo que está a fazer na sua plataforma Acreditar, aquilo que está a fazer no Conselho Estratégico Nacional. As pessoas que nunca estiveram na política, que se estão a aproximar do PSD, os militantes e os não militantes, mas sobretudo a sociedade civil por esse país fora.

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  • EU
    09 fev, 2023 PORTUGAL 11:25
    Em tudo na vida, quem quer VENCER, tem de ser corajoso. Neste caso ser CORAJOSO é dizer, com o Chega NUNCA. Enquanto andarem no BALOIÇO é derrota certa. Saibam ser POLÍTICOS.

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