Onze demissões, 11 tiros no porta-aviões do Governo de maioria absoluta

05 jan, 2023 - 23:15 • Rosário Silva

Os nove meses de governação da maioria socialista que não acerta nas cadeiras. Há 13 saídas concretizadas: 11 por questões de natureza política e duas por motivos de saúde.

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Um dia depois dos sorrisos e cumprimentos da tomada de posse, a nova secretária de Estado da Agricultura, Carla Alves, apresentou a demissão “por entender não dispor de condições políticas e pessoais para iniciar funções no cargo".

A decisão chega depois de se saber que Carla Alves tem diversas contas arrestadas, na sequência de uma investigação que visa o marido, ex-presidente da Câmara de Vinhais.

Em nove meses de Governo, António Costa soma controvérsias, umas atrás das outras. Das 13 demissões registadas, 11 ocorreram por questões de natureza política, algumas com implicações na justiça. As outras duas, por motivos de saúde.

Marta Temido (30/08/2022)

Aguentou com tenacidade uma pandemia de Covid-19 de má memória. Era vista por alguns como possível sucessora de António Costa no Partido Socialista, mas as polémicas no Serviço Nacional de Saúde acumulavam-se e a então ministra não resistiu à morte de uma mulher, grávida, transferida por falta de vagas no Hospital de Santa Maria.

Com Marta Temido, caíram também os dois secretários de Estado que estavam na sua dependência: António Lacerda Sales e Maria de Fátima Fonseca.

Miguel Alves (10/11/2022)

Ainda não tinham passado três meses e já se anunciava nova demissão depois de, em outubro, o jornal "Público" ter publicado uma investigação ao projeto de um Centro de Exposições Transfronteiriço em Caminha, num processo que envolvia essa autarquia e o seu presidente de então. Era, nada mais, nada menos, que Miguel Alves, até 10 de novembro, secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro. Muita tinta correu até que Miguel Alves decidiu, finalmente, demitir-se.


Costa defendeu secretária de Estado no Parlamento, mas Carla Alves demitiu-se na mesma
Costa defendeu secretária de Estado no Parlamento, mas Carla Alves demitiu-se na mesma

João Neves e Rita Marques (29/11/2022)

Ainda António Costa não estava refeito do embate e mais um problema. “Divergências de fundo” entre os secretários de Estado e o ministro da Economia, António Costa Silva, levaram, então, o primeiro-ministro a demitir o secretário de Estado da Economia, João Neves e a secretária de Estado do Turismo, Rita Neves.

A medida que previa a descida transversal do IRC, defendida pelo ministro da Economia, e com a qual os secretários de Estado não concordaram, deverá ter sido a ignição para este desfecho.

Alexandra Reis (27/12/2022)

Quando se esperava que o período natalício trouxesse alguma serenidade ao Governo, eis que em vésperas de Natal rebenta mais uma polémica. Alexandra Reis, nomeada secretária de Estado do Tesouro no início de dezembro trazia na bagagem uma indeminização de 500 mil euros da TAP, de onde teria sido demitida.

Foram dias de informação e contrainformação, com mais silêncios do que explicações convincentes, e perante uma situação que estava insustentável, num país onde uma grande maioria dos portugueses conta os cêntimos, o Ministério das Finanças anunciou, por fim, a saída de Alexandra Reis.

Marcelo exige “responsabilidade absoluta” ao Governo. E lembra “erros de orgânica”, “inação” e até “descolagem da realidade”
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Pedro Nuno Santos (28/12/2022)

Não demorou muito para que o ministro dos Transportes, Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, apresentasse também a sua demissão ao primeiro-ministro. Igualmente apontado como um possível sucessor de António Costa, o ministro que tutelava a TAP “voou” do Governo, em parte, por causa da polémica indeminização a Alexandra Reis.

Consigo levou Hugo Mendes e Marina Gonçalves, secretários de Estado das Infraestruturas e da Habitação, respetivamente, sendo que esta última assumiu, entretanto, a pasta do Ministério da Habitação.

Deste conjunto de saídas, há a assinalar, ainda que por motivos de saúde, a saída de Sara Abrantes Guerreiro, que tinha a seu cargo a Secretaria de Estado da Igualdade e Migrações e Rui Martinho, secretário de Estado da Agricultura, cargo para o qual Carla Alves foi nomeada.

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  • Paulo Jorge Nogueira
    06 jan, 2024 Braga 13:58
    Com tanta falta de atlética política o povo fica desacreditado dos Políticos.

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