30 dez, 2022 - 18:13 • Sandra Afonso
Apesar do Ministro das Finanças, Fernando Medina, insistir que nada sabia, alguém nas Finanças devia ter sido informado, por vários motivos:
É, no fundo, uma questão jurídica. Foi negociada no âmbito do Estatuto do Gestor Público ou do Código das Sociedades Comerciais?
Segundo o Estatuto do Gestor Público, a indemnização corresponde ao vencimento base até ao final do mandato, com o limite de 12 meses. Neste caso, seriam pagos menos de 500 mil euros.
Além disso, Alexandra Reis ainda teria de devolver parte da indemnização, porque assumiu funções noutro organismo público em menos de 12 meses, quando assumiu a presidência da Navegação Aérea de Portugal (NAV).
Para ser aplicado o Estatuto do Gestor Público, Alexandra Reis teria de ser demitida. Mas as duas partes acordaram que seria uma cessação negociada e a TAP anunciou mesmo ao regulador da bolsa que foi a empresa que iniciou todo o processo.
À Renascença, o regulador, a Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), diz que está a avaliar a comunicação sobre este caso. Enquanto obrigacionista, a empresa não tem tantas responsabilidades como os emitentes de ações, mas não pode faltar à verdade.
A CMVM lembra que tem a responsabilidade de “aferir, no contexto dos procedimentos de supervisão instituídos e em respeito pelos seus deveres de segredo, as consequências legais aplicáveis a cada caso concreto”, mas não avança o que pode acontecer neste caso.
Segundo o Código dos Valores Mobiliários, a divulgação de informação falsa pode ser punida com pena de prisão até cinco anos ou multa.
Desde julho de 2020, data em que a TAP recebeu o primeiro cheque do Estado, saíram cinco administradores da empresa por renúncia, incluindo Alexandra Reis, numa informação avançada pelo Jornal de Notícias.
A TAP não confirma se os restantes quatro receberam indemnizações.
A Renascença sabe, no entanto, que pelo menos um deles foi indemnizado: Antonoaldo Neves. O antigo presidente executivo saiu depois de chegar a acordo com o Governo e os acionistas privados, David Neeleman e Humberto Pedrosa.
Os outros três são Raffael Alves, João Gameiro e José Silva Rodrigues. Pelo menos um saiu sem qualquer quantia, uma vez que já não tinha remuneração.