20 abr, 2022 - 20:43 • Tomás Anjinho Chagas
Em cenário de guerra na Ucrânia, Portugal vai ouvir Volodymyr Zelensky no Parlamento. É rara a presença de chefes de Estado estrangeiros na Assembleia da República. Mas é a primeira vez que isso acontece por videoconferência.
A cerimónia começa às 17h00, com o novo Presidente da Assembleia da República a receber as outras duas principais figuras do Estado, Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa.
Fonte do gabinete de Augusto Santos Silva explicou à Renascença que o discurso do Presidente da Ucrânia vai ser transmitido, em direto a partir da Ucrânia, e projetado nos vários ecrãs gigantes que foram instalados no Parlamento para o efeito. A intervenção de Zelenskiy não deve ter mais de 15 minutos e deve ser feita em ucraniano. E já que acontece em tempo real, haverá um tradutor a partir da Ucrânia que vai dobrar o presidente, em direto, para português.
O Presidente da República vai sentar-se ao lado do Presidente da Assembleia, já o primeiro-ministro senta-se na mesa onde habitualmente se senta o governo. Nestas cadeira sentam-se também Helena Carreiras, ministra da Defesa, e Ana Catarina Mendes, ministra dos Assuntos Parlamentares, e Francisco André, secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, em substituição do ministro João Gomes Cravinho, infetado com Covid-19.
Os deputados não têm direito a fazer perguntas a Zelensky. Nesta cerimónia está previsto apenas que seja o Presidente da Assembleia da República a falar.
Será Augusto Santos Silva a representar Portugal num discurso que não deve ultrapassar os 20 minutos.
Convidados estão também os membros que ocupam os 26 primeiros lugares da lista de precedências do Estado, ou seja, dezenas de ocupantes de funções que vão do presidente do Tribunal Constitucional aos conselheiros de Estado, passando também por antigos Presidentes e primeiros-ministros. Ainda assim, pela altura em que este texto foi escrito, ainda não havia uma lista com os convidados confirmados que já tivesse sido divulgada.
Há também uma lista de convidados que envolve pessoas da sociedade civil, que ainda estão a ser definidos, mas onde constam nomes ligados à igreja ortodoxa e professores de ucraniano, por exemplo.
Presidente ucraniano ovacionado pelos deputados br(...)
Num dia em que as atenções recaem sobre o Parlamento, a organização vai tentar evitar imprevistos. À Renascença, fonte da Assembleia da República revela que o arquivo do site da Assembleia foi desativado para aliviar a plataforma.
Esta fonte lembra que o arquivo tem um tamanho “tremendo”, e que o Parlamento decidiu “desativar” temporariamente esta secção do site, para que ele não “retire largura de banda”. O objetivo é que o site não vá abaixo por causa de uma afluência acima do normal.
Líder parlamentar comunista argumenta que a Assemb(...)
Quem não vai assistir ao discurso de Zelensky é o Partido Comunista Português. Ao final da tarde desta quarta-feira, o PCP deu uma conferência de imprensa onde desfez todas as dúvidas: não vai estar presente nesta cerimónia.
Os assentos parlamentares dos comunistas ficam vazios porque, segundo Paula Santos, líder da bancada do PCP, o partido não quer dar “palco” a um presidente “xenófobo”.
“O PCP não participará numa sessão da Assembleia da República concebida para dar palco à instigação da escalada da guerra, contrária à construção do caminho para a paz, com a participação de alguém como Volodymyr Zelensky, que personifica um poder xenófobo e belicista, rodeado e sustentado por forças de cariz fascista e neonazi, incluindo de caráter paramilitar, de que o chamado Batalhão Azov é exemplo”
Os comunistas defendem que o diálogo e o desarmamento são os caminhos para a paz, no entanto, não apresentam nenhuma medida em concreto para o fazer, mesmo depois de muita insistência dos jornalistas.
O discurso de Zelensky deve contar com uma Assembleia da República recheada de deputados e convidados, quer nos lugares de baixo da Sala das Sessões, quer nas galerias, onde os convidados vão poder sentar-se. Por ocupar ficam as cinco cadeiras do grupo parlamentar do PCP que se recusa a assistir à intervenção do presidente da Ucrânia.