Legislativas 2022

Pequenos partidos estão na rua, querem ir para S. Bento e até já traçam linhas vermelhas

28 jan, 2022 - 20:08 • Fábio Monteiro

Eis o último dia de campanha para as eleições legislativa e quase todos os partidos sem assento parlamentar andam nas ruas. Dois fazem apostas e falam em cenários de governação. O Volt já rejeita qualquer acordo com o Chega, o Juntos Pelo Povo acredita estar “à beira de eleger” na Madeira.

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Nas derradeiras horas antes do fim da campanha, a Renascença foi ver por onde andaram os partidos sem assento parlamentar. E quais as expectativas para as eleições legislativas de domingo, dia 30 de janeiro. Pelo menos dois estão a contar eleger.

Volt rejeita acordos com o Chega

O Volt anda pelo Porto. Numa arruada, o líder do partido, Tiago Matos Gomes, disse que a presença do Chega é "uma linha vermelha" para integrar qualquer acordo de governação e que o partido está aberto a diálogo com PS ou PSD porque se situa no "centro pragmático". Ou seja, está o Volt está a contar eleger deputados.

"O Volt situa-se no centro pragmático. Nesse sentido, o Volt falará com um futuro Governo PS ou futuro Governo PSD, se for o caso. Logo veremos depois, como é que as negociações correrão e o acolhimento das nossas ideias", afirmou.

O presidente português do primeiro partido europeu explicou que o Volt "não tem preconceitos ideológicos", mas, avisou, "rejeita os extremos".

Questionado sobre se a presença do Chega num acordo parlamentar seria impeditivo, Tiago Matos Gomes respondeu que sim.

"É uma linha vermelha. Nós não queremos fazer qualquer tipo de acordo ou coligação com a extrema-direita. Onde o Chega entrar o Volt não entra", garantiu.

Quando à primeira medida pela qual lutaria na Assembleia da República, o líder do Volt apontou a área da Habitação como prioridade.

"É um dos maiores problemas em Portugal e o direito à habitação para nós é fundamental. Temos muitos jovens que não podem ir para a universidade porque as suas famílias não conseguem pagar um alojamento", apontou.

JPP “à beira” de eleger

O presidente do Juntos Pelo Povo (JPP), Élvio Sousa, garantiu esta sexta-feira que o partido "está à beira de eleger" um deputado pelo círculo da Madeira, apelando para um voto útil num partido que não está alinhado com o sistema.

"Gostaríamos de transmitir a toda a população da Madeira que esta é a hora para eleger um voto útil. E o único voto útil nesta fase, que estamos à beira de eleger, é no JPP", declarou Élvio Sousa, no concelho de Machico.

O líder do JPP e cabeça de lista pelo círculo eleitoral da Madeira argumentou que o "partido não está alinhado com o sistema" e é independente dos "interesses instalados".

Élvio Sousa referiu que precisa de "20.000 votos de todos os madeirenses" para ser eleito, manifestando esperança de que isso possa vir a acontecer.

"Nós acreditamos sempre. Porque se nós não acreditássemos não tínhamos vencido uma freguesia, cinco freguesias, um concelho, e não tínhamos elegido um grupo parlamentar [na assembleia legislativa madeirense] de cinco deputados [em 2015]", apontou.

Recorde-se: o JPP surgiu como movimento de cidadãos na freguesia de Gaula, no concelho de Santa Cruz, ganhando depois maior expressão regional ao vencer três vezes consecutivas a câmara municipal com maioria absoluta, a última das quais em 26 de setembro de 2021.

Em 2015, passou a partido e elegeu cinco deputados à Assembleia Legislativa da Madeira, onde atualmente conta com três representantes, do total de 47 que compõem o parlamento madeirense.

Sem o Ergue-te, Portugal “fica a perder”

A agenda do Ergue-te para esta sexta-feira não é pública. Mas, na quinta-feira à noite, José Pinto Coelho, líder do partido, esteve no Largo de Camões, em Lisboa, para um breve comício. Aí, defendeu que o partido está a crescer e afirmou que é Portugal quem perde se continuar fora do Parlamento.

"Portugal perde muito e está a perder mais anos se não meter já o Ergue-te na Assembleia da República, porque o Ergue-te na Assembleia da República fará toda a diferença", disse.

Esta foi a única ação de rua do Ergue-te e juntou durante meia hora pouco mais de 15 pessoas no Largo Camões, local que José Pinto Coelho diz ser emblemático para o partido por representar "o "ex-libris" da nossa história".

Em declarações à agência Lusa, o líder do antigo Partido Nacional Renovador (PNR) escusou-se a apontar expectativas quanto aos resultados do partido no dia 30, manifestando apenas esperanças, mas considerou que o apoio do eleitorado parece ser cada vez maior.

É o que apontam sobretudo as redes sociais, onde o partido tem apostado para fazer campanha, acrescentou, considerando que "se fosse pela justiça, já lá estávamos há muitíssimo tempo".

Alternativa Democrática Nacional (ADN) em Lisboa

O partido Alternativa Democrática Nacional (ADN) - partido de negacionistas antivacinas - esteve esta tarde, tal como o PS, também no Chiado.

Os dois partidos cruzaram-se, mas a PSP fez um cordão em volta dos militantes do ADN, que gritaram “liberdade contra a ditadura”, à passagem do primeiro-ministro.

O partido liderado por Bruno Fialho, que vai a votos pela primeira vez, irá encerrar a campanha com um jantar no Restaurante Varanda Azul, na Avenida do Restelo.

MPT queixa-se dos custos das campanhas políticas

O Partido da Terra (MPT) escolheu o tema do combate a incêndios florestais para o último dia de campanha para as eleições legislativas e defendeu que Portugal recorra a um programa da União Europeia de resposta coordenada.

O final da campanha foi em Leiria e na Marinha Grande e depois de visitar as áreas ardidas nesses concelhos em 2017, o presidente do MPT lamentou o seu estado quase cinco anos depois, de acordo com um comunicado do partido.

“É desolador ver toda esta área ardida, os incêndios de 2017 devastaram Portugal e nada foi feito para a sua recuperação”, afirmou Pedro Soares Pimenta, citado no comunicado.

Na última ação de campanha, o líder do MPT deixou críticas ao executivo de António Costa quanto ao combate a incêndios e à gestão das florestas, considerando inaceitável "que o plano de reflorestação apenas tenha sido apresentado em época de eleições e que se continue a relegar para segundo plano os mecanismos de combate a incêndios”.

Por outro lado, acusou também o Governo de teimosia, questionando por que motivo Portugal nunca recorreu ao programa RescEU, criado ao abrigo do mecanismo de proteção civil da União Europeia e que prevê uma resposta coordenada para situações de catástrofe.

“Este programa, que está em pleno funcionamento desde 2019, criou uma Reserva de Recursos, aviões de combate a incêndios, helicópteros, aviões de evacuação médica, hospitais de campanha, equipamento médico, que possibilitem dar uma resposta rápida e eficiente em situações de emergência. O que é que o governo Português fez? Nada, rigorosamente nada”, apontou.

Defendendo a adesão àquele programa, que diz ser uma forma de combater eficazmente os fogos florestais, o presidente do MPT defendeu ainda que os anteriores executivos optem antes por outras alternativas.

MAS no Porto

O Movimento Alternativa Socialista (MAS), liderado por Renata Cambra, esteve esta sexta-feira no Porto para uma ação de campanha, mas também de protesto ambiental.

Numa publicação nas redes sociais, o MAS defende a revogação dos 14 contratos de concessão para prospeção e exploração mineira de lítio, aprovados a 28 de outubro, “sem qualquer tipo de compensação às empresas envolvidas nesses concursos, visto que os contratos nem deveriam ter sido assinados em primeiro lugar”.

O partido defende ainda que “o investimento atualmente previsto no PRR para a exploração mineira e a criação de uma refinaria de lítio seja redirecionado para o fomento de uma transição energética realmente verde e socialmente justa”.

RIR quer eleger

Vitorino Silva teve um último dia de campanha muito preenchido. Começou o dia em Vila do Conde, esteve no mercado temporário do Bolhão, fez uma arruada em Santa Catarina e ainda teve um encontro com o Sindicato dos Médicos do Norte.

O líder do RIR - Partido Reagir-Incluir-Reciclar - acredita que é desta que vai conseguir entrar no Parlamento. Para isso, são precisos cerca de 17 e 18 mil votos, pois Tino está a concorrer pelo círculo do Porto.

"Queremos pessoas livres no parlamento. Quando digo que é preciso deputados biológicos, é porque o povo está farto de deputados de estufa", afirmou, em declarações à Lusa, na quinta-feira.

A campanha de Tino de Rans, como é conhecido pela maioria dos portugueses, encerra esta noite num concerto da Orquestra Sinfónica do Porto na Casa da Música.

MRPP pede solução operária e comunista

O PCTP/MRPP publicou esta sexta-feira, nas redes sociais, um manifesto relativo ao que pretende fazer, se conseguir eleger algum deputado, na Assembleia da República.

As ideias vão do “não pagamento da dívida pública”, passam pela “fixação da idade da reforma aos 60 anos ou após 35 anos de trabalho remunerado” e vão até à “expropriação das casas aos especuladores”.

Não é conhecida qualquer ação de campanha nas ruas do partido.

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