17 jan, 2022 - 20:51 • André Rodrigues
Ao segundo dia de campanha, Rui Rio teve o primeiro teste de popularidade em Lisboa, seguindo a lógica de contactos com a população e com o comércio tradicional, tal como já tinha acontecido no domingo, em Barcelos, onde cerca de meio milhar de pessoas marcaram presença no arranque da volta laranja ao país.
Os olhos podem ser maus contadores de cabeças, e é difícil avançar com um número aproximado de participantes, mas não é exagero afirmar que o contacto com a população na zona de Alvalade terá tido o dobro da participação.
A primeira paragem foi num restaurante, já a despachar os últimos clientes da hora de almoço. Trocados os cumprimentos com o anfitrião, as ofertas da casa: um croquete. "Eu acabei de almoçar há pouco, cheguei tarde do Porto", desculpou-se Rui Rio.
"Mas o croquete vai sempre", insistiu o dono do restaurante, que lembrou o frito e a imperial com que, naquele mesmo restaurante, Carlos Moedas deu início à campanha que culminou com a vitória na Câmara de Lisboa. "O Moedas veio aqui comer um croquete e uma imperial e ganhou a câmara", disse. E Rio lá prometeu que vai regressar para o croquete da vitória, se ela acontecer a 30 de janeiro. Tudo isto menos de cinco minutos.
Abre-se a porta e eis que Rui Rio volta a mergulhar na onda laranja, numa arruada das antigas, com grande mobilização das estruturas locais e com a animação dos incansáveis - e ruidosos - jotas.
"PPD, assim se canta, assim se vê a força do PSD" ou "Rio vai em frente, tens aqui a tua gente", repetiam de forma sincronizada, a plenos pulmões ou com a ajuda de um megafone. O importante é que a mensagem de ouça, porta a porta, rua abaixo, anunciando a chegada do líder a vários metros de distância.
Juntinhos, de bandeiras ao alto, lá iam atrás do líder e do cabeça de lista, com muitos empurrões e pedidos de desculpas a quem passava e, também, aos jornalistas que, de microfones ao alto, procuravam apanhar mais um diálogo, mais um abraço, mais uma mensagem de incentivo.
E Rui Rio ouviu bastantes. "Lá casa tem quatro votos garantidos", garantiu-lhe um simpatizante anónimo. "E quantos são?", perguntou Rio. "Somos quatro", respondeu-lhe um homem com um sorriso satisfeito.
Mais força para o caminho que a Avenida da Igreja não é muito grande, mas ao ritmo da arruada, a coisa promete demorar.
Uns metros mais à frente, aconteceu o momento alto da tarde. Carlos Moedas juntou-se à caravana do líder lembrando que foi exatamente ali na zona do comércio tradicional de Alvalade que começou a vitória que as sondagens contrariaram até ao dia das eleições em que derrotou Fernando Medina.
"Sinto na rua o que já sentia como candidato à Câmara Municipal de Lisboa: que as pessoas querem essa mudança, e sobretudo o projeto para o país que o PSD tem. É por isso que estou aqui a apoiar Rui Rio e o PSD, temos de mudar", disse.
Questionado se acredita que acontecerá com Rio aquilo que aconteceu em Lisboa nas autárquicas, Moedas insistiu na ideia de que "as sondagens não querem dizer muita coisa, e que, hoje em dia, há uma grande diferença entre as sondagens e aquilo que depois acontece e é essa a dinâmica que eu sinto, também, nestas eleições e, portanto, quero ver se me deixarem que eu dê um abraço ao presidente do partido...". E lá foi.
Sim, os olhos são maus contadores de cabeças mas não conseguem negar a evidência de que se juntou muita gente, demasiada gente, entusiasmada, ruidosa. Mas pouco cumpridora do distanciamento social, embora sempre de máscara. É difícil contrariar esta mobilização. E a campanha não seria a mesma sem ela.
Se, no domingo, em Barcelos, terão sido cerca de 500 pessoas na primeira arruada da campanha, esta segunda-feira, em Lisboa, terão sido o dobro. "Não estava à espera que no início da campanha aparecesse tanta gente. Estava à espera no fim da campanha", admitiu Rui Rio, quando falava aos jornalistas, já na Praça de Alvalade.
"Como eu disse, várias vezes, eu não sou bem político, sou quase um profissional de eleições - tenho eleições permanentemente - já fiz muitas campanhas e sei que, no fim, aparecem mais pessoas. O facto de aparecerem agora no início, ontem em Braga e hoje em Lisboa, é significativo", declarou.
Esta terça-feira, a caravana laranja para em Setúbal (11h00) e no Fundão (16h30), para contactos com a população às 11h00, e termina às 17h30 em Castelo Branco, com mais uma sessão temática sobre Educação e Ensino Superior.