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Cabrita "não deixa imagem satisfatória" e a saída "peca por tardia", dizem Associações

03 dez, 2021 - 22:06 • João Malheiro

Ouvidas pela Renascença, a Associação Sindical dos Profissionais de Polícia da PSP e a Associação dos Profissionais da Guarda criticam o percurso de Cabrita enquanto ministro da Administração Interna. Mais do que um substituto, as Associações pedem um "novo ciclo" por parte do próximo Governo.

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Duas associações ouvidas pela Renascença fazem uma avaliação negativa do percurso de Eduardo Cabrita na pasta da Administração Interna e realçam que, mais do que um novo ministro, é importante que o próximo Governo tenha "uma postura diferente" para resolver os problemas do setor.

O ministro da Administração Interna anunciou nesta sexta-feira a demissão do cargo, em reação ao despacho que acusa o seu motorista de homicídio por negligência.

O momento em que Eduardo Cabrita apresentou a demissão
O momento em que Eduardo Cabrita apresentou a demissão

Paulo Santos, da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia da PSP (ASPP/PSP), considera que Cabrita "não deixa uma imagem muito satisfatória", devido "aos episódios em que esteve envolvido".

Era, por isso, uma saída "expectável" para a Associação.

"Saliento que o ministro apresentou a demissão por uma questão particular e não por razões políticas. Desse ponto de vista, o que Eduardo Cabrita fez à frente da Administração Interna não foi algo que nos agradasse", acrescenta o responsável da ASPP/PSP.

Já César Nogueira, Associação dos Profissionais da Guarda (APG), considera que a saída de Eduardo Cabrita "peca por tardia" e que isso "não é novidade para toda a gente", mas lamenta as circunstâncias em que ocorre.

"Como cidadão, vejo que esta demissão é apenas uma estratégia política, para não melindrar e prejudicar a ação do Governo e do Partido Socialista nas eleições legislativas", critica.

A APG aponta que o ministro demissionário "cometeu muitos erros" e foi "quase sempre protagonista de situações que não trouxeram nada de bom" para as forças policiais.

Sete momentos polémicos de Eduardo Cabrita, o MAI dos "casos"
Sete momentos polémicos de Eduardo Cabrita, o MAI dos "casos"

"Esperemos que seja o fim de um ciclo muito mau"

Paulo Santos realça que "o mais importante é a ação política do Governo para a área da segurança pública" e espera que o próximo Executivo tenha "capacidade política para resolver os problemas concretos" do setor.

"As tabelas remuneratórias que precisam de ser alteradas, do suplemento de risco abaixo das necessidades, implementações que rejuvenesçam a instituição, o respeito pelo estatuto profissional", enumera, o responsável da ASPP/PSP.

César Nogueira partilha das mesmas reivindicações e refere que a APG vai pedir reuniões para que "o novo Governo tenha um olhar diferente pelas polícias".

"Tem que ser mais apelativo concorrer a uma força policial", defende.

A APG diz que o setor "está cada vez pior" e espera que a saída de Cabrita "seja o fim de um ciclo muito mau".

"Estamos cansados de palavras. Queremos atitudes que melhorem a vida dos profissionais. Esperemos que o próximo Governo queira dar esse passo", conclui César Nogueira.

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