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“Chicão” passou a Francisco. Quem é e o que diz o novo líder do CDS

26 jan, 2020 - 06:49 • Eunice Lourenço , Paula Caeiro Varela

Conservador nos costumes, palavroso nas respostas, exuberante nos discursos, Francisco Rodrigues dos Santos chegou à liderança da Juventude Popular em 2015. “Chicão" era alcunha que já vinha do colégio e que a política adotou, mas foi a revista Forbes que o lançou para fora do universo CDS, quando o escolheu como um dos 30 jovens mais brilhantes, inovadores e influentes da Europa.

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Tem 31 anos, o que tanto foi usado em seu favor, como em desfavor no 28º congresso do CDS, que decorre este fim-de-semana em Aveiro, e o escolheu como novo presidente do partido ao dar maioria à sua moção de estratégia global. Francisco Rodrigues dos Santos será o mais jovem líder partidário, mas, como lembrou um congressista, tem a idade que tinha Adelino Amaro da Costa quando fundou o CDS.

Qualquer referência a Adelino Amaro da Costa é como que um interruptor para se ligarem as palmas em qualquer reunião do CDS, sobretudo num congresso. E, neste 28º congresso, foi também assim com as referencias a Francisco Rodrigues dos Santos, até agora conhecido como “Chicão”, mas que neste congresso passou a ser “o Francisco”. Sim, neste partido, as figuras são tratadas pelo primeiro nome. É o Adelino, o Adriano, o Paulo … Agora é o Francisco. E o Francisco terá este domingo a sua festa.

Nascido a 29 de setembro de 1988, Francisco Rodrigues dos Santos é o mais velho de três irmãos, filhos de uma advogada e de um oficial do Exército. Viveu em Coimbra, onde nasceu, até aos cinco anos, quando a família se mudou para Vila Nova da Barquinha devido à transferência do pai para Tancos.

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Estudou no Colégio Militar, onde foi um aluno premiado, e seguiu para a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde se envolveu em atividades associativas que acabariam por levar à militância política. Em 2007 filiou-se na Juventude Popular (JP) e passados cinco anos passa a militante do CDS. Em 2015 foi eleito presidente da JP. “Chicão" era alcunha que já vinha do colégio e que a política adotou. Mas foi a revista Forbes que o lançou para fora do universo CDS, quando, em janeiro de 2018, o escolheu como um dos 30 jovens mais brilhantes, inovadores e influentes da Europa, com menos de 30 anos, na categoria Direito e Política.

Dois meses depois, “Chicão” foi provavelmente o nome mais pronunciado no congresso de Lamego, que sufragou por quase 90% a estratégia definida por Assunção Cristas. Por inerência das funções de presidente da JP, fez parte da direção do partido e, como tanto insistiram os 'jotinhas' em Lamego, foi escolhido para as listas de deputados num aparentemente seguro e confortável segundo lugar pelo distrito do Porto.

O desastre eleitoral de 6 de outubro fez com que não chegasse ao Parlamento. Pelo Porto, o CDS só elegeu Cecília Meireles, a atual líder parlamentar. O facto de não ser deputado foi várias vezes usado antes e durante o congresso como argumento para não ser a melhor escolha para a liderança do partido e a forma como vai lidar com o grupo parlamentar é uma das incógnitas do CDS saído do congresso de Aveiro.

Em termos profissionais, depois de licenciado trabalhou na sociedade de advogados, ABBC e Associados e daí transitou para outra sociedade, a Valadas e Coriel, onde é apresentado como “consultor devido às suas atividades políticas”.

O mestrado em Direito Administrativo, vertente da Energia, na Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa, estará pendente das atividades políticas.

Também foram as atividades políticas, com a candidatura a líder do CDS, que levaram-no a deixar de ser membro do Conselho Diretivo do Sporting Clube de Portugal.

Conservador nos costumes, palavroso nas respostas, exuberante nos discursos, promete, na abertura da sua moção, devolver “coerência, previsibilidade e segurança” ao CDS. Diz-se católico, mas já avisou que não está “capturado pela doutrina social da Igreja, nem pela democracia cristã”.

“Sou cristão, mas não sou padre. Escolho aquilo que faz sentido”, disse numa conversa com Daniel Oliveira, antigo dirigente do Bloco de Esquerda, para o podcast “Perguntar não ofende”, onde também disse que não tem preconceitos contra a orientação sexual de cada um e acredita “no amor entre duas pessoas do mesmo sexo”.

Nessa conversa, em janeiro de 2019, também disse que não defende a recriminalização do aborto, não pretende fazer reversões. Três anos antes, em entrevista ao diário “i” defendia o regresso à criminalização. Questionado, no programa Hora da Verdade, sobre as suas mudanças de opinião, respondeu que “a maior parte desses temas perderam a atualidade”.

No congresso deste fim-de-semana, mostrou a sua força logo no primeiro discurso, levantando o pavilhão em aplausos. Considera-se uma vitima dos jornalistas que o olham com preconceito e tentou passar essa vitimização para o próprio CDS, que promete tornar “um partido que dispensa a mediação da impresa para fazer passar as suas ideias".

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